De acordo com a Organização Mundial da Saúde, aproximadamente 30% da população do planeta (o que resulta em cerca de 2,2 bilhões de pessoas) sofre de algum tipo de anemia. E, ao contrário do que é popularmente conhecido, esta é uma condição que não está só relacionada à alimentação. A anemia é caracterizada pela carência de hemoglobina no sangue, o que pode ser consequência de inúmeros fatores. Assim como há diversas causas, cada tipo da doença também apresenta sintomas variados e tratamentos específicos.
O que é a anemia?
Como dito acima, a anemia é a falta de hemoglobina no sangue. A hemoglobina, por sua vez, é uma proteína que compõe os glóbulos vermelhos, conhecidos também como hemácias. É ela a responsável pelo transporte de oxigênio no sangue, que chega até os órgãos e tecidos do corpo todo. Em uma pessoa com anemia, alguma disfunção do organismo ou fator externo fazem com que a produção de hemoglobina fique abaixo do considerado normal.
É uma doença comum tanto em países desenvolvidos quanto naqueles em desenvolvimento, de maneira que é considerada um problema de saúde pública.
Tipos de anemia e seus fatores de risco
Há inúmeras causas de anemia – e cada tipo da doença aparece e age de formas diferentes. Veja abaixo algumas manifestações da condição.
1. Anemias causadas pela falta de nutrientes
Esse é o tipo de anemia mais comum. Alguns nutrientes são essenciais na produção de glóbulos vermelhos e, na falta deles, é comum apresentar um quadro de anemia. São eles:
- Ferro;
- Vitamina B12;
- Ácido fólico.
Anemia ferropriva – é aquela causada pela falta de ferro no organismo de uma pessoa. Geralmente é consequência de uma alimentação inadequada, mas pode também aparecer como resultado da perda de muito sangue ou pela má absorção do nutriente no organismo. Estima-se que esse tipo seja prevalente em 90% dos casos da doença.
- Fatores de risco da anemia ferropriva: é mais incidente em crianças, adolescentes, mulheres que estão em idade fértil, gestantes, lactantes, pessoas que passaram por cirurgia bariátrica ou vegetarianos que possuem dietas muito restritivas.
Anemia megaloblástica – geralmente é causada pela deficiência de vitamina B12, que pode ser resultado de alimentação inadequada, problemas na absorção de nutrientes durante a digestão ou uso de medicamentos, como alguns usados em tratamentos de câncer. Esse tipo de anemia se caracteriza principalmente por apresentar glóbulos vermelhos grandes e imaturos.
- Fatores de risco da anemia megaloblástica – tem maior prevalência em pessoas que sofrem com gastrite crônica ou úlceras, idosos e pessoas que passaram por cirurgia bariátrica.
2. Anemias hereditárias
Nesses casos, a doença é causada por mutações genéticas que comprometem tanto a produção quanto a vida útil dos glóbulos vermelhos. Na maioria das vezes, as anemias hereditárias são detectadas logo depois do nascimento ou durante a primeira infância, que vai até os seis anos.
- Fatores de risco das anemias hereditárias: nestes tipos de anemia, o gene alterado é herdado de ambos os pais. Em casos que apenas o pai ou somente a mãe possuem a mutação, o filho não necessariamente irá desenvolver a doença.
Anemia falciforme – nesta manifestação da doença os glóbulos vermelhos têm um formato que remete a uma foice. Essas células têm sua membrana alterada e rompem-se facilmente, o que causa a enfermidade. A anemia falciforme é um dos tipos mais comuns de anemias hereditárias.
Talassemia – neste caso, a mutação genética interfere na produção de hemoglobina, o que gera glóbulos vermelhos menores e com menos quantidade da proteína que transporta oxigênio.
3. Anemias causadas por doenças autoimunes
Em casos de pessoas com doença autoimune, o próprio organismo produz anticorpos que atacam os glóbulos vermelhos. A anemia hemolítica autoimune é um exemplo de manifestação da doença dessa maneira.
- Fatores de risco da anemia causada por doença autoimune: apesar de ocorrer em pessoas de todas as idades, a anemia causada por doença autoimune é mais comum em jovens adultos. Ela pode ser desencadeada também por quadros virais ou câncer.
