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Extrativistas clamam por direitos e reconhecimento na cop30

© Bruno Peres/Agência Brasil
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Centenas de líderes extrativistas de diversos biomas brasileiros marcharam pelas ruas de Belém, defendendo seus direitos territoriais e o papel crucial das reservas de uso sustentável no equilíbrio ecológico e nos serviços ambientais essenciais para combater as mudanças climáticas. O ato, denominado “Porongaço dos Povos da Floresta”, reuniu seringueiros, castanheiros, ribeirinhos, pescadores artesanais, quebradeiras de coco e outras comunidades tradicionais sob o lema “a morte da floresta é o fim da nossa vida”.

A caminhada, iluminada pelas porongas – lamparinas tradicionalmente usadas por seringueiros –, simbolizou a luta histórica do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), fundado em 1985 sob a liderança de Chico Mendes, que deu voz aos extrativistas contra a violência, a grilagem e a destruição ambiental nos seringais do Acre.

O evento ocorreu paralelamente à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em Belém. Letícia Moraes, vice-presidente do CNS, destacou a relação intrínseca entre as comunidades extrativistas e seus territórios: “Nós, populações extrativistas, compreendemos o território como extensão dos nossos corpos. Então, se a floresta não está bem, se os rios não estão bem, se o maretório [área costeira] não está bem, nós não estamos bem.”

Moraes enfatizou que os territórios sob o cuidado das comunidades tradicionais são os únicos que possuem floresta viva, fruto de uma relação de cuidado e pertencimento. Dados do CNS revelam que as reservas e projetos de assentamento agroextrativistas protegem mais de 42 milhões de hectares de florestas e rios, representando 5% do território nacional. Estima-se que essas áreas armazenem aproximadamente 25,5 bilhões de toneladas de CO2 equivalente, o que corresponde a cerca de 11 anos das emissões totais do Brasil.

Na COP30, o líder extrativista Joaquim Belo, como enviado especial, busca garantir que os serviços ecossistêmicos prestados por essas populações sejam incluídos como metas de mitigação das mudanças climáticas. “Nós somos solução para diversos problemas das mudanças climáticas, porque nós cuidamos da floresta e ela tem esse papel no equilíbrio climático”, afirmou Belo.

Ao final da marcha, um documento do CNS foi entregue à ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que elenca uma série de demandas, incluindo o reconhecimento formal das reservas extrativistas, reservas de desenvolvimento sustentável e demais territórios tradicionais na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) brasileira e nos tratados climáticos nacionais e internacionais.

O documento também reivindica priorização desses territórios em políticas de adaptação e mitigação, com investimentos consistentes e permanentes em proteção territorial, gestão comunitária, vigilância territorial e incentivos a práticas sustentáveis de uso da floresta.

Marina Silva, ex-seringueira no Acre, lembrou de sua trajetória ao lado de Chico Mendes e destacou o papel fundamental das comunidades tradicionais como guardiões da floresta, ressaltando que o modo de vida dessas comunidades protege a floresta, a biodiversidade e sequestra carbono, representando uma solução valiosa para os desafios climáticos. A ministra enfatizou a necessidade de ampliar as políticas públicas em prol dessas comunidades.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

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