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ECONOMIA

Especialistas orientam como famílias podem evitar maiores endividamentos durante e no pós-pandemia

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Controlar as finanças tem sido o grande desafio para muitas famílias que tiveram que adaptar os gastos em função da pandemia causada pelo novo coronavírus (Covid-19). Para tentar evitar maiores endividamentos durante e, também, pensando no pós-pandemia, o consultor econômico, Marcus Evangelista, dá algumas orientações de como segurar a inflação doméstica.

“Infelizmente, as pessoas estão cada vez mais endividadas, seja pelos compromissos mensais, seja pelas compras necessárias. Mas, o grande mal que consome a capacidade financeira das famílias é a inflação doméstica que passa despercebida. Por isso é muito importante que as pessoas se atentem à alguns pontos para que possam se livrar dessa inflação silenciosa que acontece todas as vezes que a família vai às compras”, destaca Marcus Evangelista.

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Para fazer o monitoramento das finanças da família, as dicas do especialista destacam:

  • Planilha de controle: O ideal é criar uma planilha num papel ou no computador para monitorar os preços dos produtos que a família consome no seu dia a dia. Infelizmente, alguns produtos disparam nesse momento de crise e toda a atenção se faz necessária na hora da compra.
  • Desapego às marcas: Nesse momento, não se deve se prender à determinadas marcas de produtos. Se no momento da compra o preço daquele produto estiver divergente da sua planilha, não pense duas vezes em substituir por uma marca similar.
  • Substituição de produto: Os preços flutuam também em questão da safra e entressafra, nesse caso, estar atento e substituir por outro que esteja em maior oferta é a saída para não furar o controle.
  • Fazer compras sem levar as crianças: A emoção e influência da mídia faz com que as crianças busquem consumir produtos conhecidos e que estejam na moda. Tudo isso sai mais caro do que aqueles produtos menos conhecidos. Para não ter esse perigo é aconselhável deixar sempre as crianças em casa na hora de ida às compras.

Hora de ‘apertar o cinto’

Fazer cortes naquilo que não era essencial foi uma das primeira medidas que o advogado Michael Benedicto Silva adotou como forma de ‘apertar o cinto’, assim que veio a pandemia.

“Houve um acréscimo nas despesas porque tínhamos acabado de nos mudar de endereço e foi preciso reestruturar a casa nova. Além disso, por uma questão de saúde e de segurança, trouxemos alguns parentes para morar conosco em função do distanciamento social. Hoje somos cinco adultos e um bebê de um ano e quatro meses em casa. Por conta da crise, definimos algumas prioridades na casa”, revela Silva.

Michael que atualmente trabalha em uma concessionaria de serviço público, revelou que teve que cortar gastos com compras de eletrodomésticos, reduzir a conta de telefone, assinatura de internet, entre outras despesas para que fosse possível dar prioridade aos serviços essenciais como: conta de energia elétrica, água e alimentação.

PNAD Contínua

As previsões de crescimento esperadas para a economia em 2020 no Brasil, foram praticamente perdidas em função da pandemia. Enquanto isso, na última quarta-feira (6), a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) 2019, divulgou os dados sobre os rendimentos do trabalho no Brasil daquele período. O estudo mostrou que em 2019, o rendimento do 1% que ganha mais, equivale a 33,7 vezes o da metade da população que ganha menos.

Segundo a PNAD Contínua, os que possuíam algum tipo de rendimento eram 131,2 milhões (62,6% da população), tendo o Sul apresentado o maior porcentual em todos os anos da série (68,1%), enquanto Norte (54,5%) e Nordeste (58,5%), os menores.

A Pesquisa mostrou também que o contingente de pessoas que possuíam rendimento de todos os trabalhos teve leve subida de 43,4% da população (90,1 milhões) em 2018 para 44,1% (92,5 milhões) em 2019. Já o percentual com rendimentos provenientes de outras fontes passou de 24,9% (51,8 milhões) para 25,1% (52,7 milhões) no período.

Para a região Norte, a PNAD mostrou que de 2018 para 2019, houve redução de 6,4% no rendimento de todas as fontes e um aumento de 3,1% para a região Nordeste. Nas demais regiões, as variações ficaram abaixo de 1,0%.

A participação do rendimento de todos os trabalhos foi mais baixo no Nordeste (65,8%) e mais alto no Centro-Oeste (76,3%). Já o rendimento proveniente de aposentadoria ou pensão teve menor participação no Norte (16,7%) e Centro-oeste (17,5%), e maior no Nordeste (25,5%), no Sul (20,4%) e no Sudeste (19,7%).

De 2018 para 2019, apenas a região Norte apresentou redução no rendimento médio domiciliar per capita (-5,3%). Já o Nordeste obteve o maior incremento no período (4,5%).

Incertezas

Mesmo com as movimentações sinalizadas pelo Governo Federal, Marcus Evangelista ressalta que as perspectivas para o setor da economia ainda giram em torno de incertas.

“O Governo brasileiro tem tentado ativar a economia e ao mesmo tempo controlar a inflação, tanto é que reduziu a Taxa Selic (taxa média ajustada dos financiamentos diários apurados no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia para títulos federais) à 3% ao ano. Ainda assim, o período é incerto e o cuidado com as finanças domésticas é importante para que, ao término da pandemia, as famílias não estejam ainda mais endividadas”, reforça Evangelista que é diretor da Exithus Consultoria.

Para Caio Andrade, consultor da startup Inn.legal, o momento pede cautela das famílias e atenção para minimizar os impactos nas finanças domésticas, além de reprogramar as economias para momento pós-crise.

“Agora é hora de manter a atenção nos gastos essenciais e também de reprogramar as despesas que surgirão no pós-pandemia. Pensando nisso, as famílias podem se antecipar à futuros gastos”, reforça o especialista.

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