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Pesquisa da FGV inclui Manaus na agenda da agricultura urbana e periurbana

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O resultado do levantamento irá fomentar um documento norteador nos processos de planejamento urbano e agricultura que será divulgado em Brasília

Uma caravana formada por representantes do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do TEEB Agricultura & Alimentos vinculado ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNuma) esteve ao longo da última semana em Manaus para realizar um levantamento com agricultores familiares, organizações da sociedade civil, gestores municipais e estaduais com o objetivo de fortalecer a agenda de agricultura urbana e periurbana, que consiste na inserção da agricultura nos processos de planejamento da cidade.

Na última quarta-feira (14) a coordenadora do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV, Ana Moraes, e o especialista em sistema agro-ambientais, Jay Von Amstel, do TEEB Agricultura & Alimentos reuniram na sede da Secretaria de Produção Rural (Sepror), situada no bairro Japiim, zona Sul da cidade, com representantes de distintas secretarias do Governo do Amazonas para ouvir ideias, sugestões e apresentar a “Agendas municipais de agricultura urbana e periurbana: um guia para inserir a agricultura nos processos de planejamento urbano”. 

Segundo a FGV, a proposta do documento é apontar os caminhos que podem ajudar os municípios a impulsionar e institucionalizar a prática, entendida como fundamental para promover segurança alimentar e nutricional, gerar renda às populações vulneráveis, reduzir a distância entre produtores e consumidores, gerar benefícios ambientais, além de garantir às cidades maiores resiliência frente aos impactos das mudanças do clima.

A comitiva percorreu alguns municípios como Iranduba e Maués em busca de entender como funciona a agricultura familiar. A comitiva desembarcou em Manaus com experiências adquiridas nas regiões Sul e Sudeste do país.

Aqui, se depararam com outra realidade, uma vez que a existência de algumas comunidades está ligada diretamente com o plantio e também com as águas do rio. Ana Moraes detalha que ao visitar os arredores da cidade foi surpreendida com a presença de árvores frutíferas.

“A primeira coisa que visitamos uma horta agroecológica no cinturão verde de Manaus foi a presença de árvores frutíferas. A gente tem que pensar hortas que dialogam com a regionalidade. Aqui estamos falando de muitas árvores que geram frutos, muitas punks, rasteiras e outras culturas que crescem em baixo dessas árvores.

Um outro ponto que identificamos é impossível trabalhar o conceito de agricultura urbana e periurbana sem falar dos fluxos migratórios e também falar dessa invisibilidade da ancestralidade indígena”, detalhou Ana. 

Para Ana é necessário inserir no documento a relação dos povos originários com a agricultura. “Fomos muito sensibilizados pela situação que ocorre no Parque das Tribos e são comunidades indígenas que trazem a própria essência agroecológica e não tem como desaguar na cidade. A gente tem que inserir esse contexto de alguma forma (no documento). Como podemos reconhecer essa ancestralidade ao incorporar hortas e agricultura urbana nas cidades amazônicas? E Manaus nos apresentou esse cenário”, complementou.

Outra realidade

A comitiva desembarcou no Amazonas na terça-feira (13) e reuniu com organizações da sociedade civil de cidades do interior conheceu outra realidade.

“Nas cidades que frequentou, na verdade, a gente vê uma cultura de subexistência vistas nas comunidades rurais, ribeirinhas e extrativistas. E que são pura essência agroecológica e tem os próprios manejos naturais de práticas ancestrais. Na verdade, não temos que ensinar nada, mas aprender com eles. A oportunidade que vejo é trabalhar na sede dos municípios”, declarou Ana.

Segundo Ana, a forma de se trabalhar no interior seria a inserção desses alimentos nas refeições das crianças em período escolar.

“A gente vê crianças com alimentação ultraprocessadas e isso é uma realidade geral, não somente do Amazonas. As merendas serem provenientes da alimentação mesmo dos agricultores de comunidades rurais e ribeirinhas. Surge também uma oportunidade de se trabalhar na sede do município com farmácias verdes e fitoterápicos naturais. No interior as oportunidades são muito nítidas de se desenvolver na sede”, frisou. 

O resultado da pesquisa que irá fomentar o guia será divulgado no dia 16 de julho em Brasília (DF). O resultado do trabalho que está sendo realizado no Amazonas fará parte de um relatório nacional a ser apresentado ao Governo Federal até o final do ano.

“O que a gente quer é aprofundar mais na realidade desses municípios. Vamos conseguir identificar quais são os graus de maturidade das agriculturas urbanas que estão sendo executadas na cidade, que tipo de agricultura, quais os desafios dos municípios que não desenvolveram esse conceito. E a partir desse entendimento fazer recomendações e orientações muito precisas”, pontuou Ana. 

A insegurança alimentar é um fator levado em consideração nos últimos tempos. O especialista em sistema agro-ambientais, Jay Von Amstel, do TEEB Agricultura & Alimentos vinculado ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNuma), destaca que todos têm o direito a alimentação.

“Esse abastecimento (de alimento ) é feito e gera uma série de impactos sobre a natureza que é a base da vida. Cada vez mais tem se buscado entender como a gente traz a natureza para dentro do desenho da cidade e ao mesmo tempo seja uma solução que gere um leque grande de benefícios. E a agricultura urbana é muito interessante para a região amazônica nesse contexto”, disse. 

O secretário executivo Adjunto de Política Agrícola, Pecuária e Florestal do Amazonas, Airton Schneider, destacou duas iniciativas do Governo do Amazonas que já atuam, mesmo que de forma embrionária, com agricultura urbana: a feira da Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (ADS) e também o Programa Estadual de Combate ao Desperdício e à Perda de Alimentos (PCODEPA), que coleta diariamente em dois supermercados de Manaus, alimentos que não foram comercializados e seriam descartados, mas ainda mantêm todos os seus valores nutricionais. 

Participaram desse encontro com a equipe da FGV representantes da Sepror, da ADS, Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas (Adaf), Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam), Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), Secretaria de Estado de Ação Social (Seas) e Secretaria de Estado da Educação (Seduc).

(Foto: Paulo Bindá)

Robson Adriano / @acritica

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