Ensino com grade curricular diferenciada está com novo período de matrículas
Gravidez precoce, busca pelo sustento, falta de apoio. Muitas são as causas que levam centenas de jovens mulheres a desistirem do ensino básico. Os sonhos, no entanto, seguem ali, guardados, esperando a oportunidade de serem realizados, e é na Educação de Jovens e Adultos (EJA) que muitas dessas mulheres encontram o caminho para retomar os estudos e buscar o crescimento profissional em um novo momento da vida.
A autônoma Maria Roziele da Costa, de 54 anos, é uma dessas mulheres que precisou deixar a escola antes de concluir o Ensino Médio. Desde 1992, ela não frequentava a escola como aluna e chegou a trabalhar em algumas como auxiliar de serviços gerais, uma das atividades desenvolvidas para sustentar os três filhos.
Aos 18 anos, ela engravidou, casou e parou os estudos para cuidar da família. Neste ano, ela voltou a ser estudante, na Escola Estadual (EE) Deputado Josué Cláudio de Souza, no bairro Coroado, zona leste de Manaus. Maria é uma das mais de 27 mil pessoas inscritas na Nova EJA, da Secretaria de Estado de Educação e Desporto.
“Depois que eu me separei, ou eu trabalhava para me sustentar ou eu estudava. Já vendi bombom na rua, lavei roupas para fora, fui auxiliar de serviços gerais, fiz diárias, até começar a vender comida. Eu perdi muitas oportunidades por não ter concluído o estudo, até bolsa para cursos eu perdi por não ter o Ensino Médio. Agora eu vou fazer o vestibular e cursar Gastronomia também”, planeja Maria.
A caçula, de 17 anos, cursa o Ensino Médio no ensino regular e dá um suporte para a mãe, que também está aprendendo a usar o computador para assistir aos conteúdos do “Aula em Casa”. A autônoma diz que sempre soube a importância de estudar e incentivou os filhos a buscar conhecimento para ter uma carreira.
“Eu sempre disse para eles não deixarem acontecer com eles o que aconteceu comigo, pois o estudo é fundamental. Para as mulheres, especialmente, eu digo que o estudo é a única coisa que ninguém pode tirar de você. Sem o estudo a gente tem muitas barreiras, e eu sou exemplo disso. Agora, eu vou atrás de todas as oportunidades”, comemora a estudante.
Realização pessoal – A autônoma Zenaide Nogueira, de 56 anos, teve apoio do marido para continuar estudando e para trabalhar, quando casou aos 16 anos. Porém, deixar os filhos com babá era preocupante demais, e ela optou por interromper os estudos e se dedicar à família. Há 17 anos, com a prole independente, ela viu na EJA a oportunidade de concluir os estudos, como sempre sonhou.
“Eu tive total apoio da minha família, meu filho às vezes ia me buscar na escola. Eu me dediquei aos meus filhos e não vejo como prejuízo, eu voltei para a escola quando pude. Fiquei viúva agora, durante a pandemia, e estamos nos recuperando. Quando a pandemia acabar eu pretendo procurar uns cursos para me especializar. Hoje, eu trabalho com doces, vendo produtos e me viro aqui”, diz a egressa da EJA.
Zenaide diz que a experiência com a Educação de Jovens e Adultos foi boa e a ajudou a crescer. “Fiz amizades que tenho até hoje, os professores eram muito bons. Dedicando-se, a gente aprende e aproveita bem as aulas”, avalia.
Matrículas – A Secretaria de Educação abriu um novo período de matrículas para alunos retardatários que têm interesse em concluir os estudos por meio da Nova EJA. O procedimento está sendo realizado pelo Portal de Matrículas, no link www.matriculas.am.gov.br, para aqueles que possuem a documentação completa, e também de maneira presencial, para os estudantes que não têm acesso à internet ou a documentação completa necessária.Nesta quarta (10/03) e quinta-feira (11/03), os postos de atendimento presencial irão funcionar na capital e interior. O horário de funcionamento será das 8h às 17h. As escolas que estarão realizando atendimento presencial em Manaus são: CEJA Paulo Freire, EE Diana Pinheiro, CEJA Agenor Ferreira, EE Antônio Encarnação, Centro Cultural Thiago de Melo, EE Ruth Prestes e EE Roberto dos Santos Vieira.
Nos municípios do interior, a matrícula na Nova EJA será feita pela Coordenadoria Regional de Educação (CRE) de cada cidade, que deverá disponibilizar telefones de contato e horário de atendimento para a comunidade escolar. O Portal de Matrículas também poderá ser utilizado nos municípios que dispõem de sinal de internet.
FOTOS: Eduardo Cavalcante/Seduc-AM e Divulgação
Educação de Jovens e Adultos: mulheres retomam estudos e buscam realizar sonhos pessoais e profissionais
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