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População em situação de rua cresce 31% em dois anos em SP

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Total de pessoas chegou a 31.884 na capital paulista, número maior que a população de outros 449 municípios do estado 

O número de pessoas em situação de rua na cidade de São Paulo cresceu de 24.344 em 2019 para 31.884 em 2021 — equivalente a aumento de 31%. Os dados foram revelados pela prefeitura e fazem parte do Censo da População de Rua, realizado pela empresa Qualitest Ciência e Tecnologia junto à Smads (Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social).

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Depois do último censo, realizado em 2019, o levantamento deveria ter sido feito apenas em 2023, mas foi antecipado pela prefeitura para avaliar os efeitos da pandemia de Covid-19 nessa população. 

Das 31.884 pessoas em situação de rua, 19.209 foram identificadas quando estavam em locais públicos e outras 12.675 enquanto estavam em centros de acolhida da prefeitura. Essa parcela da população na capital já é maior que o número de habitantes de 449 dos 645 municípios no estado de São Paulo (69,6%). Apenas o aumento registrado entre os censos (7.540) é maior do que toda a população de rua da cidade do Rio de Janeiro, de acordo com os pesquisadores.

Com a piora acentuada do cenário, a prefeitura anunciou que criará o programa Reencontro, para oferecer moradias transitórias, auxílio financeiro e ações de emprego que diminuam o tamanho dessa população. O auxílio, que não teve a quantidade especificada, será repassado apenas para as pessoas sem dependência química.

Mais famílias nas ruas

O número de “moradias improvisadas” (barracas) mais do que triplicou no período, saindo de 2.051 para 6.778 pontos. Também cresceu a quantidade de entrevistados que revelaram ter a companhia de alguma pessoa da família em situação de rua — de 20% dos entrevistados em 2019 para 28,6% em 2021.  

Os analistas do estudo acreditam que a piora dos dois indicadores reforça que mais famílias passaram a morar nas ruas de São Paulo, provalmente por questões econômicas. Entre os entrevistados, 28,4% justificaram estar em situação de rua por conta da perda do trabalho e da renda. Os conflitos familiares (34,7%) e dependência de drogas (29,5%) vieram acima entre os principais motivos citados.

Ainda houve o crescimento pequeno de mulheres e pessoas transsexuais nas ruas. O perfil dessa população, no entanto, continua predominantemente masculino, em idade economicamente ativa (média de 41,7 anos) e preto (70,8% dos entrevistados).

Outros pontos do levantamento mostram que a maioria dessas pessoas alega trabalhar, seja em bicos (33,9%), por conta própria (16,7%), empregados sem carteira assinada (3,9%) ou com o registro oficial (2,2%). Outra parte considerável afirmou que não trabalha (42,8%). 

A busca por trabalho também foi o que levou a maior parte do grupo de outros estados e municípios à cidade de São Paulo. Uma parcela de 39,2% dos entrevistados afirmou ter nascido na capital. 

Em relação à educação, 93,5% frequentaram escola, 92,9% sabem ler e escrever, 4,2% concluíram o ensino superior, 21,4% têm ensino médio completo e 15,3% concluíram o ensino fundamental.

Covid-19

Questionados se contraíram a Covid-19, 85% declararam que não, 6,8% tiveram suspeita, mas não confirmaram com realização de exame, 3,8% contraíram com confirmação de exame e tiveram sintomas leves e 2% diagnosticados com a doença precisaram ser hospitalizados.

Outra pesquisa divulgada recentemente, do LabCidade (Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade), da USP (Universidade de São Paulo), mostrou que 96 pessoas em situação de rua morreram por conta da doença desde o início da pandemia. 

Piores bairros

Os distritos da subprefeitura da Mooca foram os que registraram o maior aumento de concentração de pessoas em situação de rua, com o aumento de 1.419 para 2.254 em dois anos. A região da subprefeitura da Sé também se destacou negativamente, ao registrar a chegada de mais 973 pessoas.

De acordo com as entrevistas, os motivos de a população de rua se concentrar em sua maioria nos bairros ao redor da área central continuam os mesmos: mobilidade, trabalho e facilidade de alimentação.

O relatório final indica crescimentos preocupantes, acima de 100%, em diversos distritos na zona norte (Perus, Vila Maria, Vila Guilherme, Santana, Tucuruvi), zona leste (Penha, Itaquera, Ermelino Matarazzo, São Miguel Paulista, Sapopemba, Guaianases e Itaim Paulista), e zonas sudeste e sul (Ipiranga, Vila Mariana, Jabaquara e M’Boi Mirim).

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