Na Semana do Circo, Manaus recebe a estreia do documentário Estradas e Rastros, um registro poético da cena circense da cidade, conectando arte, ancestralidade e resistência cultural. A exibição acontece nesta quarta-feira, 26 de março, no cinema do Casarão de Ideias (Rua Barroso, 279, Centro), com entrada gratuita.
O curta é dirigido por Teffy Rojas, malabarista e palhaça Venezuelana, formada na Fundación Escola Circo Nacional de Venezuela (FCNV) no programa “Perfeccionamiento Artístico” em Malabares e Equilíbrios (2012-2013). Desde 2015, reside na cidade de Manaus, onde participa de diversos grupos culturais que promovem as artes circenses na cidade. Além de projetos independentes de pesquisa sobre artes integradas entre o circo e outras linguagens artísticas, por meio dos quais oferece oficinas e outras atividades, também produz e participa de diversos projetos de circo social em periferias e comunidades ribeirinhas.
O filme transcende o convencional ao unir realidade e imaginação, criando uma experiência audiovisual que traz artistas circenses e suas trajetórias.
“O que me motivou a criar esse documentário foi a necessidade de mostrar ao mundo o quão desafiador é ser artista de circo em uma cidade com uma forte história de resistência e ancestralidade, mas que ainda luta para ser reconhecida como uma potência artística”, destaca Teffy, diretora do filme.
Por meio do circo, Estradas e Rastros investiga memórias, poéticas e desafios diários dos artistas em Manaus. O filme retrata a arte corporal como um meio de expressão e resistência, destacando sua importância na retomada da identidade – especialmente para artistas indígenas no contexto urbano.
“Acredito muito na força do audiovisual na construção da memória. Conectar minha ancestralidade com isso e com o circo me faz refletir sobre a importância desse resgate”, afirma Andira Angeli, artista circense que participa do documentário.
O documentário é conduzido por dois três artistas da cidade e, Andira Angeli e Jean Winder na cena do circo e Rafael César na poesia. A narrativa acompanha um poeta andarilho que atravessa os cenários urbanos em busca de seres encantados – artistas cujas habilidades transformam a selva de concreto em um espaço de magia e reflexão. Entre realidade e sonho, o documentário se firma como um manifesto visual sobre a potência do circo e sua relação com a cidade e seus habitantes.
“É um prazer enorme participar desse filme, porque ele une elementos reais e poéticos. Dentro do documentário, sou um personagem imaginário, o que cria um contraste interessante entre a fantasia e a realidade dos artistas”, comenta o poeta amazonense Rafael César, poeta que integra o elenco.
A trilha sonora, composta coletivamente em um processo de improvisação, adiciona camadas emocionais à obra, criando uma imersão sensorial que dialoga diretamente com a estética circense e a atmosfera do filme.
“A música, a dança, a acrobacia, a poesia e a direção de arte são elementos que surgem da relação dos artistas com o território e com sua identidade”, ressalta Jean Winder, artista circense presente no documentário.
A equipe conta ainda com Alain Vasquez, performer de circo tradicional, Stivisson Menezes na trilha sonora, Iogan Montefusco na trilha sonora e visualidades, Paulo Desana na direção de fotografia, George Augusto na direção de edição, Tayana Kerollen na fotografia e mídias, Ananda Guimarães e Maria Fernanda Carmim na audiodescrição, Fabrício Maia como intérprete de libras, Brisa Ramos na produção executiva e Luzeiros das Artes como produtora.
Estradas e Rastros tem Apoio do Governo do Estado/ Conselho Estadual de Cultura/ Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa através do EDITAL Nº 01/2023 – LEI PAULO GUSTAVO – CHAMAMENTO PÚBLICO PARA AÇÕES NA ÁREA DO AUDIOVISUAL