Nas últimas semanas, a vida de Maria do Socorro Pantoja Marreiro, 51, não poderia ter tido mais emoções: ela realizou o sonho da casa própria e ainda recebeu a chave do seu futuro apartamento das mãos do presidente da República, Jair Bolsonaro, na última quarta-feira, 18/8, durante a inauguração oficial comandada pelo prefeito David Almeida, do residencial multifamiliar Cidadão Manauara 2, etapa B, localizado no bairro Santa Etelvina, zona Norte.
Ao lado da filha de 10 anos, ela conta os dias para sua mudança, que deve ocorrer no início de setembro, quando poderá pagar um frete. Maria é uma das centenas de famílias contempladas dentro do programa habitacional da Prefeitura de Manaus, que integra o programa federal “Casa Verde e Amarela”, do Ministério do Desenvolvimento Regional.
As mudanças dos novos mutuários, que vão pagar o apartamento em financiamento com a Caixa Econômica Federal em 10 anos, iniciaram neste domingo,22. Em razão das medidas de distanciamento por causa da pandemia da Covid-19, os beneficiários foram divididos em grupos, dentro do cronograma inicial, que começou neste domingo e segue até a próxima quarta-feira, 25, tendo prazo de até 30 dias para realizar suas mudanças.
A futura moradora do residencial atende pelo menos três dos principais critérios da portaria federal n° 163/2016, que instituiu o Sistema Nacional de Cadastro Habitacional (SNCH), tendo renda familiar compatível com a modalidade, no caso a faixa 1, até R$ 1.800; família com mulher responsável pela unidade familiar, comprovado por autodeclaração; e família com uma Pessoa com Deficiência (PcD). Maria é PcD e há 8 meses mora num lugar cedido a ela, onde trabalha cozinhando e cuidando de uma criança.
“Não conseguia mais pagar o aluguel de R$ 400 e as despesas de água, energia, alimentação. Foi quando me cederam para morar numa casa onde trabalho”, disse ela, ansiosa pela mudança e por poder conseguir ter esperança de dias muito melhores. “Quero fazer alguma atividade para aumentar a renda, eu cozinho, faço bolos. Já fiz manicure. Fiquei bastante nervosa ao receber a chave do presidente, foi muita emoção”, lembra ela, que sempre morou de aluguel ou de favor, como conta. Agora, ela vai pagar R$ 104 do financiamento.
Neste domingo, segundo levantamento da Vice-Presidência de Habitação e Regularização Fundiária (Vpreshaf), 30 famílias fizeram suas mudanças para a etapa B do conjunto habitacional. Seis delas tiveram apoio extra da Prefeitura de Manaus, seguindo diretrizes do prefeito David Almeida, porque não tinham como arcar com os custos do transporte ou de um frete. Caminhões das secretarias municipais de Infraestrutura (Seminf) e de Limpeza Urbana (Semulsp) estão ajudando a realizar os sonhos desses cidadãos.
Nesta segunda-feira, 23, uma força-tarefa montada pela prefeitura com as secretarias vai realizar 26 mudanças já agendadas para pessoas desempregadas e em vulnerabilidade social, numa verdadeira iniciativa humanitária.
Recomeço
Há quase 3 anos, a dona de casa Sarita Corrêa Borges, 70, que recebe auxílio por invalidez, viu a história de sua vida se transformar em um dos maiores incêndios que o Amazonas já tomou conhecimento, o do bairro do Educandos, onde mais de 600 casas foram consumidas pelas chamas. Ela e mais 4 filhos moravam no local, que virou cenário de destruição, uma semana antes do Natal de 2018.
Apesar da tragédia e de uma vida de dificuldades, Sarita fala com esperança e alto-astral sobre ter um lugar para voltar a chamar de seu. Há mais de 8 anos ela foi diagnosticada com uma deficiência na coluna, que seria de nascença. Para o residencial, a idosa se mudará com um dos filhos, de 42 anos. “Tudo o que tenho foi doado. Não tenho guarda-roupa, nem cama. Mas estou muito feliz pela mudança e agradeço a Deus, em primeiro lugar, por ter sido atendida. Durante todos esses anos nunca tive uma casa boa como este apartamento. No Educandos, na enchente, a gente vivia em cima das marombas, com a água nas pernas. Mas nunca deixei de ser feliz. Perdi os bens, mas tenho meus filhos e netos todos vivos”, conta.
São quatro filhos, 17 netos e quatro bisnetos. A família, infelizmente, teve uma morte em 2019, quando um dos netos de Sarita foi assassinado no Educandos, deixando dois filhos órfãos. “A vida de quem mora de aluguel é muito incerta. No dia que você não tem o dinheiro, só existe tensão e a necessidade de precisar mudar de novo”, declara.
Desempregada e chefe de família, Leila Maciel da Silva, 45, se mudou neste domingo para a etapa B do Manauara 2, com um filho de 18 anos. Ela morava no São Raimundo, zona Oeste, numa quitinete há 1 ano e 4 meses. “Minha família se juntou e pagou um frete, porque estou desempregada há muito tempo e consigo me sustentar fazendo bicos, manicure e depilação. Esse é um sonho conquistado e só tenho a agradecer a todos os envolvidos, ao prefeito David Almeida, a quem fez a obra, à Caixa Econômica e até ao engenheiro. É uma vitória na minha vida”, fala Leila.
A vida de incertezas de precisar morar de aluguel ou dependendo da família e de terceiros acabou para a dona de casa. “Digo para as pessoas que não percam a esperança. O benefício existe. Sejam verdadeiros para receber a alegria. Deus existe e fez essa maravilha”. Leila é uma das mais novas moradoras do bloco 23.
Meta
O prefeito David Almeida já lançou o programa “Casa para Todos”, cuja meta é a construção de mais de 5 mil unidades habitacionais de interesse social em diversos bairros da capital. “Nós temos essa entrega de 500 casas e a perspectiva é de fazer 5 mil habitações na cidade de Manaus, em parceria com o governo federal”, comenta Almeida.
O objetivo do programa é a construção de novos conjuntos habitacionais, além da oferta de lotes pequenos e urbanizados. Conforme o prefeito, o projeto prevê a criação de um Núcleo de Apoio Técnico à Moradia, que será responsável por orientar o cadastramento das famílias nos programas habitacionais.
Residencial
Cada torre do residencial Cidadão Manauara 2 tem cinco andares, sistemas de gás encanado e de água, além de instalações hidrossanitárias.
Os apartamentos são adaptados, atendendo à Norma Brasileira (NBR) nº 9.500, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que trata da acessibilidade a edificações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos para PcDs, inclusive nas áreas comuns.
Os futuros moradores serão isentos de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), como medida da gestão David Almeida, por lei municipal.
Texto – Claudia do Valle / Implurb
Fotos – Altemar Alcântara / Semcom