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ECONOMIA

Parlamentares do AM contrariam Bolsonaro sobre inflação

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O presidente Jair Messias Bolsonaro fez declarações atribuindo a alta inflacionária ao isolamento social que o país enfrentou durante o pico da pandemia

Manaus (AM) – Na última terça-feira (11), o presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), fez declarações em conversa com apoiadores, atribuindo a alta inflacionária ao isolamento social que o país enfrentou durante o pico da pandemia. Nesta quinta-feira (13), o portal Em Tempo entrou em contato com membros da bancada amazonense na Câmara Federal para apurar se os parlamentares concordam o chefe do Executivo. 

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“Temos problemas. Inflação. Está o mundo todo com esse problema. Você lembra do ‘fique em casa, a economia a gente vê depois?’ Estamos vendo a economia. O cara ficou em casa, apoiou, e agora quer me culpar da inflação”, afirmou o presidente.

  Conforme o deputado federal Marcelo Ramos (sem partido), opositor declarado do presidente Bolsonaro, a sua declaração acerca da inflação é mais uma forma de atribuir culpa de seus próprias problemáticas como gestor.  

“O presidente Bolsonaro tem o patético método de transferir responsabilidades. O responsável pela inflação é ele pela sua incompetência e incapacidade de dar bons rumos a economia do país. Quem atrasou a volta à normalidade das atividades econômicas foi ele com seu negacionismo e com o seu atraso na compra de vacinas”, afirmou Ramos.

Em suas redes sociais, o deputado também fez críticas à gestão do governo Bolsonaro, ao publicar que o legado de controle da inflação do Plano Real, está sendo “jogado fora”.

“O controle da inflação foi o maior ganho do Plano Real. Esse legado está sendo jogado fora por um governo inepto. No que é essencial pra vida do cidadão (energia, gás, gasolina e comida) a inflação é muito maior que a oficial e corrói o poder de compra da renda do cidadão”, escreveu ele.

  O deputado federal, Sidney Leite (PSD), também discorda da declaração de Bolsonaro. Segundo ele, o país está enfrentando inúmeras problemáticas que levaram o país a atingir tais dados alarmantes na economia.  

“Nós temos vários problemas, começando pela má condução da política econômica pelo ministro Paulo Guedes, mas desde segurança jurídica, como também política. O maior comprador dos produtos brasileiros é a China, que é o nosso maior parceiro de relação comercial e o governo em muitos momentos criticou duramente a China, dificultando as relações”, disse o deputado.

Sidney também fez pontuações acerca da falta de investimento que determinados segmentos do país estão submetidos e como isso afeta todo o sistema econômico do Brasil, refletindo diretamente nos dados inflacionários de 2021.

“Também há o baixo investimento em infraestrutura principalmente no que diz respeito a logística, comunicação e redução da disponibilidade de crédito. Hoje o BNDS (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) está em um patamar de quase uma década atrás e isso deixa clara a falta de uma política econômica de investimento no ramo da construção civil, da infraestrutura e também das relações comerciais”, finalizou o deputado.

O deputado federal Silas Câmara (Republicanos), aliado de Bolsonaro e membro da bancada evangélica, se opõem a declaração do presidente de que a inflação está ligada ao isolamento social e afirmou que sua opinião acerca do assunto se baseia na declaração do Banco Central. 

“A declaração em nota do Banco Central, nessa semana, dá conta de que a inflação está intimamente ligada ao crescimento de preço de petróleo e energia elétrica, entre outras coisas. Energia elétrica é por conta da questão de falta de água nos reservatórios, e a questão do combustível é mercado internacional de preço de barril de petróleo. Portanto, quero crer que o Banco Central tenha razão”, salientou Silas. 

Segundo o deputado federal José Ricardo (PT), a culpa da alta inflação é justamente o governo Bolsonaro, principalmente no setor dirigido pelo ministro da economia Paulo Guedes. Para ele, não existe um projeto de desenvolvimento organizado pela gestão. 

“O governo é culpado por essa inflação. O governo deixou de investir na infraestrutura no país, investir na construção de casas, saneamento, mobilidade urbana e obras que poderiam estar gerando emprego para melhorar a economia. O governo também não está apoiando as microempresas, que são as que mais geram emprego e aumentam a produção e ele simplesmente vetou o projeto que trata o apoio aos agricultores familiares”, explicou o petista. 

José também salientou que no ano de 2022, os números serão ainda piores, devido a incapacidade de fazer uma administração voltada para o povo brasileiro. 

Especialista 

O economista Leonardo Braule Pinto, explica que para a compreender o motivo de uma crise na inflação brasileira, é necessária uma análise econômica, sem a interferência de declarações baseadas em achismos e interesses políticos.

Posso dizer que diante de tal informação (declaração do presidente) nada podemos afirmar com tanta veemência. É necessária toda uma análise macroeconômica de médio prazo para se chegar a tal conclusão. Então por conta disso, digo que é se torna necessária uma análise aprofundada

, afirmou Leonardo

A inflação 

Segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) do ano passado ficou em 10,06%, superando a meta de inflação, que era de 3,75%, e o teto de tolerância, de 5,25%.

Após a declaração do presidente, Banco Central do Brasil, publicou uma carta aberta ao ministro da Economia, Paulo Guedes. O documento que foi assinado pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem como objetivo, explicar o motivo do descumprimento da meta de inflação registrada no ano de 2021.

“Os principais fatores que levaram a inflação em 2021 a ultrapassar o limite superior de tolerância foram os seguintes: forte elevação dos preços de bens transacionáveis em moeda local, em especial os preços de commodities; bandeira de energia elétrica de escassez hídrica; e desequilíbrios entre demanda e oferta de insumos, e gargalos nas cadeias produtivas globais”, foi colocado no documento.

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