Candidato da Chapa 19 visitou a casa do estudante e instalações da UEA do município, bem como ouviu as demandas e apresentou propostas de gestão para a comunidade acadêmica
O candidato à Reitoria da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) pela Chapa 19, prof. dr. André Zogahib, visitou o Centro de Estudos Superiores de Tabatinga (CESTB/UEA) nesta quinta (17) e sexta-feira (18), localizado na região central do município Tabatinga, distante 1107 quilômetros de Manaus em linha reta.
A atual instalação do Centro de Estudos de Tabatinga foi fundada em 2005, mas a universidade funciona na cidade desde 2001. Apesar de ter 21 anos de história, contando com cinco cursos de licenciatura (Pedagogia, Geografia, Ciências Biológicas, Letras, Matemática), dois cursos modulares (licenciatura Intercultural Indígena e História), 53 professores, 12 técnicos e de, aproximadamente, 1.200 alunos, a unidade de Tabatinga ainda sofre com a precariedade de infraestrutura e carece de serviços essenciais por causa do baixo orçamento.
Por ser um polo no alto Solimões, a unidade recebe alunos de Atalaia do Norte, São Paulo de Olivença, Amaturá, Jutaí e Santo Antônio do Içá. Ao chegar ao município, o candidato visitou a casa do estudante, onde reuniu com os moradores para ouvir as demandas e anseios dos alunos, bem como apresentar as propostas para sua gestão.
De acordo com Rafaela Ramires Simão, natural de Amaturá, discente do curso de Biologia e representante da casa do estudante, o local sofre com o descaso. “Estamos com sérios problemas de infraestrutura, alimentação e segurança. Temos vários problemas nas instalações do prédio, desde as fechaduras das portas dos quartos, infiltração, até a falta de local adequado para estudar, tanto na casa do estudante quanto na UEA. Além disso, os funcionários estão revoltados, pois não estão sendo pagos. O pagamento das nossas bolsas também atrasa bastante. Em fevereiro, não recebemos. Apesar de ser somente R$ 220,00, para quem depende dessa renda faz muita diferença”, desabafou a estudante que mora no local há cinco anos.
Construção coletiva
Na sexta-feira, 18, André Zogahib também reuniu com técnicos, alunos e professores no auditório da unidade, onde apresentou as propostas do plano de gestão. O corpo de técnicos interpelou o candidato em relação à estrutura técnica, reconhecimento profissional e oportunidades para qualificação. “É sabido que o acesso à internet aqui é muito difícil. Qual a possibilidade de fazer uma mudança de cabeamento dessa internet e contratar pessoal para o quadro de auxiliar técnico administrativo, já que não temos concurso?”, indagou Jairo da Silva Lima, servidor do CTIC.
“Planejamos reestruturar todo o CTIC, desde o cabeamento, mas também atualizar o sistema, os softwares e os meios para que os técnicos possam trabalhar de forma digna, com equipamentos que funcionem plenamente. Além disso, com organização e gestão, conseguiremos fazer o ajuste salarial dos servidores e a realização de concurso. Assim, a universidade poderá contar com a dedicação exclusiva desses profissionais capacitados. Muitos têm abandonado a UEA por causa das condições de trabalho e remuneração abaixo do piso de mercado”, ressaltou André Zogahib.
O candidato abordou o acesso à internet de forma racional. “Podemos implementar uma internet de um giga no campus de Tabatinga para que alunos, professores e técnicos possam realizar suas pesquisas e desenvolver os devidos trabalhos. Essa proposta é possível, uma vez que a fibra óptica passa na frente do município, basta trazer para a universidade. Trata-se de um projeto que está sendo coordenado com o pessoal da EST e se der certo, Tefé receberá o projeto piloto. Enquanto esse projeto é viabilizado, vamos auditar o contrato que está em andamento e cobrar que sejam prestados os devidos serviços”, complementou André Zogahib.
Gestão e respeito
Elvis Rodrigues, estudante do 6° período de Matemática, questionou sobre a recorrente falta de professores. “Aqui em Tabatinga, alunos ficaram desperiodizados devido a falta de professores. Nos sentimos prejudicados e queremos que a universidade tome as devidas providências porque não é justo com os alunos”, indagou o discente.
“Esse cenário nos deixa inconformados, pois realmente é uma falta de respeito com o aluno. Precisa ser realizado concurso, mas enquanto se cumpre os trâmites para realizar o certame, essa situação pode ser mitigada com a realização de um processo seletivo simplificado. Além disso, precisamos dar condições para que esse aluno permaneça na universidade. Vamos construir um novo espaço para atender as demandas, com área para lazer, bibliotecas com cabines individuais para estudo, dentre outros ambientes propícios para a proliferação do conhecimento”, reforçou André Zogahib.
Durante reunião com os professores, diversas demandas também foram levantadas, principalmente em relação à infraestrutura, condições sanitárias básicas, implementação de programas de pós-graduação nas unidades do interior, critérios para seleção de pessoas para gerenciar as unidades, pagamento dos atrasados, acesso à internet no campus, integração dos professores do interior em programas de pós-graduação da universidade e uma série de outras preocupações.
O professor Rony Andrade, do curso de Geografia, ressaltou a mobilidade acadêmica entre universidades. “É importante lembrar que já existem os acordos de mobilidade de discentes e docentes entre universidades, o que acontece é que até o momento ainda não foi colocado em prática de forma efetiva”, questionou.
O prof. dr. André Zogahib reiterou a importância de firmar acordos de bilateralidade. “Precisamos olhar para as potencialidades em nossa região. A mobilidade será intercambiada e empregada de maneira sinérgica. A universidade precisa ser expandida e ser vista por outras universidades e vice versa. Além disso, também queremos criar aqui a Fundação Universidade Aberta do Indígena, para ter políticas públicas direcionadas diretamente para o acolhimento da sociedade indígena e sociedades tradicionais da região”, declarou o candidato.
Durante enceramento do encontro, os professores entregaram ao candidato uma Carta Aberta e uma Carta Manifesto, com a intenção de reforçar as demandas do local e a insatisfação com a realidade em que a comunidade acadêmica tem vivido nos últimos anos.