4. Anemias causadas por doenças crônicas
Por interferência de uma doença crônica, o organismo pode perceber uma inflamação e, por isso, retardar a produção de hemácias, o que reduz também a sobrevivência das células. Também é possível desenvolver esse tipo de anemia quando o corpo metaboliza o ferro de forma anormal como resultado da doença crônica.
- Fatores de risco das anemias causadas por doenças crônicas: estão mais propensas a apresentar esse tipo de anemia pessoas que possuem doenças crônicas, em especial infecções, doenças autoimunes, hemofilia , problemas renais, diabetes e câncer.
5. Anemia causada por doenças na medula óssea
Mais raros, os casos de anemia aplástica se caracterizam pela redução na produção de glóbulos vermelhos e outros componentes do sangue. Essa condição pode ser adquirida ao longo da vida ou acompanhar outras doenças.
- Fatores de risco da anemia causada por doenças na medula óssea: radiação, quimioterapia, exposição a substâncias químicas tóxicas (agrotóxicos e inseticidas) e uso de alguns medicamentos podem desencadear esse tipo de anemia. Além disso, ela pode ser hereditária ou acompanhar doenças como HIV, hepatite e lúpus.
Sinais e sintomas da anemia
A anemia pode causar:
- Palidez na pele e mucosas (parte interna do olho e gengivas);
- Apatia;
- Cansaço generalizado;
- Falta de apetite;
- Sonolência;
- Tontura;
- Falta de ar;
- Taquicardia ou palpitações.
Atenção: em crianças, a anemia pode afetar o desenvolvimento, a aprendizagem e as habilidades cognitivas, além de aumentar a predisposição a infecções e retardar o crescimento.
Além destes sinais e sintomas gerais, comuns na anemia ferropriva, cada tipo da doença pode apresentar manifestações específicas:
Anemia megaloblástica – quando se trata de deficiência em vitamina B12, a pessoa pode apresentar também pele amarelada, irritabilidade e comprometimento de nervos, com câimbras e formigamentos frequentes, além de fraqueza muscular.
Anemia falciforme – a deformação das hemácias pode causar bloqueio do fluxo sanguíneo e falta de oxigenação, o que gera fortes dores pelo corpo. Pode-se manifestar também icterícia (olhos amarelados), inchaços nos pés e feridas nas pernas.
Talassemia – além dos sintomas gerais, esse tipo de anemia se caracteriza pelo inchaço da barriga, causado pelo aumento do baço e do fígado. Os ossos do rosto mais proeminentes e dentes com crescimento mais lento do que o normal também são sinais.
Anemia hemolítica – urina escura, dor muscular, febre e coriza caracterizam o aparecimento deste tipo da doença.
Tratamentos para cada tipo de anemia
Como a anemia se manifesta de diversas maneiras e por variadas causas, o principal aspecto de um bom tratamento é identificar o que gera a queda do nível de hemoglobina no sangue. Com a causa clara, parte-se para a ação.
Anemias causadas pela falta de nutrientes
O primeiro passo é determinar qual nutriente está deficiente. Feito isso, o profissional passará uma dieta rica neste elemento e poderá também indicar suplementos por um tempo.
- Alimentos com alta concentração de ferro para pessoas com anemia ferropriva – carnes vermelhas, de aves e de peixes, mariscos crus, folhas verde-escuras, leguminosas, grãos integrais ou enriquecidos, nozes e castanhas, melado de cana, rapadura, açúcar mascavo.
- Alimentos com alta concentração de vitamina B12 para pessoas com anemia megaloblástica – leite, queijo, carne, ovos, cereais matinais e leite de soja.
Atenção: é muito importante também que mulheres se atentem com a dieta durante o período de gestação e amamentação .
Anemias hereditárias
A anemia falciforme e a talassemia não têm cura, apenas tratamentos que consistem em transfusões de sangue regulares. Também é indicado que o paciente evite exercícios pesados e mantenha uma dieta rica em nutrientes.
Anemias causadas por doenças crônicas
Nestes casos, o tratamento consiste em curar ou controlar a doença que está provocando a anemia.
Anemias causadas por doenças autoimunes ou problemas na medula óssea
Mais graves, estes tipos de anemia demandam o uso de medicamentos que regularizam o sistema imunológico e estimulam a medula. A transfusão de sangue também pode ser indicada.
Para um tratamento e acompanhamento adequado, consulte um profissional da saúde capacitado.
Fonte: Pfizer