Pleito tende a colocar o futuro da gestão econômica em dúvida, paralisar reformas e inibir a entrada de investimentos no Brasil
A combinação entre juros altos, inflação e coronavírus vai ganhar as Eleições 2022 como uma ameaça adicional ao crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) — soma de bens e serviços produzidos no país — no ano que vem.
A dúvida leva em conta que as incertezas trazidas durante os pleitos, principalmente os que envolvem possíveis mudanças no Executivo, criam dúvidas a respeito do futuro e sempre colocam em risco as expectativas de crescimento da economia.
“As eleições trazem uma certa incerteza para o crescimento, com um principal impacto nos investimentos, que são afetados em momentos de incerteza e trocas de governo”, afirma Patrícia Krause economista-chefe da Coface para a América Latina.
Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, a disputa acalorada deve impactar ainda mais as incertezas. “2022 é ano eleitoral, no qual, historicamente há pequenos avanços nas necessárias reformas estruturantes para melhora do ambiente fiscal, o que deve ser ampliado pelo atual dicotômico ambiente político”, avalia ele.
Patrícia destaca que o pleito pode trazer também uma volatilidade cambial. “Isso pode ser um efeito e até um risco para que a questão inflacionária de 2022”, observa ela ao comemorar a independência do BC (Banco Central) pela primeira vez em um período eleitoral.
As percepções são confirmadas pelas expectativas apresentadas semanalmente pelo BC (Banco Central), que já preveem uma alta de apenas 0,5% do PIB no ano que vem. “Essa sinalização indica que apenas vamos repor as perdas causadas pela pandemia”, diz Sanchez.
Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos, por sua vez, prevê que as perdas causadas pela pandemia já serão revertidas neste ano, apesar da recessão técnica, e o desafio é manter a alta da atividade em 2022.
“Nossa expectativa é de um crescimento zero do PIB em 2020, de que não haverá avanço e nem contração da economia. Alguns setores devem ter uma retração importante, mas a agropecuária, que foi mal neste ano, deve apresentar uma recuperação forte”, analisa Rachel.