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Covid-19 e os impactos sociais: a missão de levar assistência à população mais vulnerável do Amazonas

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União, empatia e desafio. Essas são algumas das palavras que definem a missão de garantir cidadania e igualdade social durante uma das maiores crises sanitárias da história do Amazonas. Em conjunto com as ações para reforçar a rede de saúde, o Governo do Estado ampliou os instrumentos de assistência social para as pessoas mais impactadas pela pandemia de Covid-19.

Embora o vírus ataque sem distinção, pessoas em situação de extrema pobreza e em situação de rua foram duramente atingidas pela doença, como explicou a secretária-executiva do Fundo de Promoção Social e Erradicação da Pobreza (FPS), Kathelen Santos, à Agência Amazonas. É para minimizar este impacto que o FPS vem ampliando os esforços.

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Confira a entrevista:

Agência Amazonas: O FPS tem atuação destacada nessa força-tarefa de combate à pandemia. Em quase um ano de luta contra a Covid-19 no Amazonas, como tem sido o trabalho de assistência social no estado?

Kathelen Santos: Assim como todos, nós também fomos surpreendidos com a pandemia no ano passado. A partir daí, todas as ações da assistência social tiveram que ser modificadas e passaram a ter outro foco, que foi o atendimento às famílias mais vulneráveis aos efeitos da pandemia. 

Nosso primeiro desafio em 2020 foi a montagem de um abrigo para pessoas em situação de rua, que era um público que estava em uma situação muito mais vulnerável que as pessoas que tinham um teto naquele momento para morar. 

Foi quando a gente se deparou com o primeiro grande desafio e, junto com a Secretaria de Assistência e Sejusc, tivemos que montar o abrigo e realizar diversas ações como doação de cestas básicas para famílias que começaram a ficar com a situação financeira ainda mais vulnerável. 

AA: O FPS conta com uma rede de parceiros para executar as ações sociais?

KS: Durante todo esse período nós temos contado com o apoio de uma rede estadual de assistência social, que é composta pelo FPS, Seas, Sejusc, Defesa Civil e alguns órgãos do sistema Sepror, como a ADS, que faz a aquisição da produção da agricultura familiar. Nós fazemos a entrega desses alimentos para famílias que precisam.

AA: Um importante instrumento de combate à fome foi implementado este ano: o Auxílio Estadual. Este programa é muito importante para garantir a segurança alimentar da população neste momento difícil. Como é a logística para alcançar as pessoas em um estado de dimensões continentais?

KS: Esse é o nosso maior desafio. Quando o Auxílio Estadual foi pensado, houve toda uma equipe de governo que planejou diversas maneiras de chegar até essas famílias que são as mais prejudicadas nesse momento. Então pensamos em kits de ajuda humanitária, cestas básicas, e justamente por essa questão logística, nós chegamos à conclusão que a maneira mais rápida e relativamente mais fácil de chegar a essas famílias seria através de um cartão, em que eles pudessem adquirir os alimentos para atender às suas necessidades. 

Para que isso acontecesse, uma das principais secretarias que nos ajudaram e continua ajudando é a Casa Militar, além das secretarias que estão nos municípios como a Seduc, Idam e a Polícia Militar. Trata-se de uma verdadeira rede, que ainda inclui o apoio do Detran, da ADS. A gente montou um termo de cooperação técnica e, conforme a gente vai se deslocando para esses municípios, vai pedindo ajuda dessas secretarias.

AA: O FPS também vem recebendo pacientes que foram transferidos para tratamento da Covid-19 em outros estados. Como é feito esse trabalho?

KS:Essa ação inicia desde o momento que o paciente sai daqui de Manaus em direção a outro estado. A partir desse momento, uma equipe técnica chega até a capital onde esse paciente foi se tratar. O técnico faz todo um acompanhamento da evolução do paciente até o momento da alta, em que ele encaminha o paciente para nossa equipe aqui da capital. Esse paciente, chegando recuperado, é recebido por uma equipe psicossocial que faz o acompanhamento para saber qual foi a orientação que ele recebeu de alta, qual protocolo que ele vai dar continuidade aqui na capital. 

Dando continuidade ao acompanhamento, hoje nós temos o programa RespiRAR, que é feito em parceria com a Fundação de Alto Rendimento, em que fazemos todo o acompanhamento junto com os profissionais de acordo com a orientação médica que esse paciente recebeu no momento da alta e a gente fica acompanhando até a plena recuperação dele.

