O circuito de apresentações da Cia. Rã Qi Ri, que ocorre entre o fim do mês de setembro e o início de outubro, também acompanha uma exposição fotográfica
O espetáculo “Recriando Mitos Tikuna” apresenta trechos contados e recriados do universo mítico do povo indígena. A obra teatral integra a programação do Projeto de Circulação de Espetáculos da Companhia Teatral A Rã Qi Ri – Circuito Rã 2024, que leva a apresentação e a exposição “Os Saltos da Rã” para a educação de jovens e adultos das escolas municipais.
As próximas apresentações do espetáculo acontecem na Escola Municipal Nazira Chamma Daou, e a exposição acontecerá entre os dias 23 e 25 de setembro, encerrando com o espetáculo no dia 25, às 19h. Finalizando o projeto, a Escola Municipal Joaquim da Silva Pinto é quem receberá a apresentação, com a exposição iniciando no dia 1 de outubro e encerrando com a apresentação do espetáculo no dia 03 de outubro, também às 19h.
O circuito teve início na Escola Municipal Ana Mota Braga, com a exposição a partir do dia 10 de setembro, encerrando com a apresentação do espetáculo no dia 12 de setembro. O projeto também passou pela Escola Municipal Vicente de Paula, com exposição iniciada no dia 17 de setembro e apresentação do espetáculo no dia 19 de setembro.
A exposição fotográfica que acontece em conjunto com o circuito teatral conta com 34 fotografias em tamanho A4 e retrata, de forma cronológica e apoiada em textos descritivos, os espetáculos produzidos pela Companhia Teatral A Rã Qi Ri ao longo de seus 32 anos de existência na cena amazonense. O projeto foi contemplado com recursos da Lei Paulo Gustavo, com apoio da Prefeitura de Manaus e do Governo Federal.
Enredo
Ao mesmo tempo em que apresenta uma paródia das relações do colonizador com o colonizado, o espetáculo “Recriando Mitos Tikuna” conta mitos da etnia Tikuna – em particular os que se referem à criação e ao ritual da Moça Nova, ambos recriados em dramatização que envolve a participação de espectadores, de acordo com o ator Rodrigo Verçosa.
Os figurinos da obra não se propõem a uma representação realista dos trajes de conquistadores e indígenas, mas procuram escapar ao exotismo, apresentando indumentárias e acessórios cênicos dotados de elementos iconográficos que fazem referência às culturas representadas.
“A cenografia propõe a utilização de objetos que pertencem ou remetem à arte Tikuna. Estes objetos estão no interior de um cesto cilíndrico colocado no meio do palco. O referido cesto representa o continente da memória do povo Tikuna e dele são retirados os elementos para a construção dos relatos dos mitos, como máscaras e instrumentos musicais. Um semicírculo formado por folhas de papel delimita o espaço sagrado das narrações. Ao fundo esquerdo do palco, instala-se uma cabana estilizada, a qual servirá ao ritual da Moça Nova. Para a contação dos mitos, são convidados dois espectadores que serão integrados à narração da mitologia Tikuna”, afirma ele.
Concepção
O “Recriando Mitos Tikuna” é fruto de um outro espetáculo chamado: “Os teus olhos eu quero comer!… É bom!… ou… Nem deus nem diabo em terra bamba”, de Nereide Santiago, que foi levado à cena em 1996. Nesse espetáculo, as relações do colonizador com o colonizado são parodiadas em quadros intercalados por narrativas Tikuna, de acordo com o ator e dramaturgo Augusto Marinho. “O espetáculo é o resultado de uma pesquisa da companhia teatral sobre o processo de colonização sofrido na América Latina, as narrativas vivas da nação Tikuna e seu universo”, declara ele.
Marinho já teve a experiência de apresentar o mesmo espetáculo em forma de monólogo. “Na época estava professor do Centro de Formação Superior da UEA em Tabatinga, e coordenava o Núcleo Universitário de Teatro de Tabatinga – NUT. Nessa ocasião fomos convidados a participar da III Semana de Arte Brasileira m Letícia – Colômbia. Como não tínhamos ainda uma produção, solicitei à professora Nereide autorização para representar somente as narrativas Tikuna”, diz.
Assim surgiu o monólogo ‘Recortes de Mitos Tikuna’, que teve sua primeira apresentação em terras colombianas no dia 13 de maio de 2003. “Em 2009, em Manaus, o espetáculo sofre uma nova adaptação, ampliando o texto e a participação de um elenco maior, com o qual já realizou mais de vinte apresentações, dentre elas a de 14 de março de 2010 quando venceu, no Teatro Amazonas, o II Festival Breves Cenas de Teatro”, completa Augusto.
Ficha técnica
Nereide Santiago: Diretora Artística, Dramaturga, Fotógrafa
Cleonor Cabral: Assistente de Direção, Sonoplasta, Fotógrafa
Adilson Araújo: Ator
Arnoldo Chaves: Ator
Augusto Marinho: Ator, Cenógrafo, Figurinista, Apoio Exposição
Gorete Lima: Atriz, Preparadora Corporal, Apoio Exposição
João Filho: Confecção de Cenário, Restauração de Adereços
Melqui Lopes: Ator, Apoio Exposição
Neuriza Figueira: Atriz
Rodrigo Verçosa: Ator, Edição Gráfica, Apoio Exposição
Rosejanne Farias: Atriz, Preparadora Vocal
Dione Maciel: Execução de Figurino
Renan Moreira Rodrigues: Tradutor-Intérprete em Libras
Renata Gomes Pinto: Social Media
Ruth Jucá: Créditos fotográficos
Tânia Feitosa: Costureira
Cão-Guia Acessibilidade Ltda.: Audiodescritores