Medicamentos injetáveis como Ozempic, Wegovy e Mounjaro, utilizados no tratamento da obesidade e diabetes tipo 2, ganharam popularidade por seus efeitos no emagrecimento. Contudo, um estudo recente apresentado nos Estados Unidos durante a Obesity Week, analisou o que acontece quando o uso desses medicamentos é interrompido, e os resultados indicam que mais da metade dos usuários recupera parte do peso perdido em até um ano após a suspensão.
A pesquisa, ainda pendente de publicação, foi conduzida em Nova Iorque sob a liderança do endocrinologista Michael A. Weintraub. A equipe investigou dados de 17.935 pacientes que utilizaram agonistas do receptor GLP-1, medicamentos como as “canetas emagrecedoras”, para tratar obesidade ou diabetes tipo 2, sempre sob prescrição médica.
Esses medicamentos mimetizam a ação do hormônio intestinal GLP-1, aumentando a saciedade e estimulando a liberação de insulina pelo pâncreas quando a glicose está elevada.
Os pesquisadores analisaram um extenso banco de dados com prontuários eletrônicos e informações de planos de saúde, acompanhando o histórico de peso dos pacientes entre 2010 e 2024, antes, durante e após a interrupção do uso dos medicamentos. Os resultados mostraram que, um ano após a suspensão, 58,4% dos usuários recuperaram peso, enquanto apenas 34,4% mantiveram o peso ou continuaram a emagrecer. O estudo também revelou que quanto maior a perda de peso inicial, maior a tendência ao reganho.
Especialistas ressaltam que os medicamentos não são soluções permanentes. Paulo Miranda, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), enfatiza a necessidade de um tratamento focado no longo prazo, com monitoramento adequado e acompanhamento multiprofissional.
A explicação para o reganho de peso reside na forma como o corpo reage à perda significativa de peso, entendendo-a como uma ameaça à sobrevivência. O organismo aumenta o consumo energético para repor o que foi perdido, o que pode intensificar a sensação de fome, e simultaneamente reduz o gasto calórico. Assim, ao suspender a medicação, os efeitos adaptativos do corpo se sobressaem, favorecendo o retorno ao peso anterior.
Embora o tratamento da obesidade deva ser encarado como um processo contínuo, isso não implica necessariamente o uso perpétuo de medicamentos. A duração do uso da medicação é individualizada e as respostas aos agonistas do GLP-1 variam. Estudos apontam que uma parcela dos usuários pode não obter resultados expressivos com esses medicamentos.
Além da medicação, a prática de atividade física, a adoção de hábitos alimentares saudáveis e o acompanhamento médico são cruciais para a manutenção do peso e da saúde. A variação de peso após a suspensão dos medicamentos pode levar à perda de massa muscular e ao ganho de gordura em maior proporção, especialmente sem ajustes na alimentação e atividade física regular. A utilização isolada de medicamentos, sem orientação médica e apoio multidisciplinar, pode levar a uma piora metabólica, em vez de uma melhora duradoura da saúde.
Fonte: saude.abril.com.br


