O exame preventivo do câncer do colo do útero que utiliza a metodologia de coleta em meio líquido deve começar a ser ofertado pela Prefeitura de Manaus dentro dos próximos 30 dias. A estimativa foi confirmada pela secretária municipal de Saúde, Shádia Fraxe, durante visita, nesta quarta-feira, 3/5, ao Laboratório de Especialidades Professor Sebastião Ferreira Marinho, na zona Sul da capital, onde os exames serão processados e analisados depois de enviados pelas unidades básicas da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa).
No laboratório de referência, foram instalados os equipamentos com tecnologia de ponta que serão responsáveis pela etapa de processamento automático do material biológico coletado, com ‘filtragem’ de células e fixação nas lâminas, que depois serão analisadas pela equipe de citologistas da unidade, para emissão do resultado.
“Estamos em fase de capacitação das equipes para concluir a implementação desta nova metodologia, que coloca a rede pública de Manaus como a primeira do país a oferecer o exame citopatológico em meio líquido, garantindo maior eficácia no diagnóstico do câncer do colo do útero”, disse a secretária.
De acordo com Shádia, esta é uma das medidas adotadas pelo município para garantir resultados mais precisos e ágeis, permitindo que as mulheres com diagnóstico positivo possam ser encaminhadas para o tratamento ainda na fase inicial da doença, quando as chances de cura são muito elevadas.
O novo procedimento será ofertado inicialmente nas unidades de maior demanda nos diferentes distritos de saúde, sendo ampliado gradativamente para as demais unidades básicas da rede municipal.
Enfrentamento
A secretária informa que o câncer do colo do útero é o mais prevalente no Amazonas e que, em Manaus, no ano passado, 190 mulheres morreram em razão deste tipo de câncer.
“O papel da rede básica é oferecer gratuitamente e incentivar a realização regular do exame preventivo em mulheres que já iniciaram a vida sexual. Para isso, é necessário buscar novas tecnologias e métodos que garantam o aprimoramento contínuo do atendimento e é isto que estamos fazendo”.
Shádia enfatiza que, com a nova tecnologia, incorporada com recursos próprios do município, a Semsa deve não apenas obter exames com maior grau de especificidade e sensibilidade, mas também elevar a capacidade instalada da rede de diagnóstico para o rastreio do câncer do colo do útero.
“A expectativa é de que o tempo médio de entrega de resultado caia, de 20 para 15 dias e que, após a implementação do exame em todas as unidades da rede municipal, seja possível dobrar a quantidade de exames processados, que atualmente, é de 7,5 mil a 10 mil exames mensais”, avalia.
Shádia Fraxe ressalta ainda que, para as mulheres, a rotina de exames não será alterada. De acordo com o protocolo adotado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o exame preventivo é oferecido em todas as unidades básicas e deve ser realizado a cada três anos desde que os dois primeiros exames anuais não tenham indicado nenhuma alteração.
A faixa etária considerada de maior risco para o câncer do colo do útero é a de 24 a 65 anos, sendo este o grupo prioritário para o rastreio. No entanto, mulheres de qualquer idade podem ser submetidas ao exame, quando houver indicação.
Apenas em 2022, a rede municipal de saúde realizou 115 mil exames citopatológicos, também chamados Papanicolau, e destes 99 mil foram na faixa etária de risco.
O câncer do colo do útero é causado pela infecção persistente por alguns tipos do papilomavírus humano (HPV), chamados de tipos oncogênicos. É um tipo passível de erradicação e, para o enfrentamento do problema, a estratégia global proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é ampliar o rastreamento e a vacinação contra o HPV, disponível na rede pública para meninos e meninas de 9 a 14 anos de idade.
Texto – Andréa Arruda / Semsa
Fotos – Guilherme Silva / Semsa