A renomada arquiteta e urbanista Melissa Toledo embarcou em um curso de trinta horas com o objetivo de reciclar e aprofundar seus conhecimentos em reabilitação urbana. Devido ao seu trabalho com patrimônio, essa temática ganha relevância, especialmente porque ela teve contato com ela no final da década de noventa, e desde então, muitas transformações ocorreram.
Um dos momentos marcantes de sua carreira foi seu trabalho de conclusão de curso, o TCC, intitulado “Mercado Adolfo Lisboa em Torno Imediato”, que apresentou em um congresso americano no ano 2000. Melissa expressa sua satisfação com a metodologia e o conteúdo programático do curso de reabilitação urbana, que exigiu leituras prévias e um estudo aprofundado para acompanhá-lo. Apesar de sua vasta experiência profissional e envolvimento com a área desde a época da faculdade, ela se sentiu gratificada ao perceber que o curso abordou alterações normativas, inventários e metodologias atualizadas, ocorridas em 2010, 2012 e 2016.
“Minha experiência como professora mudou desde que comecei a lecionar técnicas retrospectivas no início dos anos 2000 até o presente, em 2021. Isso se deve ao amadurecimento do campo da reabilitação urbana e à mudança de perspectiva em relação ao patrimônio arquitetônico. No Brasil, assim como no mundo, houve uma transição da visão museológica, na década de 1980, para uma compreensão de que os edifícios estão inseridos em um contexto urbano mais amplo. Esse amadurecimento foi concretizado na região após a implementação do plano diretor da cidade, que atua como um instrumento regulador não apenas do planejamento urbano, mas também da reabilitação metodológica,” afirmou Melissa.
A arquiteta ressalta a importância de conciliar negociações e discussões sobre interesses públicos, além de estabelecer uma articulação entre diferentes atores, como investidores e o mercado. Superar obstáculos é essencial nesse processo, muitas vezes relacionados à sobreposição de legislação e incentivos para novas funções sociais. As funções sociais de uma cidade são temporais e é fundamental considerar as mudanças normativas ao longo do tempo.
Para Melissa o curso acerta muito em abordar a visão humanista da cidade e a necessidade de reinventá-la como mercado, tanto no setor público quanto no privado. Ela destaca ainda a importância de uma metodologia e processos de análise contínuos para compreender a dinamicidade da cidade e as perdas ao longo do tempo. Diagnosticar essas perdas e entender os desafios do urbanismo são etapas cruciais para a reabilitação urbana.
No entanto, a arquiteta observa algumas dificuldades na prática. A falta de um laboratório específico no planejamento urbano para acompanhar o crescimento e as mudanças da cidade é uma delas. Ela também menciona as incertezas econômicas, exemplificadas pela pandemia de COVID-19 e a complexidade que a pandemia trouxe.
Foto: Divulgação