A popularidade dos medicamentos injetáveis, como Ozempic, Wegovy e Mounjaro, utilizados para tratar obesidade e diabetes tipo 2, cresceu significativamente devido à sua capacidade de promover o emagrecimento. No entanto, um estudo recente apresentado na Obesity Week, nos Estados Unidos, lança luz sobre o que acontece quando o uso dessas medicações é interrompido, e os resultados não são animadores.
A análise revela que mais da metade dos usuários recupera parte ou a totalidade do peso perdido em até um ano após a suspensão do tratamento. A pesquisa, liderada por um endocrinologista em Nova Iorque, analisou dados de 17.935 pacientes que utilizaram agonistas do receptor GLP-1, para tratar obesidade ou diabetes tipo 2, sempre sob prescrição médica.
Esses medicamentos, conhecidos popularmente como “canetas emagrecedoras”, imitam a ação do hormônio intestinal GLP-1, aumentando a saciedade e estimulando o pâncreas a liberar mais insulina quando os níveis de glicose estão elevados. Os pesquisadores analisaram um extenso banco de dados composto por prontuários eletrônicos e informações de planos de saúde, acompanhando o histórico dos pacientes entre 2010 e 2024. O foco da avaliação foi o peso dos participantes antes, durante e após um ano da interrupção do uso dos medicamentos.
Os resultados indicaram que, após um ano sem a medicação, 58,4% dos usuários recuperaram o peso perdido. Apenas 34,4% mantiveram o peso original ou continuaram a emagrecer. Outro dado relevante é que quanto maior a perda de peso inicial, maior a tendência ao reganho. Especialistas ressaltam que essas medicações não são soluções permanentes. O tratamento deve ser encarado a longo prazo, com monitoramento e acompanhamento multiprofissional.
A explicação para o reganho de peso reside na forma como o corpo reage à perda significativa de peso. O organismo interpreta essa situação como uma possível ameaça à sobrevivência, aumentando o consumo energético para repor o que foi perdido e reduzindo o gasto calórico. Com a suspensão da medicação, os efeitos adaptativos se sobressaem, facilitando o retorno ao peso anterior.
O acompanhamento e as estratégias de perda de peso devem ser planejados a longo prazo. O uso da medicação pode ser prolongado para alguns, mas a estratégia é individualizada. Nem todos se beneficiam desses medicamentos, sendo a prática de atividade física, mudanças nos hábitos alimentares e o acompanhamento médico cruciais para manter o peso e a saúde.
A variação de peso após a suspensão dos medicamentos pode ter consequências significativas. Sem acompanhamento adequado, há risco de perder massa muscular e recuperar gordura em proporção maior, especialmente sem ajuste alimentar e atividade física regular. O uso isolado de remédios, sem orientação médica e apoio multidisciplinar, pode aumentar a chance de piora metabólica.
Fonte: saude.abril.com.br


