O brasileiro Frederico Werpel Fernandes denunciou que o seu filho, Levi, bateu com a cabeça no chão ao nascer sem atendimento adequado na receção do Hospital Santos Silva, em Vila Nova de Gaia, no último sábado (5).
Segundo Frederico, a esposa Fernanda, que estava em trabalho de parto, não recebeu a devida atenção dos profissionais de saúde. Ele afirmou que houve xenofobia, falta de preparo e descuido no atendimento:
“Zombaram da minha esposa por estar com dores, dizendo que, como era o terceiro filho, ela devia aguentar. Ninguém acreditou nela”, contou.
O casal vive legalmente em Portugal desde 2021 e tem outros dois filhos nascidos no país. No hospital, Frederico pediu ajuda e uma maca, mas, segundo ele, ninguém reagiu — nem mesmo policiais e bombeiros que estavam no local.
Fernanda acabou dando à luz no chão da receção, sem assistência médica.
Queixa e investigação
Frederico apresentou queixa formal ao hospital, à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) e à Ordem dos Médicos, alegando violação dos protocolos de emergência.
Na denúncia, ele relatou que a equipa ignorou a situação de urgência, obrigando o casal a seguir os procedimentos administrativos, como tirar senha e aguardar atendimento.
“Minha esposa estava em sofrimento extremo e não havia maca. Ofereceram apenas uma cadeira de rodas, que era inadequada para o estado dela”, escreveu.
Estado de saúde da mãe e do bebé
Levi foi levado para exames e passa bem. Foram feitas duas tomografias para verificar possíveis hemorragias internas, mas nenhuma lesão foi identificada.
Fernanda, que trabalha com turismo, já teve alta, enquanto o bebé permanece internado para observação, com previsão de alta ainda hoje.
Situação do sistema de saúde
Este ano, 60 bebés nasceram em ambulâncias em Portugal, segundo dados oficiais. O Serviço Nacional de Saúde (SNS) enfrenta falta de profissionais e estrutura nas maternidades, especialmente aos fins de semana, quando algumas unidades estão fechadas.
O Hospital Santos Silva afirmou, em comunicado, que realizou um exame de monitorização (CTG) e que, na altura, não havia sinais de parto ativo, acrescentando que mudanças súbitas no quadro clínico podem acontecer, mesmo em mulheres com partos anteriores.
Foto: Frederico Werpel Fernandes/divulgação