AA: Você acompanhou uma força-tarefa montada pelo Estado para levar ajuda humanitária para as famílias atingidas pela cheia, além da distribuição do Cartão Auxílio Estadual. Qual balanço a senhora já pode fazer e que mensagem a senhora traz de lá?

KS: Enquanto Estado, nós sabemos que há muita coisa ainda para fazer. Como você bem falou no início, nosso estado tem dimensões continentais e só quem sai da capital em direção a um município como Boca do Acre entende que dimensão é essa, que dificuldade é essa. Acredito que todos nós, amazonenses, devíamos parar um pouco, olhar para a gente mesmo, para o nosso estado, para os nossos municípios e ter um pouco mais de empatia por tudo o que está acontecendo. 

Além da pandemia, estamos enfrentando um momento crítico de cheias no estado. Quando chegamos em municípios como Boca do Acre, Envira e Eirunepé, onde as famílias vivem às margens do rio, são situações que fogem da competência do poder público, são fenômenos da natureza. 

Penso que a gente, enquanto amazonense, tem que olhar com mais humanidade e tentar entender um pouco o esforço que todos temos tentado fazer para ajudar essas famílias. 

O Governo do Estado tem feito um trabalho de alcance que, eu diria, governo nenhum conseguiu fazer. Esses são os relatos que nós ouvimos, que nenhum governo conseguiu alcançar 62 municípios em menos de 35 dias, entregando um benefício, um auxílio que está chegando em um momento crítico, e nós temos feito isso. 

AA: Como é fazer parte dessa missão de assistência?

KS: A minha experiência, a minha sensação, é a de que ainda temos muito a fazer, mas estamos fazendo, estamos dando o nosso melhor. Nossos técnicos, as equipes das secretarias nos municípios, principalmente, têm dado todo apoio às nossas ações.

AA: Este momento tem sido muito desafiador não apenas para os profissionais de saúde, mas também para trabalhadores da área social, incluindo a equipe que a senhora lidera. Como foi o trabalho nos hospitais, com a distribuição de lanches e atendimento psicossocial?

KS: Nós temos uma equipe que continua à frente de várias ações e um dos nossos grandes desafios, já no ano de 2021, foi o atendimento das famílias que buscavam informações a respeito de seus pacientes nas unidades hospitalares aqui da capital. 

Nós ainda temos uma ação em que temos as tendas que fazem o acolhimento desses familiares, desde entrega de lanche, kit de higiene individual e também informação em um link direto com o hospital para que a gente possa passar para esse familiar uma informação mais precisa do estado do paciente, até para que essa família não fique tendo que ir todos os dias a porta do hospital.

A equipe do Fundo de Promoção, junto com a rede toda, que é Sejusc, FPS, Seas, teve essa preocupação em dar esse atendimento a essas famílias que buscavam informações.

AA: O momento ainda é de união pelo bem do coletivo. O que dizer para a população?

KS: Eu penso que a melhor forma de a gente ajudar as famílias, as pessoas que estão em situação mais vulnerável, é se protegendo.

Todos nós estamos sofrendo com a pandemia, alguns mais, outros menos, e a população que mais tem sofrido são as famílias em situação de extrema vulnerabilidade. São pessoas que, além do serviço de saúde, precisam da alimentação, precisam manter seus filhos.Além de estarmos com essa preocupação da pandemia, do vírus em si, a gente precisa se preocupar com os que vão precisar de um apoio ainda maior, como a questão da segurança alimentar. 

“Então, se a gente se protege, se a gente fica em casa, além de estarmos nos protegendo e protegendo nossa família, nós estamos protegendo a população mais carente”.

AA: Com o objetivo de alcançar todas as pessoas contempladas com o Cartão Auxílio Estadual, o Governo disponibilizou canais de atendimento para as pessoas  que não foram encontradas nas suas residências terem a oportunidade de receber o benefício. A senhora pode reforçar como vai ser esse processo?

Kathelen Santos: Esses beneficiários que nós não conseguimos encontrar por diversos motivos, ou porque não estavam no endereço ou porque não atualizaram os seus dados, poderão mais uma vez acessar o site www.auxilio.am.gov.br e lá irão poder verificar horário, local e data que vão poder retirar os cartões.

Para os beneficiários que tenham alguma dificuldade em acessar o site, o FPS disponibilizou um call center para que os contemplados também possam consultar local, data e hora para retirada dos cartões. O serviço de call center  pode ser feito das 8h às 18h por meio dos telefones: (92) 99498-7874 e 99267-1185.

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