A prova é realizada neste sábado (19), no horário local. As regiões de aplicação são: Manaus, Tabatinga, São Gabriel da Cachoeira, Canarãna (MT), Pesqueira (PE), Município de Porto Real do Colégio (AL) e Brasília (DF).
A Universidade de Brasília (UnB) aplica, neste sábado (20), o Vestibular Indígena 2022 para 404 candidatos. A prova tem duração de 5 horas e começa às 13h, considerando sempre o horário local. As regiões de aplicação são: Manaus (AM), Tabatinga (AM), São Gabriel da Cachoeira (AM), Canarãna (MT), Pesqueira (PE), Município de Porto Real do Colégio (AL) e Brasília (DF).
Os indígenas irão disputar 81 vagas ofertadas pela UnB para ingressarem nos cursos de graduação ainda no segundo semestre deste ano. 172 candidatos são de Tabatinga – quase metade do total de inscritos na seleção. Outros 40 são de São Gabriel da Cachoeira, 36 de Pesqueira, 32 de Manaus e 21 de Canarãna. Ainda há 40 inscritos em Município de Porto Real do Colégio e 63 em Brasília.
O processo seletivo para a população indígena é adaptado. Tem uma prova com questões de múltipla escolha, redação em língua portuguesa, entrevista pessoal e avaliação de documentos.
Os candidatos vão responder 100 perguntas de português, matemática, biologia, física, química, geografia e história. A fase de entrevista pessoal acontecerá de 21 a 24 de agosto (veja o cronograma completo abaixo).
“O vestibular específico indígena, que é um acordo com a Funai, é aplicado nas comunidades ou em cidades mais próximas a uma quantidade grande de comunidades. Então a universidade se desloca pra fazer a prova lá”, explicou Claudia Renault, coordenadora do Centro Multicultural da UnB.
O curso de medicina aparece em primeiro lugar no ranking dos cursos com mais concorrentes indígenas: são 114 candidatos. Na sequência, vem ciências sociais com 36 inscritos, enfermagem com 35, psicologia com 27 e educação física com 23.
Os candidatos inscritos devem seguir protocolos de segurança definidos pelas autoridades sanitárias por conta da pandemia do coronavírus.
Presença indígena
A presença de alunos indígenas na UnB teve início em 2004. Dois anos depois, a instituição criou um vestibular próprio para a população. Atualmente, são mais de 180 graduandos indígenas de várias etnias circulando pelos corredores da universidade, que está entre as cinco melhores do país.
Claudia Renault, coordenadora do Centro Multicultural da UnB, explica que os calouros indígenas recebem assistência provisória da instituição para se manterem na capital federal. Os estudantes ainda contam com ajuda financeira fornecida pelo Ministério da Educação para deslocamento e suporte da Funai em casos mais específicos.
“A universidade disponibiliza uma bolsa, que nós chamamos de auxílio instalação, de 3 meses, para ajudar nesse processo inicial de pagamento de aluguel caso ele queira alugar uma casa ou um apartamento junto com outros colegas. A universidade também disponibiliza o restaurante universitário pra todos os estudantes indígenas que são aprovados nesse vestibular ele tem isenção total nas alimentações de café da manhã, almoço e jantar até a realização do estudo socioeconômico”, explicou.

Estudante Manuele Tuyuka — Foto: Ricardo Alexandre/Rede Amazônica
Manuele Tuyuka já pode ser considerada veterana na UnB. A indígena de 25 anos está no quinto semestre de Direito e conta que é preciso ser forte pra encarar a graduação e a saudade da família que deixou em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas.
“Se sobrevive mais um semestre. Muitas vezes, quando passo dificuldades, eu olho para trás e vejo tudo o que eu passei, tudo o que minha família fez por mim. Isso me dá força para continuar. É uma caminhada acadêmica solitária, porque só tem eu de indígena em todas as disciplinas que faço”, disse a estudante.

Professora Altaci Rubim — Foto: Ricardo Alexandre/Rede Amazônica
A UnB também conta com dois professores indígenas. A Altaci Rubim é docente do Instituto de Letras. A integrante do povo Kokama, do Alto Solimões, no Amazonas, diz que a ocupação de indígenas nos espaços acadêmicos é sinônimo de luta.
“As universidades abraçaram essa causa e estão dando o tratamento diferenciado para a entrada desses indígenas e que mais povos indígenas possam estar ocupando esses espaços para que, aqui na universidade nós possamos fazer um diálogo realmente pluriétnico, que a universidade alcance o seu objetivo de fazer com que a diversidade linguística e cultural do povo brasileiro, e aqui nós falamos especificamente dos indígenas esteja ocupando esses espaços”, opinou.
Cronograma Vestibular Indígena 2022
- 20 de agosto: aplicação das provas presenciais, às 13h (horário local);
- 21 a 24 de agosto: realização das entrevistas pessoais;
- 23 de agosto: divulgação do padrão preliminar de resposta da prova de redação;
- 23 a 25 de agosto: divulgação da consulta individual ao gabarito oficial preliminar da prova objetiva;
- 9 de setembro: divulgação do resultado provisório na entrevista pessoal;
- 14 de setembro: divulgação do resultado final na entrevista pessoal e de resultado provisório na prova de redação;
- 29 de setembro: divulgação do resultado final do vestibular e convocação para o registro on-line em primeira chamada.
Foto: Ricardo Alexandre/Rede Amazônica
Por g1 AM