Entre as insatisfações citadas pelas comunidades, aparecem os altos valores pelos serviços da concessionária, a falta de diálogo e de transparência e a instalação ineficiente da estrutura de energia
Manaus (AM) – Cidadãos de diversos bairros e comunidades de Manaus têm se organizado nos últimos dias para se manifestarem contra a empresa prestadora dos serviços de energia do estado, concessionária Amazonas Energia. Entre os motivos questionados, segundo os manifestantes, estão o valor da cobrança pelos serviços, a falta de diálogo e as instalações da estrutura de energia. O próximo ato está previsto para ocorrer no sábado (29).
De acordo com o líder comunitário do Conjunto Canaranas, Lívio Nascimento, a empresa Amazonas Energia realiza uma série de atividades que prejudica a população. Uma delas é o desligamento do serviço de energia dos moradores sem a devida notificação prévia a respeito do corte de luz na residência.
“A concessionária chega de um modo e joga um papelzinho por cima do muro da casa dizendo que no outro dia vai desligar a energia e não é o jeito certo de se fazer. Segundo a resolução da ANEEL tem que ser com setenta e duas horas de antecedência. A concessionária precisa esclarecer a situação para a população. Mas, o que vemos é o contrário”, explica o líder comunitário.
Além disso, Lívio denuncia a má instalação do Novo Sistema de Medição Centralizada (SMC) que é feito com fio de alumínio. Conforme o líder comunitário, é recomendado no manual de instalação do SMC a utilização de fios de cobre, pois o fio de alumínio acaba esquentando e, como consequência, há a elevação do preço da conta de luz.
Com o aumento do consumo de energia elétrica, Lívio alerta que os mais atingidos são os mais pobres e aqueles que eram beneficiários da Tarifa Social, mas que acabaram perdendo o benefício.
“Sem contar que tem muita gente que tinha tarifa social. Na primeira conta que chegou sem a tarifa social deu mais de oitocentos reais. A pessoa não sabe se compra remédio, se compra comida ou se paga uma energia. É desesperador”, diz Lívio.
O líder comunitário também ressalta que a Amazonas Energia não encaminhou uma equipe para fazer um questionamento socioeconômico da região e questiona o motivo da empresa ter escolhido uma das comunidades mais pobres de Manaus para iniciar a instalação do novo medidor de energia.
“Eu perguntei também porque priorizaram começar pelo cidadão 1, que é um conjunto que tem o maior índice de pessoas de baixa renda. Por que não começaram pela Ponta Negra? Perguntei para a Amazonas Energia e até hoje eles não conseguiram me responder”, conta o líder comunitário de Canaranas.
Outro problema relacionado ao serviço da empresa, conforme Lívio, é a instalação de postes com fios de eletricidade ao lado do contador de água que pode causar graves acidentes.
“A gente sabe que água e luz não combinam, não precisa ser perito. Água e energia não dão certo. Pode passar uma criança, pode morrer. Eles estão colocando poste em locais que podem desabar e estão fazendo com pressa e tudo que é feito na pressa está errado”, critica.
Segundo Lívio, as comunidades ainda discutem sobre a realização da próxima manifestação contra a concessionária no sábado (29) e que, neste momento, ainda organização reuniões em cada bairro para decidir o futuro do ato.
Manifestações anteriores
Após a instalação do Novo Sistema de Medição Centralizada (SMC), pela concessionária Amazonas Energia, nos bairros de Manaus, muitos moradores se revoltaram com o aumento dos preços do serviço de energia elétrica nas residências.
Assim, ao saber que a empresa Amazonas Energia iria efetuar a instalação do novo medidor no conjunto Canaranas, a população se mobilizou, juntamente com os moradores do Conjunto Fazendinha, na Cidade Nova, para impedir que estrutura fosse montada nos postes e realizaram uma manifestação na quarta-feira (19).
De acordo com o líder comunitário de Canaranas, Lívio Nascimento, muitas pessoas ficaram sem energia elétrica, pois não conseguiram pagar os altos valores cobrados na conta de luz pela concessionária. “Se nós não lutarmos, nós vamos retroceder e viver na lamparina, na vela, como se fosse nos primórdios, no tempo da caverna”, diz o líder comunitário.
Muitos moradores da capital amazonense criticam a nova medição por cobrar altos preços do consumo de energia elétrica e afirmam ser valores abusivos.
Já no dia seguinte, na quinta-feira (20), houve uma manifestação no Novo Aleixo contra o preço abusivo. No terceiro dia de protestos, um grupo de manifestantes se reuniu na Avenida Torquato Tapajós contra o aumento da conta de luz. No local, foram incendiados papelões no meio da via.
Em vídeos divulgados nas redes sociais, é possível ver os moradores expulsarem os caminhões da concessionária, que instalariam o novo medidor. Em seguida, as imagens mostram o grupo de manifestantes comemorarem a saída da empresa da região.