A Prefeitura de Manaus realiza, a partir de novembro, a segunda rodada dos fóruns de vinculação ao pré-natal deste ano, nos cinco Distritos de Saúde (Disa) da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa). O Disa Oeste será o primeiro a discutir ações relacionadas à morbimortalidade materna, que é o objetivo central do evento, no dia 1º/11, na Unidade 3 do Centro Universitário Fametro, localizado na Chapada, zona Centro-Sul.
Os temas centrais das programações, que acontecerão nos dias 1⁰, 11, e 17/11, e também no dia 1º/12, serão a prescrição regular de Ácido Acetilsalicílico (AAS) e suplementação de cálcio, durante o pré-natal, para mulheres com maior risco de desenvolver pré-eclâmpsia, e o aconselhamento genético da gestante com traço falciforme, trabalho que passará a ser realizado pelas unidades da Semsa, conforme as orientações do Ministério da Saúde.
A chefe da Divisão de Atenção à Saúde da Mulher da Semsa, enfermeira Lúcia Freitas, explica que a expectativa é de que as discussões para a implantar as duas medidas, amparadas pelo Ministério da Saúde, que inclusive elogiou a cidade de Manaus por já estar orientando mulheres que apresentam quadro de risco para a pré-eclâmpsia sobre o uso concomitante do AAS e do cálcio, sejam muito produtivas.
“Esta já é a segunda edição do evento, que tem como proposta oferecer um espaço para que profissionais da Atenção Primária à Saúde e da Atenção Secundária à Saúde discutam questões relativas à morbimortalidade materna e infantil. São pautas que foram alinhadas nos pré-fóruns, mas que serão amplamente discutidas para identificarmos os nossos ‘gargalos’ e alinhar fluxos de atendimento para aprimorar, cada vez mais, o nosso serviço”, pontua Lúcia.
Os fóruns reúnem médicos clínicos, ginecologistas obstetras, enfermeiros, equipes técnicas da rede de saúde pública e particular, além de professores de instituições de ensino superior e representantes de organizações da sociedade civil, que aprofundam a análise em busca de soluções para situações que ocorrem no cotidiano das unidades de saúde.
Temas
Lúcia Freitas destaca que a prescrição regular de Ácido Acetilsalicílico (AAS) e a suplementação do Carbonato de cálcio+colecalciferol, durante o pré-natal para mulheres com maior risco de desenvolver pré-eclâmpsia, reduz em até 70% as possibilidades de complicações durante o parto.
A pré-eclâmpsia, condição que algumas mulheres apresentam durante a gravidez, é caracterizada pela hipertensão e proteinúria (presença de proteínas na urina), podendo levar a complicações graves tanto para a mãe quanto para o bebê.
“A placenta das mulheres com pré-eclâmpsia pode não funcionar adequadamente, acarretando em redução do fluxo sanguíneo materno-fetal, levando à restrição do crescimento intrauterino, parto prematuro ou à necessidade de uma cesárea de emergência. Com a prescrição do AAS e do cálcio, esse risco é reduzido significativamente, por isso, precisamos discutir o tema”, esclarece Lúcia.
Lúcia acrescenta que o aconselhamento genético, quando diagnosticado o traço falciforme, é outro ponto a ser amplamente discutido nos fóruns de vinculação pré-natal, seguindo a orientação do Ministério da Saúde que está propondo a descentralização do aconselhamento para a Atenção Primária. O exame de Eletroforese de Hemoglobina permite a identificação dos tipos de hemoglobina que podem ser encontrados no sangue e é solicitado quando a gestante faz o pré-natal.
A enfermeira Gerda Costa, técnica da Divisão de Atenção à Saúde da Mulher, destaca que as gestantes diagnosticadas com Doença Falciforme serão acompanhadas, de forma síncrona, pela Atenção Primária e pela Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (FHemoam). A mulher que tem essa doença habitualmente tem dores musculares, que costumam ficar mais frequentes durante a gravidez. Além disso, a paciente costuma ter anemia, que pode piorar devido à perda de sangue, infecções, inflamações e outros estados que exigem um cuidado e uma orientação específica.
“A partir do exame de eletroforese, que já é realizado pela Atenção Primária, podemos rastrear a Doença e o Traço Falciforme, acompanhando de forma qualificada a gestação, por meio de um projeto terapêutico singular, isto é, específico para a gestante portadora das anteditas afecções”, explicou a enfermeira.
Texto – Tânia Brandão / Semsa
Fotos – Divulgação / Semsa