O Oceano Atlântico, vasto e implacável, sempre exerceu um fascínio irresistível sobre a humanidade. Ao longo da história, inúmeros aventureiros desafiaram suas ondas e correntes, buscando não apenas superar distâncias, mas também testar os limites da resistência física e mental. De travessias solitárias a expedições em grupo, de barcos a remo a inusitados barris, as histórias de quem se atreveu a cruzar o Atlântico são repletas de coragem, determinação e, por vezes, um toque de loucura.
Neste artigo, vamos mergulhar em 15 das travessias mais ousadas do Atlântico, explorando os desafios enfrentados por esses pioneiros e celebrando suas conquistas notáveis. Prepare-se para se inspirar com relatos de superação, resiliência e a incrível capacidade humana de realizar o aparentemente impossível. Descubra quem foram esses heróis do mar e o que os motivou a embarcar em jornadas tão épicas.
As Primeiras Travessias: Desbravando o Desconhecido
Antes da tecnologia moderna e das embarcações sofisticadas, cruzar o Atlântico era uma proeza ainda mais desafiadora. As primeiras travessias foram realizadas por exploradores e navegadores que se aventuraram em mares desconhecidos, confiando em sua intuição, conhecimento das estrelas e embarcações precárias.
A Travessia de Leif Erikson
Considerado por muitos o primeiro europeu a chegar à América do Norte, Leif Erikson, um explorador viking, liderou uma expedição por volta do ano 1000 d.C. Ele navegou da Groenlândia até o que hoje conhecemos como Canadá, estabelecendo um assentamento temporário em Vinland. Embora não tenha cruzado o Atlântico em sua totalidade, sua jornada demonstra a audácia dos vikings em explorar mares desconhecidos.
A Viagem de Cristóvão Colombo
Em 1492, Cristóvão Colombo liderou uma expedição que mudaria o curso da história. Navegando sob a bandeira da Espanha, Colombo cruzou o Atlântico em busca de uma nova rota para as Índias. Embora não tenha chegado às Índias, sua chegada ao Caribe marcou o início da colonização europeia das Américas.
Travessias a Remo: Força e Resistência em Alto Mar
Remar através do Atlântico é um dos maiores desafios físicos e mentais que um ser humano pode enfrentar. Exige força, resistência, determinação e uma capacidade incrível de lidar com a solidão e as condições climáticas adversas.
A Travessia de George Harbo e Frank Samuelsen
Em 1896, dois pescadores noruegueses-americanos, George Harbo e Frank Samuelsen, se tornaram os primeiros a cruzar o Atlântico a remo. Eles partiram de Nova York em um barco de 18 pés chamado “Fox” e chegaram às Ilhas Sorlingas, na Inglaterra, 55 dias depois. Sua jornada foi uma demonstração de pura força de vontade e resistência.
A Travessia de Peter Bird
Peter Bird foi um remador britânico que tentou cruzar o Atlântico três vezes. Em sua primeira tentativa, em 1968, ele foi resgatado após 83 dias no mar. Em 1983, ele finalmente conseguiu completar a travessia, remando de Newfoundland, no Canadá, até Falmouth, na Inglaterra, em 294 dias. Sua perseverança e determinação o tornaram uma lenda entre os remadores oceânicos.
A Travessia de Roz Savage
Roz Savage é uma remadora britânica que se tornou a primeira mulher a remar sozinha através de três oceanos: Atlântico, Pacífico e Índico. Em 2005, ela completou sua travessia do Atlântico, remando da Espanha até Antígua em 103 dias. Sua jornada foi uma campanha de conscientização sobre questões ambientais e sustentabilidade.
Travessias a Nado: Desafiando os Limites Humanos
Nadar através do Atlântico é uma das proezas mais extremas que se pode imaginar. Exige uma preparação física e mental excepcional, além de um profundo conhecimento do oceano e suas correntes.
A Tentativa de Honor Frost
Na década de 1960, a arqueóloga marinha Honor Frost planejou nadar de Marrocos até a Flórida. Apesar de não ter conseguido completar a travessia, sua ambição e espírito pioneiro inspiraram outros nadadores a desafiar os limites do possível.
