A Prefeitura de Manaus está promovendo uma série de capacitações para estimular a criação de grupos de gestantes nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), com intuito de qualificar a assistência contínua prestada a essas mulheres. A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) já desenvolve essa estratégia há diversos anos na rede, e está capacitando mais profissionais para que o manejo das atividades contribua com os resultados esperados.
A chefe da Divisão de Atenção à Saúde da Mulher da Semsa, Lúcia Marques Freitas, informa que o Curso de Formação de Grupo de Gestantes está contemplando 100 enfermeiros da rede municipal de saúde, sendo 20 por Distrito de Saúde (Norte, Sul, Leste, Oeste e Rural). A proposta é que, no próximo ano, o treinamento seja estendido aos assistentes sociais.
“O grupo de gestantes é uma estratégia em que o profissional de saúde consegue orientar aquelas grávidas sobre diversas questões, desde a importância do pré-natal até o momento de ir para a maternidade, aleitamento materno e vacinação. Nas reuniões, escutando as gestantes, os profissionais também conseguem detectar outras situações que por ventura estejam acontecendo, de cunho de vulnerabilidade social ou violência, e a gente consegue intervir em tempo hábil”, afirma.
Lúcia ressalta, ainda, que as reuniões costumam ser mensais e proporcionam uma rede de apoio às usuárias, que podem interagir com outras mulheres grávidas e compartilhar ideias, medos e aflições. A iniciativa está prevista inclusive na Rede de Atenção Materno Infantil (Rami), instituída pelo Ministério da Saúde neste ano, em atualização às diretrizes da antiga Rede Cegonha.
“Grupos de gestantes reduzem mortalidade materna porque a gestante está bem orientada durante toda a gravidez e principalmente no momento de ir para a maternidade. Ela tem aquele grupo que, além das próprias gestantes se apoiarem, tem aquele profissional de saúde que está sempre vigilante, sabendo o momento de orientar e encaminhar corretamente”, pontua a enfermeira.
Experiência
Diante da pandemia de Covid-19, que elevou o índice de mortalidade materno-infantil em todo o mundo, os profissionais da Unidade de Saúde da Família (USF) Leonor de Freitas, no bairro Compensa, zona Oeste, criaram o grupo de gestantes “Sermãe”. As reuniões presenciais do grupo tiveram início em junho de 2021.
“Nós temos uma experiência muito gratificante, porque a cada reunião é trazido um tema que seja do interesse das grávidas, que elas discutem no grupo do WhatsApp, e com isso a gente observa as nossas gestantes mais empoderadas, um vínculo maior com a unidade de saúde, além da redução do adoecimento e morte durante o pré-natal”, explica a assistente social Elizabeth Modernel, da USF Leonor de Freitas.
Elizabeth conta que, em 2021, sete reuniões com o grupo de gestantes foram realizadas na unidade, e neste ano de 2022, o número já chega a nove, com uma média de 25 participantes em cada encontro. Atualmente, cerca de 132 mulheres participam do grupo “Sermãe”.
Capacitação
Entre os dias 4 e 18/11, em um dia específico para cada Distrito de Saúde, os enfermeiros participaram da etapa teórica da capacitação, segundo Lúcia. Eles foram dispersados por 20 dias para colocarem em prática a formação dos grupos de gestantes em suas unidades de atuação.
Nesta terça-feira, 22/11, os profissionais do Disa Sul iniciaram a nova etapa do treinamento, que consiste em compartilhar os resultados e dificuldades encontrados na formação dos grupos, além de tirar dúvidas e obter novas informações para garantir o mantimento dessas atividades na rotina. Os demais Disas também vão participar dessa troca de experiência até o dia 6/12.
“Não basta formar um grupo e reunir, é preciso ter atenção para um manejo adequado do acompanhamento e resolutividade dos problemas que vão surgindo nesses encontros. Também estamos estimulando que eles não desistam quando as usuárias faltarem, mas que encontrem formas de sensibilizá-las sobre a importância dessa ação”, finaliza.
Texto – Victor Cruz / Semsa
Fotos – Divulgação / Semsa