O Brasil enfrenta um alto preço devido à inércia diante das mudanças climáticas e da crise ambiental, resultando em centenas de milhares de vidas impactadas nos últimos anos. Um novo relatório detalha dados preocupantes sobre a crescente exposição da população ao calor extremo, o aumento de áreas de transmissão de doenças infecciosas, mortes relacionadas à poluição do ar e outros indicadores alarmantes.
O estudo revela que as mortes causadas por altas temperaturas quadruplicaram entre 2012 e 2021. Em média, brasileiros experimentam 15 dias por ano de ondas de calor, sendo 94% dessas elevações anormais de temperatura diretamente atribuídas às mudanças climáticas. A situação impacta a economia, com a estimativa de que mais de 6 bilhões de horas de trabalho foram perdidas em um ano devido ao calor intenso, afetando principalmente setores como agricultura e construção civil.
A relação entre clima e saúde recebe pouca atenção na mídia, representando menos de 10% das notícias sobre a crise climática. Com a proximidade da COP30, que ocorrerá em Belém, espera-se que o tema ganhe maior destaque, oferecendo uma oportunidade crucial para abordar essa questão urgente.
Em 2024, brasileiros ficaram expostos, em média, a 352 horas a mais por ano ao risco de estresse térmico durante a prática de exercícios físicos, em comparação com o período de 1990 a 1999. Entre 2012 e 2021, aproximadamente 3,6 mil pessoas faleceram anualmente por causas relacionadas ao calor, um número 4,4 vezes maior do que em 1990.
A adequação climática para a transmissão da dengue aumentou 30% em comparação entre os anos 1950 e os anos 2010-2020, contribuindo para epidemias mais graves e a expansão da doença para regiões antes consideradas frias demais para a proliferação do mosquito.
A área sujeita a pelo menos um mês de seca extrema aumentou drasticamente, passando de 5,6% entre 1951 e 1960 para 72% entre 2020 e 2024, impactando a distribuição de água potável, elevando o risco de transmissão de doenças e facilitando incêndios florestais, que dispersam poluentes no ar, além de dificultar o acesso à saúde e alimentação.
Em 2022, cerca de 63 mil mortes foram diretamente atribuídas à poluição do ar, principalmente devido ao uso de combustíveis fósseis. A alta concentração de material particulado proveniente de queimadas causou mais de 30 mil mortes entre 2020 e 2024. As perdas econômicas causadas pela mortalidade precoce devido à poluição equivalem a 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB).
O setor agropecuário é um dos principais emissores de gases que aquecem o planeta, com as emissões oriundas do consumo de carne e laticínios subindo 7,3% entre 2000 e 2022. Em 2022, 140 mil mortes foram associadas ao consumo insuficiente de vegetais, e outras 70 mil atribuídas ao excesso de carne vermelha e carne processada.
Apesar de uma queda na destruição das florestas no Brasil entre 2022 e 2023, após dois anos de alta, a perda de árvores ainda é significativa. Em 2023, 2,6 milhões de hectares de árvores desapareceram, uma área superior a 17 vezes o tamanho da cidade de São Paulo.
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