Conexão Amazônica
ECONOMIA

Contas públicas têm déficit de R$ 22,8 bilhões em agosto

Dinheiro, Real Moeda brasileira
Publicidade

Dívida bruta está em 74,4% do PIB, anuncia o BC

As contas públicas fecharam o mês de agosto com saldo negativo, mas com melhora de R$ 7,5 bilhões diante do resultado de agosto do ano passado, principalmente em razão do aumento da arrecadação dos governos regionais. O setor público consolidado – formado por União, estados, municípios e empresas estatais – registrou déficit primário de R$ 22,830 bilhões no mês passado, ante déficit de R$ 30,279 bilhões em agosto de 2022. 

Publicidade

Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (29), em Brasília, pelo Banco Central (BC). O déficit primário representa o resultado negativo das contas do setor público (despesas menos receitas), desconsiderando o pagamento dos juros da dívida pública. 

Em 12 meses – encerrados em agosto – as contas acumulam déficit primário de R$ 73,071 bilhões, o que corresponde a 0,70% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país).  

Em 2022, as contas públicas fecharam o ano com superávit primário de R$ 125,994 bilhões, 1,27% do PIB.   

Esferas de governo   

Ao detalhar o resultado das contas por esfera de governo, o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, lembrou que, em agosto de 2022, o Tesouro Nacional pagou R$ 23,9 bilhões referentes ao acordo que extinguiu a dívida de cerca de R$ 24 bilhões da prefeitura de São Paulo com a União.

Em troca, o município encerrou a ação judicial que questionava o controle do aeroporto do Campo de Marte, na capital paulista, que fica sob o domínio do governo federal. 

Segundo Rocha, esse montante impacta os resultados isolados do Governo Central e dos governos municipais, mas quando se olha o setor público consolidado, ele é neutro, já que entra como despesa para um ente e como receita para o outro.  

Na comparação interanual, a conta do Governo Central (Previdência, Banco Central e Tesouro Nacional) teve piora de R$ 23,6 bilhões. No mês passado, esse ente apresentou déficit primário de R$ 26,182 bilhões ante déficit de R$ 49,773 bilhões em agosto de 2022. 

O montante da diferença interanual é quase que exatamente o valor da operação do Campo de Marte. Excluindo essa operação, o resultado primário teria permanecido estável. Rocha explicou que houve redução nas despesas e nas receitas, que praticamente se anularam. A queda nas receitas foi devida, principalmente, à queda na arrecadação com dividendos de empresas públicas e royalties, relacionada a preços internacionais de commodities menores.

Já pelo lado das despesas, a redução é explicada por despesas não recorrentes, que não se repetiram em agosto deste ano, como despesas eleitorais, pagamento de precatórios e até despesas extraordinárias com a pandemia de covid-19. 

O montante do déficit do Governo Central difere do resultado divulgado ontem (28) pelo Tesouro Nacional, de R$ 26,35 bilhões em agosto, porque, além de considerar os governos locais e as estatais, o BC usa metodologia diferente, que leva em conta a variação da dívida dos entes públicos.   

Já os governos estaduais tiveram superávit no mês passado de R$ 1,831 bi, ante déficit de R$ 4,404 bilhão em agosto de 2022. Já os governos municipais registraram superávit de R$ 654 bilhões em agosto deste ano. No mesmo mês de 2022, houve superávit de R$ 22,929 milhões para esses entes, relacionado à operação do Campo de Marte. 

No total, os governos regionais – estaduais e municipais – tiveram superávit de R$ 2,485 bilhões em agosto de 2022 contra resultado positivo de R$ 18,524 bilhões no mesmo mês de 2022.

“Se excluir a operação do Campo de Marte, ao invés dessa piora de R$ 16 bilhões, teria havido melhora no superavit, de R$ 7,9 bilhões nesse período. Essa melhora dos governos regionais é praticamente da mesma magnitude da melhora do resultado do setor consolidado, revelando, portanto, que o resultado consolidado foi devido ao desempenho desses entes”, explicou Fernando Rocha. 

A melhora, segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, é em razão do crescimento das receitas com o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), principal fonte de arrecadação dos governos estaduais e municipais. 

As empresas estatais federais, estaduais e municipais – excluídas as dos grupos Petrobras e Eletrobras – tiveram superávit primário de R$ 866 milhões no mês passado, contra superávit de R$ 970 bilhões em agosto de 2022. 

Despesas com juros   

Os gastos com juros ficaram em R$ 83,731 bilhões no mês passado, contra R$ 35,628 bilhões de agosto de 2022.   

Nesse resultado, há os efeitos das operações do Banco Central no mercado de câmbio (swap cambial, que é a venda de dólares no mercado futuro) que, nesse caso, contribuiu para a piora da conta de juros na comparação anual. Os resultados dessas operações são transferidos para o pagamento dos juros da dívida pública, como receita quando há ganhos e como despesa quando há perdas. 

No mês passado, a conta de swaps teve perdas de R$ 10,5 bilhões contra ganhos de R$ 11,3 bilhões em agosto de 2022. Por outro lado, na comparação interanual, a queda da inflação ajuda a reduzir os juros. 

Também contribuem para a evolução dessa conta o aumento do estoque da dívida em si e o efeito da taxa básica de juros, a Selic, em alta no período.

De março de 2021 a agosto de 2022, o Banco Central elevou a Taxa Selic por 12 vezes consecutivas, em ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis.

Por um ano, de agosto do ano passado a agosto deste ano, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas. No mês passado, o BC iniciou o ciclo de redução e, hoje, a Selic está em 12,75%. 

O resultado nominal das contas públicas – formado pelo resultado primário e os gastos com juros – aumentou na comparação interanual. Em agosto, o déficit nominal ficou em R$ 106,561 bilhões contra o resultado negativo de R$ 65,907 bilhões em igual mês de 2022.   

Em 12 meses, o setor público acumula déficit R$ 762,451 bilhões, ou 7,30% do PIB. O resultado nominal é levado em conta pelas agências de classificação de risco ao analisar o endividamento de um país, indicador observado por investidores.   

Dívida pública   

A dívida líquida do setor público – balanço entre o total de créditos e débitos dos governos federal, estaduais e municipais – chegou a R$ 6,256 trilhões em agosto, o que corresponde a 59,9% do PIB. Em julho, o percentual da dívida líquida em relação ao PIB estava em 59,5% (R$ 6,186 trilhões). 

Em agosto deste ano, a dívida bruta do governo geral (DBGG) – que contabiliza apenas os passivos dos governos federal, estaduais e municipais – chegou a R$ 7,771 trilhões ou 74,4%, com aumento em relação ao mês anterior (R$ 7,685 trilhões ou 74% do PIB). Assim como o resultado nominal, a dívida bruta é usada para traçar comparações internacionais.


© José Cruz/Agência Brasil

Publicidade

Leia mais

Consulta ao décimo terceiro do INSS está aberta

elayne

Item de merenda escolar tem alta de até 96%

elayne

Economia Colaborativa é tema do próximo Papo Sebrae de Finanças

elayne

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Entendemos que você está de acordo com isso, mas você pode cancelar, se desejar. Aceito Leia mais