Para políticos e autoridades, decisão teve motivação política
O ex-diretor executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI), Paulo Nogueira Batista Jr., afirmou que o Prêmio Nobel da Paz perdeu credibilidade ao ser concedido à líder da oposição venezuelana María Corina Machado. Em publicação na rede X (antigo Twitter), ele declarou que o comitê escolheu “uma política controlada por Washington”, ignorando pessoas que atuam “contra o genocídio em Gaza”.
Outros líderes e autoridades também manifestaram críticas à premiação. A presidenta do México, Claudia Sheinbaum, limitou-se a escrever “sem comentários” nas redes sociais. Já o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, e o ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, expressaram publicamente repúdio à escolha da venezuelana.
A educadora em direitos humanos Marisol Guedez, do Observatório para Dignidade no Trabalho, também questionou a decisão. Segundo ela, María Corina “nunca demonstrou preocupação real com a paz na Venezuela”, recordando episódios em que a líder convocou “eventos violentos fora dos marcos legais”, sem buscar “uma via democrática com justiça social”.
Entre lideranças da base governista no Brasil, houve comparações entre María Corina Machado e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), destacando que ambos apoiaram sanções econômicas contra a Venezuela impostas pelo governo de Donald Trump em 2017.
Por outro lado, políticos de direita, como o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), celebraram a escolha, elogiando a postura da oposicionista venezuelana.
O assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, afirmou em entrevista à CNN Brasil que o prêmio “priorizou a política em detrimento da paz”.
“Não sei quais são os critérios do Nobel. Não questiono as qualidades pessoais de María Corina, mas, ao que parece, o Comitê optou por valorizar uma decisão política. Pessoalmente, achei interessante”, declarou.
Prêmio Nobel da Paz 2025
O Comitê Norueguês do Nobel anunciou, nesta sexta-feira (10), a concessão do prêmio a María Corina Machado, reconhecendo o seu “trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos do povo venezuelano e na busca por uma transição pacífica da ditadura para a democracia”.
De acordo com o presidente do Comitê, Jørgen Watne Frydnes,
“Como líder do movimento pela democracia na Venezuela, María Corina Machado representa um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos.”
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