A Travessia de Benoît Lecomte
Em 1998, Benoît Lecomte se tornou o primeiro nadador a cruzar o Oceano Atlântico sem nadar em equipe. Ele nadou de Massachusetts, nos Estados Unidos, até a França, em 73 dias, cobrindo uma distância de aproximadamente 5.600 quilômetros. Sua jornada foi uma campanha de conscientização sobre o câncer.
Travessias Inusitadas: A Criatividade em Alto Mar
Alguns aventureiros optaram por abordagens menos convencionais para cruzar o Atlântico, utilizando embarcações inusitadas e demonstrando uma incrível criatividade e engenhosidade.
A Travessia de William Andrews e seu Barco a Vela-Bicicleta
Em 1892, William Andrews, um marinheiro americano, tentou cruzar o Atlântico em um barco a vela-bicicleta chamado “The Dark Secret”. Ele pedalava para impulsionar o barco, além de usar as velas. Embora não tenha completado a travessia, sua invenção peculiar chamou a atenção do público e inspirou outros inventores.
A Travessia de Alain Bombard em um Bote Salva-Vidas
Em 1952, o médico francês Alain Bombard cruzou o Atlântico em um bote salva-vidas de borracha, sem comida ou água potável. Ele sobreviveu alimentando-se de plâncton e peixes crus, e bebendo água da chuva. Sua jornada foi um experimento para demonstrar que era possível sobreviver em situações de naufrágio.
A Travessia de Jean-Jacques Savin em um Barril
Em 2019, o francês Jean-Jacques Savin cruzou o Atlântico em um barril especialmente construído. Ele passou 127 dias à deriva no oceano, impulsionado pelas correntes marítimas. Sua jornada foi uma aventura única e um experimento para estudar os efeitos da solidão e do isolamento no corpo humano.
Travessias de Aventura e Recordes: Superando Limites
Algumas travessias do Atlântico foram motivadas pela busca por recordes e pela superação dos limites da velocidade e da distância.
A Travessia do Cutty Sark
No século XIX, os clippers, veleiros rápidos e elegantes, competiam para transportar chá da China para a Inglaterra. O Cutty Sark, um dos clippers mais famosos, estabeleceu recordes de velocidade em suas travessias do Atlântico, demonstrando a habilidade dos marinheiros e a eficiência das embarcações da época.
A Travessia do Gipsy Moth IV
Em 1966, Sir Francis Chichester navegou sozinho ao redor do mundo a bordo do Gipsy Moth IV, um veleiro de 40 pés. Sua jornada incluiu uma travessia do Atlântico, durante a qual ele enfrentou tempestades e condições climáticas adversas. Sua conquista inspirou uma geração de velejadores e aventureiros.
A Travessia do Virgin Atlantic Challenger II
Em 1986, Richard Branson, o fundador do Grupo Virgin, estabeleceu um novo recorde de velocidade para a travessia do Atlântico em um barco a motor. O Virgin Atlantic Challenger II cruzou o oceano em 3 dias, 8 horas e 31 minutos, demonstrando o poder da tecnologia e a determinação de superar os limites.
A Travessia do Maserati
Em 2012, Giovanni Soldini e sua equipe estabeleceram um novo recorde para a travessia do Atlântico em um veleiro monocasco. O Maserati, um veleiro de 70 pés, cruzou o oceano em 11 dias, 13 horas e 22 minutos, demonstrando a excelência da engenharia naval e a habilidade dos velejadores.
As travessias do Atlântico, sejam elas a nado, a remo ou em embarcações inusitadas, são testemunhos da coragem, da resiliência e da capacidade humana de superar desafios aparentemente impossíveis. Cada uma dessas jornadas é uma história de superação, de determinação e de um profundo respeito pelo oceano. Que essas histórias continuem a nos inspirar a buscar nossos próprios limites e a explorar o mundo ao nosso redor.
Fonte: https://www.uol.com.br


