Há muita especulação em relação às consequências da COVID-19 para o organismo de pacientes atingidos pela doença, principalmente depois da recuperação. Uma dúvida importante é saber o que este vírus pode provocar no cérebro. Para esclarecer algumas questões, o Dr. Marcelo Valadares, médico neurocirurgião da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e do Hospital Albert Einstein elencou alguns mitos e verdades sobre o tema.
A Covid-19 pode interferir nas funções cognitivas (aprendizagem, memória, atenção)? Verdade. Um trabalho inédito, publicado no início de fevereiro pelo InCor (Instituto do Coração) da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), revela que, após o fim da infecção, surgem problemas como perda de memória, dificuldade em manter o foco e/ou a atenção como antes no cotidiano e dificuldades com a percepção visual.
A perda do olfato é um sintoma incomum após o paciente ser infectado? Mito. No caso da infecção por coronavírus, é muito comum que lesões nos nervos e bulbos olfatórios levem à perda de olfato (anosmia). Em um estudo europeu de 2020, em 87% dos pacientes a anosmia foi um dos sintomas mais comuns da doença. Embora a incidência de casos permanentes seja muito menor (cerca de 5%), a infecção viral é capaz, também, de levar à anosmia permanente. Porém, em alguns casos, existe tratamento para a recuperação.
A doença aumenta as chances do AVC (Acidente Vascular Cerebral)? Verdade. A Covid-19 está ligada a um aumento na formação de coágulos em artérias, podendo levar ao AVC. Estudos internacionais, principalmente nos Estados Unidos, identificaram que muitos pacientes jovens com Covid-19 também foram diagnosticados com Acidente Vascular Cerebral.
A Covid-19 pode levar a sequelas neurológicas permanentes
Mito. A infecção por SARS-CoV-2 já demonstrou causar sintomas de longo prazo, mesmo após a resolução do quadro respiratório. Além da perda do olfato, os pacientes podem sentir principalmente dores de cabeça crônica, sensação de fadiga no corpo, tontura, fraqueza generalizada e até mesmo ansiedade e depressão.
Por enquanto, estudos apontam que são condições passageiras, mas que merecem atenção do paciente e acompanhamento médico.