Há tempos você está pensando em fazer algo mais ousado na cama. Mas tem receio de que seu parceiro ou parceira possa achar que você está passando dos limites no pacto erótico da relação. Ninguém deveria ter vergonha de suas fantasias sexuais – desejos, até quando envolvem tabus, são saudáveis tanto para a saúde emocional quanto para a busca do prazer individual.
Antes de descobrir como realizar suas fantasias com a pessoa que ama é importante dar um passo atrás: vocês conversam tudo mesmo sobre sexo? É o questionamento que propõe o psicólogo Marlon Mateddi, da plataforma Sexo Sem Dúvida.
Casal que não conversa sobre sexo nunca alcança o patamar máximo de prazer que poderia. Transar sem fantasia cansa. Quem as coloca em prática, tem satisfação por muito mais tempo.
Pode até ser que a pessoa não embarque na sua imaginação – afinal, para que seja gostoso é preciso que os dois lados estejam confortáveis na cena. Mas nada impede que você explicite seus desejos para seu parceiro ou parceira.
Saia do cenário ‘o que outro vai achar?’ e tenha clareza daquilo que deseja experimentar. Saiba o que quer e fale com o parceiro sem pretensões. Muita gente não consegue se expressar por conta da timidez e fica achando que o parceiro não toparia, sem nem tentar.
É o que aconselha a psicanalista e sexóloga Lelah Monteiro.
“Depois desse primeiro passo, as conversas fluem melhor.” Universa apresentou aos especialistas em sexualidade fantasias femininas que envolvem grandes tabus, tanto em relações hétero, quanto homossexuais. Confira o que eles propõem para cada caso.
“Gostaria de penetrar meu parceiro com uma cinta peniana”
É raro que um homem heterossexual cis tenha uma relação pacífica com o prazer que carícias na regial anal podem proporcionar. Ali mora o tabu máximo moldado pela masculidade tóxica, que impede que homens sejam mais fluidos. É o que explica Caroline Freitas, psicóloga da plataforma Sexo Sem Dúvida.
Nesse caso, entramos em um campo minado. Os homens costumam associar o próprio prazer anal como uma ameaça à virilidade.
Segundo Caroline, nesse cenário,o ideal é construir uma relação de confiança aos poucos com ele. “Comece com beijos, lambidas, penetrando levemente com um dedo”, aconselha a psicóloga.
“Dedos são bem-vindos, mas o passo seguinte não deve ser objetos com ponta. Importante: o vibrador vaginal não é o mesmo que deve ser usado nesse local”, diz Lelah. “Como o seu desejo é usar a cinta, seu parceiro precisará ir se acostumando aos poucos antes que esteja pronto para uma penetração como essa. Se ele aceitar as carícias, vá evoluindo até que cheguem à sua fantasia.”
“Sou bissexual e namoro uma lésbica. Gostaria de convidar um rapaz para um ménage”
Não há nada de errado com esse desejo, dizem os especialistas. Mas é necessário tomar cuidado ao abordá-lo para não gerar desconforto à sua parceira – acima de tudo é preciso respeitar limites. “Essa fantasia poderia afetar a confiança da namorada na relação, pois se ela encarar como uma competição é muito complicado. A vontade precisa ser muito bem conversada para que a mulher lésbica consiga participar e não fique só observando a cena de fora”, diz Caroline.
Para que não haja problemas nessa conversa, Lelah indica deixar claro que a terceira pessoa é apenas um convidado para a diversão de ocasião. Não há laços efetivos ali.
Esse convidado irá embora e o sexo continuará entre as mulheres do casal. Essa vontade é uma fantasia e não está colocando em prova a relação ou o prazer que essas mulheres já têm juntas.
Lelah prossegue. “Um papo bem claro mostrando que não é o amor que está em jogo, apenas uma fantasia sexual, pode ajudar a selar o acordo e por a fantasia em prática.”
“Quero transar a três com meu marido e mais um cara”
“A gente nem imagina, mas essa é uma fantasia muito comum entre os homens”, diz Caroline. “O princípio do ménage é que os três elementos consigam ter prazer juntos, interagindo juntos. Se o seu parceiro se sentir ameaçado por outro homem, pode ser que ele não consiga se soltar o suficiente para ter prazer naquele momento”, completa.
A psicóloga indica trazer para a conversa pontos que o deixarão seguro, mostrando que ele é parte importante dessa fantasia. “Deixe claro que o seu desejo é experimentar e ter bons orgasmos. Mas que seu parceiro é ele”, ensina Lelah.
Combinem antes o que poderá ser feito, com o que vocês se sentem confortáveis e o que é proibido na hora dessa transa. O combinado não sai caro “E, após o prazer, conversem sobre o que sentiram.
Manter o diálogo aberto após a realização da fantasia também é muito importante”, recomenda Lelah.