A Prefeitura de Manaus realizou, na manhã desta terça-feira, 9/1, a abertura oficial da campanha “Janeiro Roxo”, que busca conscientizar sobre a hanseníase e seus sintomas, e combater o preconceito em torno da doença. A atividade ocorreu na Clínica da Família Carmen Nicolau, localizada na zona Norte da capital, com a presença de gestores da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) e representantes de órgãos estaduais e municipais e organizações da sociedade civil parceiras da ação, além de lideranças indígenas e comunitários.
Na rede básica, a programação da campanha teve início no começo do mês e inclui a intensificação de exames dermatológicos e da busca ativa de casos nas unidades de saúde da Semsa Manaus, bem como ações de orientação e educação em saúde voltadas aos usuários, incluindo palestras, rodas de conversa e distribuição de material informativo sobre hanseníase.
Durante a abertura, o subsecretário de Gestão da Saúde da Semsa, Djalma Coelho, reforçou a importância do diagnóstico precoce, apontando que Manaus teve, no ano passado, uma incidência de 4,78 casos a cada 100 mil habitantes, sendo que 15% dos novos casos tiveram a doença identificada já na fase mais avançada, com comprometimento da capacidade física.
“Ideal é que as pessoas com a doença tenham o diagnóstico precoce, pois isso evita que a pessoa tenha sequelas e ainda quebra a cadeia de contaminação”, pontuou o subsecretário, que orienta a população a atentar aos sinais da doença, que incluem manchas na pele com alteração de sensibilidade, perda de força nos membros, entre outras. “Não é porque uma mancha não dói que não se deve buscar ajuda, procure uma unidade básica o quanto antes”.
Para a técnica do Núcleo de Controle da Hanseníase, Eunice Jacome, o “Janeiro Roxo” é uma oportunidade para afastar o preconceito e o estigma que marcam a hanseníase, reforçando que a doença hoje tem cura, sendo o tratamento ofertado de forma gratuita na rede pública de saúde.
“Não estamos mais na época em que as pessoas tinham de se isolar ou esconder, hoje temos a ciência a nosso favor. Precisamos hoje da parceria da população para superar a negação, aceitar o diagnóstico e realizar o tratamento até o fim”, afirma.
Entre os avanços mencionados por Eunice está o teste rápido para contatos, voltado a pessoas que convivem com casos novos da doença. Desde dezembro, o exame está disponível em sete unidades de referência da rede municipal, entre elas a clínica Carmen Nicolau. “Não é um teste de diagnóstico, mas é uma ferramenta que nos permite acompanhar melhor essas pessoas, que são mais suscetíveis de apresentar a doença”, afirma.
Parcerias
A abertura contou ainda com a participação de Valderiza Pedrosa, coordenadora do Programa Estadual de Controle da Hanseníase e epidemiologista da Fundação Hospitalar Alfredo da Matta (Fuham), uma das parceiras da Semsa no “Janeiro Roxo”. Ela ressaltou a importância da parceria dos órgãos públicos e entidades da sociedade civil para sensibilizar a população acerca da hanseníase, reforçando ainda que o combate à doença não se resume ao mês de janeiro.
“A busca de casos e o diagnóstico precoce são o ano inteiro. Manaus avançou muito na descentralização das ações, e isso é fundamental, oferecer o serviço mais próximo de onde a pessoa mora”, destacou a epidemiologista. Ela também pontuou a importância da disseminação de conhecimento sobre a doença.
“Quanto mais a gente informar a população e os profissionais de saúde, mais estaremos esclarecendo e acabando com a discriminação e preconceito”.
Também presente na abertura, o diretor-presidente da Fuham, Carlos Chirano, reforçou que o Amazonas avançou bastante no controle da hanseníase, sendo hoje o 17º estado em detecção de casos, tendo no passado chegando a ocupar o primeiro lugar no país.
Participaram da cerimônia também a representante do Movimento de Reintegração dos Acometidos pela Hanseníase (Morhan), Lucilene Pontes, e o presidente do Conselho Municipal de Saúde de Manaus (CMS), conselheiro Elson Melo, além de líderes indígenas das etnias Kokama e Tukano, e comunitários.
Mobilização
Como parte da agenda do “Janeiro Roxo”, a Semsa Manaus promove, desde o início do mês, o reforço da busca ativa de casos, com a oferta de exames dermatológicos, consultas médicas e atendimentos de enfermagem nas unidades de saúde. As atividades incluem ainda visitas domiciliares e aplicação de questionários de suspeição de hanseníase (QSH), em localidades com maior incidência de casos.
As unidades da rede básica também vêm promovendo ações de sensibilização e informação para os usuários, como palestras, rodas de conversa e distribuição de material informativo, enfocando os sinais, sintomas e tratamento da hanseníase.
A campanha, realizada em parceria com a Fuham, CMS/Manaus e Mohran, terá encerramento no dia 31/1, com uma caminhada no bairro Colônia Antônio Aleixo, na zona Leste, no dia 31/1.
Doença
Em Manaus, conforme dados parciais da Semsa Manaus relativos ao ano de 2023, foram detectados 105 casos novos de hanseníase, dos quais 18 foram identificados em grau 2 de incapacidade física.
Doença milenar que até hoje representa um desafio para a saúde pública, a hanseníase é uma infecção crônica, causada pelo bacilo de Hansen (Mycobacterium leprae) e conhecida por afetar a pele e os nervos. Os sintomas, que iniciam de 2 a 7 anos após a contaminação, incluem manchas na pele, em geral com alteração de sensibilidade; redução da força muscular; dores nas articulações; entre outros.
Texto – Jony Clay Borges / Semsa
Fotos – Divulgação / Semsa