A delegada Patrícia Leão, titular da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher (DECCM), destaca que a criação da Lei Maria da Penha foi um marco para mudar a forma como a violência contra a mulher era tratada no país. “Antes da lei, os crimes cometidos contra mulheres eram considerados de menor potencial ofensivo. Muitas vezes, o agressor era punido apenas com uma cesta básica ou serviços comunitários. Com a lei, conseguimos mudar essa realidade e instituir mecanismos mais eficazes de combate à violência doméstica”, afirma.
Segundo Patrícia, os principais tipos de violência previstos na legislação são a física, psicológica, moral, patrimonial e sexual — sendo as mais comuns a violência psicológica, física e moral. “Um dos maiores desafios ainda é a própria vítima reconhecer que está em um ciclo de violência e buscar ajuda. Muitas têm medo, dependem financeiramente do agressor ou temem o julgamento da sociedade. Por isso, campanhas como o Agosto Lilás são tão importantes”, explicou a delegada. Ela também enfatiza a importância das medidas protetivas: “Assim que a mulher identifica a situação de violência, ela deve procurar a delegacia, registrar o boletim de ocorrência e solicitar medidas para garantir sua segurança.”
A presidente do Sindicato dos Servidores do Ministério Público do Amazonas (SINDSEMP-AM), Wladia Maia, também reforça a necessidade de fortalecer a conscientização. “A campanha Agosto Lilás é essencial para desmistificar o tema e incentivar as mulheres a buscarem seus direitos e segurança. Muitas vezes, o medo e a falta de informação impedem que elas denunciem. É papel da sociedade apoiar, informar e proteger essas mulheres”, declarou.
A delegada Patrícia Leão finaliza com um apelo à população: “A sociedade pode e deve ajudar. Se você souber de algum caso de violência doméstica — com vizinhas, parentes, amigas —, denuncie. Existe o Disque 180, que é anônimo, e as delegacias da mulher estão prontas para atender. A denúncia é uma ferramenta fundamental para salvar vidas e romper o ciclo da violência.”