Paulo Bomfim, figura proeminente da Academia Paulista de História (APH), comemorou seus 89 anos em 30 de setembro. Reconhecido por sua vasta erudição sobre a história de São Paulo, o poeta se destaca entre seus pares na APH.
Em uma reunião comemorativa da Revolução de 1932, Bomfim compartilhou uma história sobre o jurista Ibrahim Nobre. O relato resgatou um episódio marcante ocorrido em 8 de julho de 1932, no Largo da Sé, durante um comício inflamado pela notícia da presença de Oswaldo Aranha, representante de Getúlio Vargas, em São Paulo.
A multidão, enfurecida, dirigiu-se à Vila Kyrial, na Vila Mariana, residência de um parente de Aranha. Ibrahim Nobre, acompanhado por Menotti Del Picchia, interceptou a massa. “Vamos pegar um carro e ir para lá”, teria dito Nobre a Del Picchia. Ao chegarem, encontraram o povo prestes a invadir a mansão.
Bomfim relatou que Nobre, então, subiu em uma mureta e, com um revólver na têmpora, exclamou: “Paulistas, se vocês mancharem as mãos num gesto de covardia eu me mato de vergonha!”. A multidão, respeitando-o, dispersou-se. O orador, com esse ato, teria salvado a vida de um adversário político.
Anos depois, Bomfim indagou a Nobre sobre o que teria acontecido se sua ordem não fosse cumprida. A resposta: “Eu teria me matado, porque há passos que não tem retorno.” Bomfim destacou que Nobre, como promotor, já em 1930, bradava no Tribunal do Júri: “Eu acuso a ditadura!”, plantando a semente da revolução que lutaria pela lei e pela honra do povo paulista.
A explanação de Bomfim foi recebida com aplausos. A comemoração de seu aniversário, o “Príncipe dos Poetas Brasileiros” e “Poeta da cidade de São Paulo”, representa o reconhecimento de sua genialidade e contribuições à cultura paulista.
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