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Conservação da floresta e sociobioeconomia: indígenas e ribeirinhos fortalecem vocação firmada em práticas ancestrais 

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O modo de vida baseado na agricultura familiar e no extrativismo sustentável, pode se constituir em uma sólida fonte de renda para as populações indígenas e ribeirinhas que vivem em territórios abrangidos por áreas protegidas no município de Tapauá (a 448 quilômetros de Manaus).  

Um diagnóstico participativo realizado pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) por meio do projeto Governança Socioambiental Tapauá, aponta que a pesca, a produção agrícola familiar e o extrativismo são importantes fontes de sustento e economia local para estas comunidades. 

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O diagnóstico mostrou, entre outras coisas, que as comunidades produzem, por meio da agricultura familiar: banana, macaxeira, farinha e pupunha. Já o extrativismo se dá na produção de açaí, castanha-da-amazônia e copaíba. As informações foram apresentadas durante o 1º Seminário de Sociobioeconomia de Tapauá, realizado pelo Idesam entre 27 e 29 de maio, na unidade da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) do município. 

O evento mostrou, ainda, que as comunidades têm potencial de exploração sustentável da cadeia de valor do breu, do cumaru e até meliponicultura (criação de espécies de nativas abelhas sem ferrão). 

O diagnóstico também apresentou às lideranças indígenas e comunitárias, que o fortalecimento e promoção das cadeias de valor já existentes reduzem a vulnerabilidade financeira, e promovem a conservação ambiental nas áreas protegidas de Tapauá. 

Conservação da floresta 

Indígena do povo Paumari, residente da Aldeia Sabazinho, Maria Helena Silva Soares afirma que a conservação da floresta é prioridade para seu povo. “Nós somos indígenas, nós preservamos a nossa terra. Quando as pessoas vêm de fora, que são os grileiros, que são os fazendeiros, eles desmatam a nossa terra, a nossa floresta. E nós, que ficamos protegendo, ficamos com pena daquela floresta, porque é de lá que recebemos o ar. É de lá que comemos as nossas frutas que são diferenciadas”, afirmou. 

Maria Helena cita como “frutas do mato” o açaí, o cacau e o uchi. “Vocês nunca viram cacau da beira do igarapé”, disse. “O uchi, tem uns compridos, tem uns redondos, que a gente toma com café pela manhã. Então, quando vem esse desmatamento, já é uma tristeza para nós indígenas”, declarou. 

Participante do 1º Seminário de Sociobioeconomia de Tapauá, a líder indígena se diz agradecida pelas informações divulgadas durante o evento. “É muito bom para conseguir um benefício para nós, porque a mãe natureza deixou muito açaí para fazermos, mas precisamos de informação”, afirmou.  

Venda da produção 

O vice-presidente da Associação Agroextrativista dos Moradores da Floresta Estadual de Tapauá (Aamfet), Raimundo Firmeano, ficou otimista com as possibilidades de comercialização da produção das comunidades. “Tudo que a gente quer é que tenha um comprador, porque nós temos uma floresta rica de produtos, mas o mercado para nós não tem. Isso aí eu gostei muito e sempre me interessa algo nessa área aí para que venha um mercado para cá, para que compre os produtos que  temos na floresta”, disse. 

Altanário Ferreira Pires, mais conhecido como Tana, mora na comunidade Itaparanã e é membro associado da Aamfet. Tana gostou da possibilidade anunciada durante o Seminário pelo representante do Idam sobre a realização de um curso de boas práticas na produção de castanha. “O curso de capacitação da castanha é um negócio que a gente já tem prática e aprendemos muito mais. Isso aí vai ajudar muito, porque muitas coisas que não sabíamos, a gente vai levar para a comunidade”, avaliou. 

Já o secretário-geral da Associação da União das Comunidades Indígenas do Trevo de Tapauá (Aucitt), Dieno Fonseca Braga, participou do seminário e se identificou com o conteúdo sobre as associações. “O que mais gostei foi a parte que falaram sobre a associação. Da importância de a gente ter uma associação. É muito bom a gente ter esse conhecimento, ter esse aprendizado. Eu fico muito alegre e feliz por isso”, disse.  

Morador da Aldeia Trevo e do povo Apurinã, Dieno quer levar conhecimento para sua comunidade. “Nesse seminário, aprendemos de que maneira vamos melhorar nossa vida e a vida do pessoal que está lá na comunidade. A maneira que eu vou melhorar, através desse seminário, desse conhecimento que estou tendo hoje, eu vou repassar para a comunidade, paraa aldeia que moro”, afirmou. 

O evento 

A realização do 1º Seminário de Sociobioeconomia de Tapauá é uma construção coletiva articulada pelo Idesam, por meio do projeto Governança Socioambiental Tapauá, em parceria com a Prefeitura Municipal de Tapauá; Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio); Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas (Sedecti-AM); Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-AM); Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam); e Universidade do Estado do Amazonas (UEA); além disso, conta com o apoio da AAMFET, Associação das Mulheres Indígenas Artesãs de Tapauá (Amiata), Associação da União das Comunidades Indígenas do Trevo de Tapauá (Aucitt) e Federação das Organizações e Comunidades Indígenas do Médio Purus (Focimp). 

Sobre o projeto  

O projeto Governança Socioambiental Tapauá teve início em abril de 2022 por meio da iniciativa estratégica Governança Territorial do Idesam, com recursos da Rainforest Association e Embaixada da Nova Zelândia. O projeto tem como prioridade a realização de atividades para o fortalecimento de comunidades em Áreas Protegidas de Tapauá, como a Floresta Estadual (FES) Tapauá, uma Unidade de Conservação estadual; e as Terras Indígenas Apurinã do Igarapé São João e Apurinã do Igarapé Tawamirim. O projeto conta com a parceria da Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Amazonas (Sema-AM) para avaliação e aprovação da execução por meio do Acordo de Cooperação Técnica N.º 003/2023. 

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