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Covid e gripe afastam profissionais de saúde e sobrecarregam equipes

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Ministério da Saúde estuda reduzir quarentena para assintomáticos para resolver falta de mão de obra

A alta de casos de síndromes gripais nos últimos dias tem levado ao afastamento de suas funções milhares de profissionais de saúde infectados pela Covid-19 ou pela influenza em várias regiões do país.

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Consequentemente, as equipes na linha de frente estão sobrecarregadas. Diante do quadro, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que o governo estuda a possibilidade de redução da quarentena para profissionais de saúde com teste positivo para Covid-19, o que possibilitaria o trabalho deles mesmo contaminados. Entidades de saúde avaliam a proposta com preocupação.

Em São Paulo, a prefeitura somava 1.585 profissionais afastados por Covid-19 ou síndrome gripal na quinta (6). A rede municipal conta, atualmente, com 94.526 profissionais.

A Secretaria da Saúde destaca que, desde 1º de dezembro, houve um aumento no número de afastamentos. Já a Secretaria de Saúde do Estado informa ter 1.754 profissionais afastados por suspeita ou confirmação de Covid-19 e SRAG (síndrome respiratória aguda grave), até a quinta-feira.

No Rio, desde o início de dezembro cerca de 20% dos profissionais que trabalham na rede municipal de saúde da capital precisaram se afastar periodicamente das funções por causa de Covid-19 ou suspeita de ter a doença ou influenza. Foram cerca de 5.500 profissionais afastados, do total de pouco menos de 28 mil, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.

Entre os profissionais afastados estão médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, farmacêuticos, maqueiros e recepcionistas. Para lidar com a sobrecarga, a prefeitura foca novas contratações.

“A gente já chamou 146 profissionais nas primeiras semanas de janeiro. Na semana que vem serão mais 400 profissionais. No mês de dezembro já haviam entrado 1.200”, diz o secretário de Saúde, Daniel Soranz.

Rio já adotou

No Rio, a quarentena reduzida de cinco dias já é realidade. A secretaria tomou a medida devido ao aumento de casos de Covid, principalmente da variante Ômicron.

“A gente trabalha com um período de cinco dias para os assintomáticos. E eles só retornam ao trabalho depois da testagem. E, para os sintomáticos, a gente trabalha com um intervalo de sete dias. Se os sintomas forem mais graves, determinamos um afastamento maior. E precisa da negativa do teste”, diz Soranz.

Em Belo Horizonte, 487 profissionais de UPAs, Centros de Saúde e Samu estiveram afastados em dezembro por sintomas respiratórios. Plantões extras são ofertados para os que seguem no trabalho.

Queiroga disse que a possibilidade de redução da quarentena para profissionais de saúde ainda é discutida com secretários, mas já adiantou que o Brasil “possivelmente” pode adotar a conduta, estabelecendo uma quarentena de cinco dias para profissionais que estejam assintomáticos.

Atualmente, a recomendação da pasta para quem foi contaminado, com ou sem sintomas, é ficar em isolamento por duas semanas.

O Cofen (Conselho Federal de Enfermagem) considera preocupante a proposta do ministério.

“Os profissionais de enfermagem atuam diretamente na assistência à população, incluindo doentes, imunossuprimidos e convalescentes, entre outros grupos altamente vulneráveis. Reduzir o afastamento para apenas cinco dias implicaria risco de transmissão para a população assistida”, afirmou, em nota.

Arriscado

César Eduardo Fernandes, presidente da AMB (Associação Médica Brasileira), considera a medida arriscada.

“Primeiramente, devemos considerar que o tempo de quarentena estipulado inicialmente, de 14 dias, parece demasiadamente alto para os conhecimentos que temos agora da doença. O recomendável seria pelo menos sete dias e até no máximo dez dias. Isso seria apropriado. Abaixo de sete dias não seria recomendável trazer o profissional de saúde. Exceto em condições extremamente excepcionais, como alguns países estão enfrentando”, afirmou.

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