Uma das principais duplas da atualidade no vôlei de praia vai boicotar o primeiro torneio relevante do Circuito Mundial em um ano. As alemãs Karla Borger e Julia Sude não vão participar da Katara Cup, competição de nível quatro estrelas no Qatar. A razão alegada é que o país não permite que as jogadoras vistam biquini, vestimenta das atletas de vôlei de praia.
“Estamos lá para fazer nosso trabalho, mas estamos sendo impedidas de usar nossas roupas de trabalho”, disse Borger à rádio Deutschlandfunk na noite de domingo. “Este é realmente o único país e o único torneio em que um governo nos diz como fazer nosso trabalho. É isso que estamos criticando”, completou.
Esta será a primeira vez na história que o Qatar vai sediar uma competição importante de vôlei de praia entre mulheres. O país recebe há sete anos uma etapa do Circuito Mundial, mas até então apenas com a chave masculina, sendo uma exceção entre os principais eventos do calendário. Esse sexismo já foi diversas vezes criticado.
Agora, pela primeira vez o Qatar aceitou realizar um torneio misto, com a participação tanto de homens quanto de mulheres. Mas impôs como exigência que as mulheres vistam calças e camisetas de manga longa por baixo do tradicional biquini — ou “sunquini”, já que eles são bem mais largos que os habituais usados para tomar sol.
Essas vestimentas complementares não são incomuns no circuito, mas costumam ser utilizadas, por iniciativa das atletas, para cobrir o corpo quando faz frio. No Qatar, elas serão obrigadas a utilizar essas peças e no calor. Mesmo assim, a Federação Internacional de Vôlei diz que acatou a norma “por respeito à cultura e tradições do país anfitrião”.
Seis duplas do Brasil aparecem pré-inscritas neste torneio no Qatar, que começa em 8 de março, incluindo Ana Patrícia/Rebecca e Ágatha/Duda, já classificadas para a Olimpíada. Destas seis duplas, porém, três terão que se enfrentar entre si por uma vaga no qualifying. No masculino são quatro duplas brasileiras inscritas, incluindo Alison/Álvaro Filho e Evandro/Bruno Schmidt.
Esta é a única etapa confirmada no calendário internacional antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio, mas a tendência é que sejam realizadas outras. No ano passado, a temporada foi suspensa logo após a final deste torneio no Qatar. Depois, ao longo do ano, só foram jogadas poucas etapas de uma estrela, que têm premiação baixa e não atraem a elite da modalidade.
Fonte: Uol