Conheça o valor nutricional das Plantas Alimentícias Não Convencionais
Caminhos da Reportagem
Nesta edição do Caminhos da Reportagem, nutricionistas, chefs de cozinha, agrônomos e consumidores que priorizam a alimentação saudável falam sobre a diversidade das Pancs, o valor nutricional que elas oferecem e ensinam como preparar pratos saborosos utilizando essas plantas.
O termo Panc nos faz lembrar do “Punk”, um movimento de contracultura dos anos 1970. Mas o que o Caminhos da Reportagem apresenta nesse episódio são as Plantas Alimentícias Não Convencionais (Pancs), que nascem espontaneamente e podem ser encontradas em quintais, lotes e jardins.
O biólogo Valdely Kinupp criou a sigla Panc e é coautor de um livro que reúne 351 espécies dessas plantas – Divulgação
Lepidium, caruru, beldroega, peixinho e azedinha são algumas das 351 espécies de Pancs catalogadas pelo biólogo Valdely Kinupp, o criador da sigla “Panc”. Ele é coautor de um livro sobre essas plantas. “A gente sistematizou informações das pessoas do passado, de etnias indígenas do Brasil, de conhecedores tradicionais do Brasil e do mundo que estavam dispersas em artigos, teses, dissertações, livros atuais, livros de cem, duzentos anos atrás”, explica Kinupp. Segundo ele, o palmito da bananeira e o miolo do mamoeiro, por exemplo, podem ser considerados partes alimentícias não convencionais de plantas convencionais.
A nutricionista Bruna de Oliveira faz diversos preparos com Pancs que encontra em seu quintal e até mesmo no bairro onde mora. Entre as receitas estão chutney de mamão maduro com palma, coração de bananeira em conserva e geleia de hibisco. Jemima Andrade é designer de interiores e também descobriu nas Pancs uma alternativa para compor a alimentação diária de toda a família.
Nutricionista Bruna de Oliveira criou diversas receitas com Pancs – Divulgação
A panc Peixinho da horta é consumida empanada e frita – Divulgação
As Pancs já são tema de aulas em cursos de gastronomia e também são usadas em pratos especiais servidos em restaurantes. O pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Nuno Rodrigo Madeira ressalta o quanto os alimentos ainda são desperdiçados. “Dos alimentos convencionais o desperdício chega a 30%. Se a gente incluir as partes não convencionais, isso deve saltar para 40%, 50% da comida que a gente não aproveita”. De acordo com Nuno, estudos da Embrapa mostram que as Pancs são nutritivas: o caruru tem alto índice de proteína, e a azedinha é rica em vitamina C.
Segundo o engenheiro agrônomo Athaualpa Costa, como as Pancs não acompanharam o processo comercial, surgiu certo preconceito com esses alimentos. “Comer mato é uma coisa que a gente come quando está sem dinheiro, é coisa de pobre: ‘Agora eu tenho dinheiro pra comprar uma alface, agora eu posso comprar um brócolis que é mais caro’. Então, esse processo de abandono total é que é o triste da história. Por que não conhecer mais, por que não buscar isso para o nosso cardápio diário?”.
As Pancs já estão nas aulas de gastronomia do Senac – Divulgação
Ficha técnica
Reportagem: Flavia Peixoto
Produção: Pollyane Marques
Apoio à produção: Mariana Silva (Rede Minas) e Lucas Motta (TV Encontro das Águas – Manaus)
Imagens: Rogerio Verçoza, Sigmar Gonçalves e André Rodrigo Pacheco
Apoio às imagens: Osvaldo Alves, Bruno Francis (Rede Minas) e Francisco Barroso (TV Encontro das Águas – Manaus)
Auxílio técnico: Dailton Matos
Colaboração técnica: Hugo Montenegro, Alexandre Souza, Thiago Souza, Thyago Pignata e Jairom Rio Branco
Edição de texto: Suzana Guimarães
Edição de imagens e finalização: Jerson Portela
Arte: Dinho Rodrigues