A cerimônia do Oscar na noite deste domingo (25/4) premiou, pela primeira vez, uma mulher de origem asiática na categoria de melhor direção. A cineasta chinesa Chloé Zhao recebeu o prêmio pelo filme Nomadland, sobre uma mulher em busca de trabalhos após uma depressão econômica nos Estados Unidos. O longa também recebeu a estatueta de Melhor Filme.
A cineasta de 39 anos nasceu na China e viveu no país até os 14 anos. Zhao foi também é a segunda mulher a ganhar o prêmio de Melhor Diretor no Oscar. A única outra mulher premiada na categoria é Kathryn Bigelow, que venceu por Guerra ao Terror em 2009.
A cerimônia de premiação em Los Angeles teve outras vitórias inéditas. Ano passado, o sul-coreano Parasita se tornou o primeiro filme em língua estrangeira a ganhar o prêmio de Melhor Filme. Neste ano, a diretora Regina King abriu a cerimônia mencionando o veredito de Derek Chauvin, o policial condenado na semana passada em todas as três acusações na morte de George Floyd.
“Como mãe de um filho negro, conheço o medo com que tantos vivem – e nenhuma quantidade de fama ou fortuna pode mudar isso”, disse King.
O prêmio de melhor atriz coadjuvante também teve ineditismo: Youn Yuh-jung, de 73 anos, foi a primeira atriz coreana a ganhar um Oscar, por seu papel como uma avó rabugenta no drama familiar Minari. Foi também a primeira atriz asiática a ganhar um Oscar desde 1958, quando a japonesa Miyoshi Umeki recebeu a estatueta por seu papel coadjuvante em Sayonara, e a segunda na história.
Em seu discurso de agradecimento – considerado um dos melhores da noite -, a atriz sul-coreana ensinou como se pronunciava o nome dela para todos os que estavam assistindo (corrigindo um erro de quem anunciou o prêmio, o ator Brad Pitt, produtor executivo de Minari) e disse que, naquela noite, “todos estavam perdoados”.
“Eu não acredito em competição”, disse ela. “Como posso ganhar de Glenn Close? Esta noite, estou aqui porque tenho mais sorte do que você”, disse, arrancando risadas. “Acho que talvez seja a hospitalidade americana com uma atriz coreana”, disse, fazendo todos rirem ainda mais.
Também fez história a equipe de maquiagem e penteados do longa A Voz Suprema do Blues. Mia Neal e Jamika Wilson, que venceram ao lado de Sergio Lopez-Rivera, foram as primeiras mulheres indicadas na categoria e agora se tornaram as primeiras vencedoras negras do prêmio.
“Quero agradecer aos nossos ancestrais que trabalharam, foram negados, mas nunca desistiram”, disse Neal ao aceitar o Oscar da equipe.
“Jamika e eu rompemos este teto de vidro com muita empolgação para o futuro. Porque eu posso imaginar mulheres trans negras de pé aqui, nossas irmãs asiáticas, nossas irmãs latinas e mulheres indígenas. E eu sei um dia isso não será incomum ou inovador, será apenas normal.”
A Voz Suprema do Blues conta a história das tensões em um estúdio de música de Chicago no final dos anos 1920, quando uma ardente cantora de blues e sua banda se reuniram para uma sessão de gravação.
O filme é estrelado por Viola Davis, que recebeu sua quarta indicação ao Oscar, tornando-a a atriz negra mais indicada na premiação.
Foi também uma surpresa que o desempenho energético de Chadwick Boseman no mesmo filme não tenha sido premiado no Oscar. Boseman morreu no ano passado aos 43 anos e ganhou prêmios postumamente por sua atuação no Critics Choice Awards, SAG e no Golden Globe Awards. Uma das grande expectativas da noite era sua vitória no Oscar.
Em vez dele, quem levou o prêmio de Melhor Ator foi Anthony Hopkins, por sua interpretação de um homem com demência em Meu Pai. Aos 83 anos, Hopkins se tornou o ator – masculino ou feminino – mais velho a ganhar o prêmio. Antes dele, era Christopher Plummer quem mantinha o recorde, que tinha 82 anos quando venceu em 2012 por sua atuação no filme Toda Forma de Amor. Hopkins não compareceu à premiação. Esta foi sua segunda vitória como Melhor Ator.