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Cirandas de Manacapuru revelam propostas artísticas que misturam tradição e inovação

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Os responsáveis pelos projetos artísticos das agremiações abriram os galpões antes do início do Festival de Cirandas 2025

Faltando poucos dias para o 27º Festival de Cirandas de Manacapuru, (distante 68 quilômetros de Manaus), os trabalhos nos galpões das agremiações seguem intensos e em fase de acabamento. O evento deste ano ocorrerá nos dias 29, 30 e 31 de agosto, e conta com o apoio do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.

Em 2025, o Festival de Cirandas ganhou um investimento recorde do Governo do Amazonas. Sob gestão do Governador Wilson Lima, foram destinados R$ 3,6 milhões diretamente destinados aos grupos de cirandas — R$ 1,2 milhão para cada agremiação. O valor representa um aumento de R$ 200 mil por grupo em relação ao ano anterior.

Além do investimento, pela primeira vez, o Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura, fez a entrega de equipamentos de proteção individual (EPI) para os artistas de alegoria, reforçando a segurança das mãos que constroem o Festival.

Com esse aporte, os trabalhos nos galpões avançaram significativamente, e as agremiações realizam os últimos ajustes para o grande espetáculo no Parque do Ingá.

A Ciranda Guerreiros Mura abre o Festival de Cirandas 2025, na sexta-feira (29/08). A Ciranda Tradicional será a segunda a se apresentar na arena do Parque do Ingá, no sábado (30/08), enquanto a Flor Matizada encerra o Festival no domingo (31/08).

Ciranda Guerreiros Mura

Finalizando a parte artística em seu galpão, a Ciranda Guerreiros Mura prepara o tema “Estiagem e Alagação: O Segredo das Águas”. Segundo o diretor-geral, Ludem Cley Monteiro, o projeto de arena conta com 14 módulos alegóricos, sendo 8 fixos e 6 móveis.

Ele destacou que a marca registrada da Guerreiros Mura são as inovações alegóricas e a tradição de fazer a “ciranda no chão”, característica que foi preservada para 2025.

“A Guerreiros Mura chega com uma proposta muito original, trazendo uma narrativa que resgata os saberes dos ribeirinhos e dos povos da floresta. É a ciranda voltando às suas origens, com a responsabilidade de defender o título. Não é fácil, mas a Guerreiros Mura vem grandiosa, com um texto alegórico consistente, inovando bastante, mas sem perder sua essência”, revelou.

Para o espetáculo, cerca de 80 pessoas estão envolvidas diretamente no trabalho do barracão, incluindo artistas, costureiras e cozinheiras.

O artista plástico Carlos Pizano, responsável pela parte artística, explicou que o Festival de Manacapuru se diferencia de outros festivais do Amazonas. A Guerreiros Mura pretende levar o público e os jurados para “debaixo das águas dos rios do Amazonas”, convidando-os a mergulhar no universo da ciranda.

“A estrutura do Parque do Ingá nos permite criar essas proporções e dimensões dentro da temática do espetáculo. A ideia é fazer o público sentir que estamos no fundo do rio, em um mundo encantado, como se fosse o ‘mar de Páscoa’. Queremos que o público se envolva e tente imaginar esse universo junto com a gente”, afirmou o artista.

Ciranda Tradicional

Com o tema “Sapucaîa’y – O Grito que Vem das Águas”, os trabalhos no galpão da Ciranda Tradicional seguem a todo vapor. De acordo com o diretor artístico Thyago Cavalcante, a proposta da agremiação aborda preservação, fé, lendas, religiosidade e povos indígenas, dando destaque à preservação dos rios do Amazonas.

“Por essa ideia de sempre abordarmos temas e enredos que remetem à proteção da Amazônia. E neste ano não é diferente. Desde o nome, Sapucaiaí reúne duas palavras indígenas que juntas formam ‘o grito das águas’. Vamos contar lendas aquáticas de defensores das águas, dos fundos dos rios, que alimentam histórias e tradições passadas de geração em geração, mas também servem como um meio de proteção: quem acredita nas lendas teme atacar a floresta”, explicou.

Com 30 profissionais — entre soldadores, pintores, escultores, aderecistas e costureiros — a Ciranda Tradicional apresentará 12 módulos na arena, divididos em seis fixos e seis móveis, com transformações nos módulos fixos que se abrirão para compor cenários durante a apresentação.

Os artistas plásticos Geremias Pantoja e Algles Ferreira assinam o projeto visual da Ciranda Tradicional pelo quinto ano consecutivo. Segundo Algles Ferreira, a cada ano a dupla busca trazer uma cenografia diferenciada, incluindo pintura e efeitos inovadores.

“Neste ano, teremos muitas inovações tecnológicas, sempre integradas à temática amazônica, especialmente na parte das lendas. A ideia é unir cenografia e efeitos de forma harmônica. Vamos casar o tecnológico com a cenografia e as tintas luminosas, criando uma dinâmica diferente”, afirmou.

Geremias Pantoja acrescentou que a escolha das cores também é um diferencial para destacar as alegorias no espetáculo noturno: “Temos uma experiência grande em festivais, e, apesar de sermos jovens, acumulamos uma vivência considerável, principalmente, na escolha das cores que se destacam à noite. Geralmente, usamos cores luminosas, que realçam as alegorias e as tornam mais interessantes. Quanto às estruturas, levamos em conta a proporção do Parque do Ingá, que é diferente de Parintins — mais aberto e menos rígido — o que facilita o trabalho”, ressaltou.

Ciranda Flor Matizada

Encerrando o Festival deste ano, a Ciranda Flor Matizada levará para a arena o tema “Amazônia: Sonho e Luta Cirandeira”. Com um projeto artístico inspirado no lúdico infantil, a agremiação aposta no sonho de ‘cirandeiros mirins’ para conquistar o título de campeã.

Membro do conselho artístico da Matizada, Diego Araújo explicou que o projeto de arena deste ano busca criar um mundo imaginário a partir do sonho de duas crianças, promovendo encontros com criaturas da floresta e do imaginário coletivo amazônico, onde os personagens aprendem a valorizar e proteger os rios, a fauna, a flora e os povos da região.

“Cada detalhe foi pensado para que o espetáculo se torne algo incrível: um verdadeiro sonho infantil que explode em cores, luz e movimento. O objetivo é que o público e a torcida vivam essa fantasia de maneira intensa. De novembro até agora, construímos o espetáculo passo a passo. Agora, em agosto, faltam apenas ajustes finais antes de levar tudo para o Parque do Ingá”, disse.

Para o espetáculo, a Ciranda Flor Matizada contará com 16 módulos alegóricos, entre cenários fixos e móveis. A direção artística das estruturas é assinada pelo artista plástico Roberto Reis, com uma equipe de 18 pessoas.

Roberto Reis, responsável pelo espetáculo pelo segundo ano, destacou que a semana do Festival é dedicada aos ajustes finais e à fase de acabamento. Segundo ele, o projeto da Flor Matizada pretende mexer com a imaginação do público e retratar a amazonidade.

“Sempre retratamos a Amazônia, equilibrando a fidelidade com o imaginário. É importante despertar a imaginação do público. Teremos muitas figuras no cenário, e as alegorias funcionam como um palco para a apresentação dos atores, cirandeiros e artistas, tornando tudo mais bonito e impactante”, explicou.

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