Para fortalecer a detecção precoce de casos de hanseníase, a Prefeitura de Manaus iniciou, nesta terça-feira, 5/7, a implementação do projeto “Autoexame de Pele Virtual”, que tem a meta de alcançar 150 mil estudantes nas instituições de ensino que integram o Programa Saúde na Escola (PSE).
O projeto será desenvolvido pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), entre julho de 2022 e novembro de 2023, com a parceria da Secretaria Municipal de Educação (Semed), da Secretaria de Estado de Educação (Seduc/AM) e da Fundação Alfredo da Matta (Fuam), abrangendo 196 escolas municipais e 61 estaduais.
Durante a cerimônia oficial para iniciar as ações do projeto, realizada na Escola Municipal Firme na Fé, bairro Alvorada, zona Oeste, o secretário municipal de Saúde, Djalma Coelho, alertou sobre a importância do diagnóstico precoce da doença para reduzir o risco do desenvolvimento de sequelas definitivas.
“Quando ocorre um diagnóstico tardio, mesmo que aconteça o tratamento e a cura, a hanseníase tem potencial para deixar sequelas, que terão impacto para toda a vida do paciente. Então, é essencial criar estratégias para que se consiga diagnosticar precocemente a hanseníase. E o projeto do autoexame de pele virtual é uma dessas estratégias, que, por meio da integração com o setor de Educação, pretende garantir a promoção da saúde e a prevenção de doenças entre os estudantes”, destacou Djalma Coelho.
A chefe do Núcleo de Controle da Hanseníase da Semsa, enfermeira Ingrid Santos, explicou que o projeto consiste na disponibilidade de um link para que os estudantes, com o apoio de pais ou responsáveis, possam responder um questionário on-line, em que será possível indicar se apresentam sintomas da hanseníase, como manchas na pele.
“As informações obtidas no questionário serão analisadas por uma equipe de profissionais de saúde, que, de acordo com as características de possíveis lesões na pele ou nos nervos, farão uma avaliação para organizar o atendimento dos estudantes e a definição do diagnóstico”, explicou Ingrid.
Segundo a enfermeira, a Semsa já realiza ações para o diagnóstico precoce da hanseníase na rotina de atendimento nas Unidades de Saúde e por meio do PSE, mas que o exame de pele virtual foi idealizado para alcançar um maior número de estudantes em um menor período de tempo.
“Com a pandemia da Covid-19, muitas atividades de prevenção de doenças e promoção da saúde foram interrompidas, inclusive nas escolas. Por isso, o novo projeto vai auxiliar no trabalho de investigação de casos da doença, permitindo que alunos tenham um acesso mais facilitado ao atendimento em saúde. O tratamento com medicamentos interrompe a transmissão da doença. Então, quando uma criança é diagnosticada com hanseníase, é porque ele já convive com um adulto com a doença e que ainda não iniciou o tratamento”, lembrou Ingrid Santos.
Autoexame
Os pais e responsáveis irão receber nas escolas o link para acessar o questionário do autoexame, e também poderão acessar o documento nos sites da Semsa (semsa.manaus.am.gov.br), da Semed (semed.manaus.am.gov.br) e da Seduc (www.seduc.am.gov.br). No caso de a família não ter acesso à internet, as escolas poderão disponibilizar o questionário impresso, que os pais poderão preencher e devolver para a escola.
“O projeto é uma forma de potencializar e intensificar as ações de prevenção que as escolas já desenvolvem pelo PSE. A orientação para cada escola e diretor é que possam verificar a melhor forma de disponibilizar o link e formulário para os pais, de acordo com a realidade da escola, garantindo que chegue a todos os estudantes”, informou a coordenadora de Saúde da Seduc/AM, Vera Hitotuzi.
Saúde e educação
Para a coordenadora do Programa Municipal Saúde do Escolar da Semed, pedagoga Lourdes de Araújo Souza, a parceria entre os setores da Saúde e da Educação tem se mostrado cada vez mais importante no desenvolvimento dos estudantes, evidenciado ainda mais pela pandemia da Covid-19.
“É realmente necessário que a Saúde e a Educação estejam juntas, já que um aluno com saúde tem um desenvolvimento melhor, aprende mais e a escola tem êxito em todos os resultados. O autoexame de pele virtual é uma inovação que vai facilitar para que as crianças sejam examinadas, que os casos de hanseníase sejam detectados e tratados, evitando a transmissão da doença”, afirmou Lourdes Souza.
Além do link com o questionário, a Semsa vai disponibilizar material educativo, cartilha de sensibilização e vídeo ilustrativo, orientando sobre o projeto e esclarecendo dúvidas sobre a hanseníase, sintomas da doença e formas de transmissão.
Para a aposentada Maria Raimunda Castilho, que acompanhou a ação educativa na Escola Municipal Firme na Fé, onde tem dois netos estudando, o novo projeto é importante para divulgar mais informações sobre a doença.
“Eu já conheci uma pessoa que teve hanseníase, mas foi descoberto cedo e feito todo o tratamento. Mas acho importante falar sobre a doença, que não se apresenta rapidamente, não tem muitos sintomas no início e por isso é necessário fazer o exame, além de fazer a divulgação para que as pessoas tenham consciência da gravidade e como pode ser prejudicial para toda a família”, alertou Maria Castilho.
Casos
Entre janeiro e junho deste ano, Manaus registrou um total de 51 casos novos de hanseníase, com cinco casos em menores de 15 anos. No primeiro semestre de 2019, período de pré-pandemia da Covid-19, o número de casos novos de hanseníase foi de 67, também com cinco casos em menores de 15 anos.
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, causada pelo Mycobacterium leprae, também conhecido como bacilo de Hansen. A transmissão da doença ocorre quando uma pessoa doente, sem tratamento, elimina o bacilo por meio de secreções nasais, tosses ou espirros, transmitindo para pessoas sadias que convivem próximo e por tempo prolongado no mesmo ambiente.
Na fase inicial da doença, a hanseníase é caracterizada por lesões na pele e nervos que causam diminuição ou ausência de sensibilidade. Em estágios mais avançados pode ocorrer, entre outros sintomas, formigamentos, câimbras, dor ou espessamento dos nervos periféricos, principalmente nos olhos, nas mãos e nos pés, com diminuição ou perda de força muscular, inclusive nas pálpebras.
Texto – Eurivânia Galúcio / Semsa
Fotos – Camila Batista / Semsa