Um novo estudo publicado na revista científica Restoration Ecology aponta que mais de 668 mil km² da Amazónia degradada apresentam elevado potencial para se regenerar naturalmente. A pesquisa, liderada por especialistas do WRI Brasil, reforça a importância da regeneração natural como estratégia essencial para que o país cumpra as metas do Acordo de Paris, que prevê a restauração de 12 milhões de hectares até 2030.
“A regeneração natural é crucial para que o Brasil avance no cumprimento de seus compromissos climáticos”, destaca Mariana Oliveira, diretora de Florestas e Uso da Terra do WRI Brasil e coautora do estudo.
A investigação utilizou um modelo de aprendizagem de máquina capaz de estimar o potencial de regeneração da floresta com base em variáveis ambientais estáveis, como solo e clima, e dinâmicas, como histórico de uso da terra e proximidade de áreas preservadas.
Segundo a analista de ciência de dados Viviane Sobral, também coautora, foram simulados três cenários futuros considerando diferentes níveis de degradação de pastagens. Os resultados mostraram que em 2021 cerca de 668.435 km² da Amazónia tinham condições de se recuperar de forma natural.
Pastagens degradadas: o foco estratégico
O estudo revela que investir na recuperação de pastagens severamente degradadas é a estratégia mais eficaz. Ao regenerar estas áreas críticas, aumenta-se o potencial de recuperação natural de regiões vizinhas, reduzindo assim os custos de restauração em larga escala.
Os investigadores destacam que os estados do Pará, Mato Grosso e Maranhão devem ser prioritários na implementação de políticas públicas, devido à elevada presença de áreas degradadas com potencial de regeneração.
Implicações para políticas ambientais
Para o analista de dados Carlos Leandro Cordeiro, também autor da pesquisa, os resultados fornecem evidências técnicas fundamentais para orientar decisões governamentais:
“Os dados permitem identificar onde os investimentos em restauração passiva podem gerar maiores benefícios ecológicos e socioeconómicos, integrando conservação, agricultura sustentável e desenvolvimento territorial.”
Brasil no centro das atenções globais
Com a COP30 prevista para acontecer em 2025, os resultados chegam num momento crucial. O estudo reforça o papel estratégico da Amazónia não só para o Brasil, mas para o equilíbrio climático global, ampliando a relevância do país nas negociações internacionais sobre clima e biodiversidade.
A pesquisa completa está disponível no site da Restoration Ecology.
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