Uma nova esperança surge para crianças com hemofilia no Brasil. A partir do próximo mês, o Sistema Único de Saúde (SUS) pretende ampliar o acesso ao medicamento Emicizumabe para pacientes com até seis anos de idade. A iniciativa, anunciada durante um evento no Hemocentro de Brasília, promete transformar a vida de crianças e suas famílias, oferecendo uma alternativa menos invasiva ao tratamento tradicional.
Atualmente, o tratamento padrão para hemofilia envolve infusões intravenosas frequentes do fator VIII, um processo doloroso e muitas vezes traumático. Joana Brauer, mãe de duas crianças com hemofilia grave, compartilha a angústia de ver seus filhos submetidos a múltiplas punções semanais. “Meu filho é furado quatro vezes por semana”, relata.
O Emicizumabe surge como uma alternativa promissora. Ao contrário das infusões intravenosas, o medicamento é administrado por via subcutânea, uma injeção menos invasiva e mais confortável. Além disso, o tratamento com Emicizumabe é semanal, reduzindo significativamente a frequência das aplicações. Segundo o Ministério da Saúde, essa mudança não apenas alivia o sofrimento das crianças, mas também diminui a ocorrência de sangramentos.
“Ampliar o medicamento para crianças vai trazer uma transformação imensurável”, afirma Joana Brauer, que também atua como ativista pelos direitos das pessoas com hemofilia. Ela destaca que a facilidade de administração do Emicizumabe permitirá que mais crianças e suas famílias adiram ao tratamento de forma consistente.
O impacto para as famílias é significativo. Joana ressalta que a maioria dos cuidadores de crianças com hemofilia são as mães, muitas vezes obrigadas a abandonar seus empregos para acompanhar os filhos ao Hemocentro. A nova terapia, menos exigente em termos de tempo e deslocamento, poderá aliviar o fardo dessas mães, permitindo que retomem suas vidas profissionais e pessoais.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou que encaminhará o pedido de ampliação do uso do Emicizumabe para a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do Sistema Único de Saúde (Conitec). O medicamento já está disponível no SUS para pacientes com mais de seis anos que desenvolvem anticorpos inibidores do fator VIII.
Padilha enfatizou o alto custo do tratamento com Emicizumabe no setor privado, estimado entre R$ 300 mil e R$ 350 mil por ano. Ao oferecer o medicamento gratuitamente pelo SUS, o Brasil se destaca como o maior país do mundo a garantir acesso universal a essa terapia inovadora, proporcionando dignidade e conforto para crianças e suas famílias.
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