Com a publicação, na quinta-feira passada, dos editais para a contratação de 204.307 pessoas para trabalhar na organização e na coleta de dados do Censo Demográfico 2021, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirma a realização, neste ano, do recenseamento que inicialmente estava programado para 2020.
A pandemia forçou o adiamento do Censo, que já enfrentava cortes de orçamento, e chegou a colocar em dúvida sua realização neste ano. Atrasá-la ainda mais, com seu adiamento para 2022 e a publicação dos dados apenas em 2023, poderia criar um intervalo muito grande na série de estatísticas essenciais para o conhecimento do País e de sua evolução, com detalhamento no nível de municípios. Realizá-la em 2021, de outra parte, implica enfrentar e superar problemas sanitários decorrentes da pandemia de covid-19.
Antes previsto em R$ 2,3 bilhões, o orçamento para a realização do Censo Demográfico foi efetivamente fixado em R$ 2 bilhões. Em 2019, falava-se em R$ 3,4 bilhões.
O corte cria preocupações, na medida em que os protocolos de proteção dos recenseadores e da população contra a disseminação da covid-19 devem pressionar os custos da pesquisa. Funcionários do IBGE responsáveis pela pesquisa e pela contratação dos servidores asseguram que o corte dos recursos não comprometerá a qualidade da pesquisa.
O IBGE assegura, também, que preparará os trabalhadores temporários para que sigam com rigor as medidas de proteção, tanto pessoal como do público a ser entrevistado. Serão 181.898 recenseadores, 16.959 agentes censitários supervisores e 5.450 agentes censitários municipais.
A tarefa será imensa, como foi a realização dos Censos Demográficos anteriores, agora acrescida das dificuldades que a pandemia e o corte do orçamento impõem. Entre agosto e outubro, 71 milhões de lares em 5.570 municípios serão visitados pelos recenseadores em apenas três meses (de agosto a outubro).
Há dúvidas, porém, sobre o início efetivo da pesquisa, que está condicionado à evolução da pandemia.
Além de assegurar a realização da coleta de dados essenciais para o conhecimento da realidade social e econômica do País – que balizarão muitas políticas públicas –, o concurso do IBGE pode impulsionar a recuperação do mercado de trabalho.