Oficialmente candidato, o pedetista lançou o Projeto Nacional de Desenvolvimento, com propostas centradas na retomada econômica e na melhora da educação pública
“Tão pensando o que? Isso é pra valer!”, disse o candidato à presidência da República Ciro Gomes ao subir no palco da sede nacional do PDT, em Brasília (DF), onde lançou oficialmente a candidatura nesta sexta-feira (21/1). Com o lema “a rebeldia da esperança”, a quarta tentativa de Ciro de chegar ao Palácio do Planalto foi iniciada com votação unânime entre os membros do partido para o nome dele como candidato.
Ciro fez um discurso de cerca de uma hora, no qual apresentou propostas, anunciou as primeiras medidas caso seja eleito, e teceu críticas aos demais candidatos, com foco em Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL) e Sérgio Moro (Podemos).
Ao explicar o que motiva o novo lema, Ciro disse que “rebeldia e esperança são as duas únicas energias capazes de retirar o Brasil das trevas”. “A rebeldia sem esperança é a rebeldia sem causa. A esperança sem rebeldia é um sonho que nasce moribundo”, disse, e completou afirmando “ue não há nada mais rebelde e esperançoso “do que a verdadeira democracia”.
O candidato apresentou o Projeto Nacional de Desenvolvimento, que segundo ele, se opõe a “mesma política econômica de sempre que há décadas paralisa o país”. Ciro garante que o PND proposto pelo partido combaterá os inimigos: a pobreza, a violência, a fome, a desigualdade, o desemprego, o baixo salário, a péssima educação, a corrupção, o racismo, a opressão das pessoas e do meio ambiente.
Na economia, o projeto “se preocupa em gerar bons empregos, com cenário econômico favorável a quem produz e quem trabalha”, define Ciro. “Eu sei muito bem da importância de um país viver sem inflação e com equilíbrio nas suas contas. E sei como fazer, sem sacrificar os mais pobres como tem sido feito hoje!”, assegura o candidato. Ciro defendeu que o “caminho errado” para tal seria o Teto de Gastos, realizada em 2016, por meio da proposta do governo do ex-presidente Michel Temer.
“É a maior fraude já cometida contra o povo brasileiro. É um roubo, uma vergonha, uma insensatez. O orçamento da união é de R$ 4,8 trilhões, mas só se olha para R$ 1,8 trilhão. O dinheiro da saúde, da educação, de tudo que interessa ao povo fica de lado. Os outros RS$ 3 trilhões correm soltos, sem limites. É uma ficção fraudulenta”, defende o candidato, em meio a aplausos dos apoiadores presentes.
Além destes pontos, o PND tem foco, ainda, em uma “parceria democrática pactuada entre os setores públicos e privados”, caminho que, segundo o pedetista, as principais economias do mundo vem trilhando. Ciro ainda garantiu que taxará as grandes fortunas; aplicará uma nova estrutura tributária; lutará pela desoneração da produção e pela taxação de lucros e dividendos.
Outro carro-chefe da campanha, segundo o candidato, é a educação pública. Para isso, propõe a criação de escolas de tempo integral “assim como Brizola fez”. Outra novidade seria um programa de ensino, trabalho e assistência profissional, que proveria estágios remunerados pelo Governo.
Críticas
Ao longo do discurso, Ciro teceu críticas aos demais candidatos. Durante a explanação sobre o PND, ele deixou claro que a intenção vai além de apenas vencer a eleição. “Ganhar a eleição não é a questão. Tá aí Bolsonaro, um verdadeiro boçal, sem história, sem projeto”, comentou. Sobre a candidatura do ex-ministro Sérgio Moro, Ciro definiu como “esdrúxula” a proposta da criação de uma corte anticorrupção. “Seria um tribunal de exceção que violaria cláusulas pétreas. Moro faz de tudo para esconder a prova cabal de seu fracasso. Estou denunciando uma preocupação, como fiz lá atrás com Bolsonaro. Estou tentando advertir que há um inimigo da República”, defende.
Ciro também criticou, ao apresentar propostas para a retomada da economia brasileira, a gestão econômica de governos anteriores. “Esse desmonte já vem de muito tempo. Collor escancarou a porteira, Fernando Henrique serviu a mesa, e Lula condimentou melhor os pratos. E depois distribuiu as migalhas aos mais pobres”, definiu. “Por mais que tivessem personalidades e estilos diferentes, todos esses presidentes repetem o mesmo modelo econômico e político apoiado no conchavo e na corrupção”.
Em coletiva de imprensa realizada logo após o fim da apresentação das propostas, Ciro deu continuidade às críticas ao ex-presidente Lula. “Eu ajudei o Lula em todas as eleições dele. Todas. Mas eu faço uma pergunta humilde: será que existiria o Bolsonaro se não fosse a contradição econômica, social e moral do Lula?”, questiona e completa: “Para ele o Brasil é um objeto, e se ele não estiver na eleição, nada presta para o Brasil. Eu não posso ficar de novo sustentando as irresponsabilidades do Lula. A vida inteira eu ajudei”.
Ciro relembrou as eleições de 2018, quando foi criticado por sair do país após perder o segundo turno para Fernando Haddad (PT) e Bolsonaro. “Em 2018 ele impôs uma candidatura mentirosa, todo mundo sabia que o Lula era inelegível. Ele mentiu que era candidato, travou a disputa, e lançou como candidato não um petista vitorioso. Lançou um cara que tinha sido derrotado um ano antes, tirando 16% dos votos para nulo e branco. Até quando nós vamos aguentar isso? Cabresto de lulopetismo nunca mais”, declara.
Quando questionado sobre possíveis alianças, o candidato adiantou possíveis negociações que seguem ocorrendo. “Temos conversado com o PSB, com o PV, com a Rede e alianças com PSD e DEM. Se isso vai se traduzir em apoio eleitoral, Deus é quem sabe”, diz.