O presidente Jair Bolsonaro foi alvo de panelaços durante seu pronunciamento em rede nacional de rádio e TV nesta quarta-feira, 2. Os protestos, que ocorreram sob os gritos de “Fora Bolsonaro” e “Bolsonaro Genocida”, foram registrados em locais como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
Em fala que durou cinco minutos, Bolsonaro destacou o número de vacinados no País – novamente a partir de dados absolutos, e não proporcionais – e voltou a se colocar contra as medidas restritivas de governadores. Disse que o “governo não obrigou ninguém a ficar em casa” e não tirou o sustento de milhões de trabalhadores informais.
Um panelaço também tomou conta de Brasília durante o pronunciamento do presidente . Gritos de “Fora, Genocida”, “Assassino” e “Miliciano” foram ouvidos em várias quadras do Plano Piloto de Brasília e também nos Lagos Sul e Norte
Em São Paulo, manifestantes bateram panela em bairros como Santa Cecília, Vila Mariana, Sumarezinho, Vila Madalena, Alto de Pinheiros, Pompeia, Barra Funda, Saúde, Jardins, Moema e Higienópolis.
Moradores do Rio de Janeiro também fizeram panelaço na noite desta quarta. Enquanto Bolsonaro falava sobre as medidas adotadas por sua administração para a vacinação contra covid-19, houve manifestação em bairros da zona sul (Copacabana, Ipanema, Leblon, Leme, Botafogo, Flamengo, Glória, Cosme Velho e Laranjeiras), do centro (Santa Teresa), da zona norte (Tijuca, Grajaú e Riachuelo) e da região oeste (Jacarepaguá e Recreio dos Bandeirantes). Além do barulho das panelas, as pessoas gritavam “fora, Bolsonaro” e “genocida”.
Na rua Rodolfo Dantas, em Copacabana, ao final do pronunciamento e do panelaço, um morador executou em alto volume a “Canção do Exército” e foi intensamente vaiado. Em Botafogo, em meio ao panelaço uma mulher chamava os manifestantes de “maconheiros”.
Em Maceió, também houve protestos durante o pronunciamento. “Vá se lascar” e “fora Bolsonaro” foram algumas das frases ouvidas em meio à fala de Bolsonaro na TV.
Em Salvador, ao menos sete bairros registraram panelaços. Em Armação, na orla, foi possível ouvir os manifestantes gritarem “vacina para todos”, “genocida” e “vai cair”.
No Recife, o panelaço foi bastante intenso. Foi possível ouvir também gritos como “fora Bolsonaro” e “genocida”. O bairro de Boa Viagem, na zona sul da cidade, onde ocorreu o protesto a favor do governo, no dia 15 de maio, também registrou panelaços intensos, que duraram até pouco depois do pronunciamento. Outros bairros onde a população protestou foram Encruzilhada, Graças, Várzea, Santo Amaro e Aflitos. Bairros de Olinda, cidade “irmã” da capital, como Bairro Novo e Casa Caiada, também contaram com manifestações contrárias ao presidente na noite desta quarta-feira, 02.
Em Fortaleza, a adesão ao panelaço foi maciça. Bater de panelas e gritos “fora, Bolsonaro!” e “Bolsonaro genocida” e “fascista”, foram registrados em bairros de diferentes regiões, como Aldeota, Meireles, Cocó, Papicu, Joaquim Távora, Bairro de Fátima, Centro e Parangaba.
Em Belo Horizonte, houve panelaço em várias regiões. Os protestos foram intensos nos bairros próximos ao centro, como o Barro Preto, onde os manifestantes gritavam “Fora Bolsonaro”, “Genocida”, “Miliciano” e até “Vai tomar cloroquina”. Também foram registradas manifestações nos bairros Caiçara, Floresta, Sagrada Família e no centro, onde os carros fizeram ainda um buzinaço.
Curitiba foi uma das capitais que registraram panelaços em diversas regiões durante o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro em rede nacional. Entre os bairros que registraram o protesto estão o Boa Vista, Bacacheri, Juvevê, Centro, Champagnat, Sítio Cercado Protão, Pinheirinho e Água Verde. No último sábado, milhares de manifestantes já haviam se reunido na Praça Santos Andrade, na área central, para protestar contra o governo federal.
Em Porto Alegre, o pronunciamento foi acompanhado de protestos em Porto Alegre. Panelaços e gritos de “fora Bolsonaro” foram registrados em pelo menos sete bairros da cidade: Humaitá, Centro Histórico; Cidade Baixa; Cristal, Jardim Ypu, Jardim Botânico e Santana tiveram manifestações enquanto o presidente falava em cadeia nacional de rádio e televisão.
Além dos gritos contra o presidente, em alguns locais também foi escutado manifestações de “Lula livre”, em referência ao ex-presidente petista e principal rival do atual governo. Os bairros onde foram registradas manifestações durante o pronunciamento têm diferentes perfis, tanto econômicos e sociais, quanto políticos.
No interior, foram registradas manifestações na cidade de Caxias do Sul, na Serra gaúcha.
Interior de São Paulo
O pronunciamento foi acompanhado de panelaços nas principais cidades do interior. Em Sorocaba, moradores de edifícios na região central bateram panelas e utensílios domésticos durante toda a fala presidencial. Houve manifestações também no bairro Altos do Campolim e em prédios de Votorantim, cidade vizinha.
Em Campinas, além de bater panelas no centro e nos bairros Taquaral e Cambuí, os moradores fizeram coros de “fora Bolsonaro”. Motoristas acionaram as buzinas em avenidas do centro. Em São José dos Campos, houve panelaços na região central e foram acionadas sirenes durante o pronunciamento. Muitos moradores pediram aos gritos a saída do presidente. Houve panelaços também em Piracicaba e Ribeirão Preto. Em Santos, vídeos gravados por moradores mostram panelaço na região do Gonzaga.
No momento do pronunciamento, as hashtags #panelaço e #ForaBol?onaroGenocida ficaram nos assuntos mais comentados do Twitter.
Bolsonaro enfrenta nesta quarta-feira, 2, um cenário de maior desgaste do que o de seu último pronunciamento, no dia 23 de março. Na CPI da Covid, o relator Renan Calheiros (MDB-AL) já sinalizou que há provas suficientes para comprovar que o governo não quis comprar vacinas para enfrentar a pandemia no País. Por outro lado, o presidente também tem visto sua popularidade cair nas últimas pesquisas. Em maio, segundo o Datafolha, a aprovação do mandatário recuou seis pontos e chegou a 24%, pior marca do mandato.
A realização de atos em pelo menos 170 cidades brasileiras também somam à conjuntura de maior preocupação para o governo. Além de críticas à condução federal na pandemia, manifestantes pediram a retomada do auxílio emergencial de R$ 600 e a vacinação em massa da população. O País tem, até agora, apenas 21,58% da população vacinada com a primeira dose contra a covid-19.
Em março, Bolsonaro recuou do tom negacionista e prometeu vacinas aos brasileiros. Naquele dia, o Brasil tinha 298.843 mortos. Hoje já são mais de 465 mil.