As ações lideradas pelo Comando Militar da Amazônia (CMA), sob ordem do Ministério da Defesa, envolvem o reforço da presença do Estado na região e iniciaram um mês após uma comitiva do governo federal visitar o local, prometendo medidas urgentes de segurança
Iniciada na segunda-feira, a megaoperação Jacuixito, na terra indígena Vale do Javari (AM), seguirá por tempo indeterminado. As ações lideradas pelo Comando Militar da Amazônia (CMA), sob ordem do Ministério da Defesa, envolvem o reforço da presença do Estado na região e iniciaram um mês após uma comitiva do governo federal visitar o local, prometendo medidas urgentes de segurança.
A operação Jacuixito (acrônimo dos rios da região, Javari, Curuçá, Ituí, Itaquaí e Quixito) busca reforçar, com 500 militares, a já existente operação Ágata, um trabalho permanente do Exército nas fronteiras brasileiras, incluindo o Vale do Javari.
O grande porte da ação é considerado um destaque, tendo em vista o histórico das ações do Exército na terra indígena, presente no território por meio de dois Pelotões Especiais de Fronteira (PEF) e da 16ª Brigada de Infantaria de Selva, em Tabatinga (AM).
“Ano passado tivemos quatro operações dessa magnitude, não nessa área do Vale do Javar, [mas], ano passado tivemos operações o tempo todo [na terra indígena]. Esse ano tá sendo a primeira vez que temos”, afirmou para A CRÍTICA o diretor de comunicação social do CMA e porta-voz da operação, coronel Luiz Cláudio.
As atividades da ação envolvem patrulhamento fluvial, atendimentos sociais à população e controle de pontos críticos. São 34 embarcações, duas aeronaves e viaturas, além de equipamentos militares.
Presença
Quando recebeu os ministros do novo governo, no mês passado, a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) criticou a ausência do Estado na região, que atualmente é palco de crimes ambientais e tráfico internacional de armas e drogas. O local é o mesmo em que o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips foram assassinados, no ano passado.
Segundo o diretor de Comunicação, a megaoperação não ocorreu antes por “fatores práticos” ligados à logística. Apesar disso, ressalta ter havido ações de menor porte.
“Isso requer um planejamento bastante detalhado. Uma previsão de suprimentos muito antecipada, por isso mesmo não foi uma coisa de ultima hora”, explicou.
Embora a megaoperação aconteça em meio a uma tentativa do novo governo de reforçar a presença do Estado nas terras indígenas, como aconteceu recentemente no território Yanomami, o coronel Cláudio buscou distanciar o acontecimento e a mudança na gestão federal, e disse que a ação já estava prevista desde o ano passado.
“Você pode perguntar ‘por que agora’, porque casou com uma notícia, talvez, mas não, é porque as condições a serem checadas para que isso aconteça são muito grandes”, pontuou.
Segundo ele, 90% dos recursos da operação já haviam sido enviados no ano passado, quando a Jacuixito começou a ser planejada.
(Foto: Paulo Bindá)
Waldick Junior
Fonte: acritica