A iniciativa, que já removeu mais de 103 toneladas de resíduos em 7 anos de projeto, se utiliza de canoas motorizadas e pranchas de stand up paddle para auxiliar na limpeza das águas
Sacolas, luvas, botes, caiaques e pranchas. Os grupos de coletes verdes já sinalizam mais uma “Remada Ambiental” com cerca de 160 voluntários para uma ação de limpeza na região da Marina do Davi, no bairro Tarumã. O local que sofre com constantes ameaças com o descarte incorreto de resíduos conta com a atividade sempre nos últimos sábados do mês, e na manhã de hoje, 29, não foi diferente.
Segundo o fundador do projeto, Jadson Maciel, 44, a ação que já acontece há 7 anos recebe cada vez mais voluntários e quem vêm uma vez, na próxima já traz mais um.
“A atividade já tem apoio da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), além de patrocínio da Whirpool e do Instituto Consulado da Mulher, ação social da marca Consul, Semusp e muitos estudantes. Em 7 anos já temos cerca de 6 mil voluntários”, pontuou.
Essas pessoas recolhem resíduos sólidos descartados incorretamente tanto na via terrestre quanto nas águas, com o apoio de canoas motorizadas e pranchas de stand up paddle. Além disso, é feito também uma conscientização de educação ambiental, com a distribuição de material informativo sobre o assunto.
“É no Igarapé do Gigante que começam de fato as atividades. São 7 quilometros de extensão: nasce no aeroporto, passa por diversos bairros e conjuntos da capital e deságua aqui. É muito lixo, as pessoas não tem noção da importância de cuidar dessa área, é preciso participar para entender. Só o nosso projeto já recolheu mais de 103 toneladas de resíduos”, enfatizou.
Consciência
O biólogo Benedito Domingos, 35, é proprietário de uma escola de canoagem em Manaus, está participando pela primeira vez do projeto e conta que se encantou com a iniciativa da ação.
“Nosso grupo já procura fazer essa limpeza durante as canoagens e hoje nos juntamos ao projeto para reforçar a importância de cuidar dos nossos rios e poder fazer isso em um número maior de pessoas”, disse.
Além do biólogo, a faturista hospitalar Camila Araújo, 35, também se juntou ao projeto para contribuir com essa limpeza em grupo e diz estar feliz em poder cuidar do Tarumã.
“Eu sempre gostei da pauta ambiental e o projeto me chamou muita atenção porque poucas pessoas sabem da importância do Tarumã e é aqui que tomamos essa consciência. Eu sempre venho com o grupo de remada e mais que fazer nossas abraçadas também quero poder contribuir com a limpeza do nosso rio, para que a gente não perca esse espaço”, contou.
Tristeza
A funcionária pública Joelma da Silva, 42, trabalha com os dados da limpeza pública em Manaus e quis participar do projeto como voluntária para ver de perto a realidade e conta que chorou quando viu a quantidade de lixo que é retirada dos rios e igarapés.
“Eu trabalho com dados, mas não fazia idéia da realidade e quis participar. É muito triste, eu chorei ao ver lixo doméstico aqui, coisa que poderíamos evitar, nós contaminamos as nossas águas. Então o que fazemos é ainda muito pouco para que os nossos filhos e netos passam aproveitar futuramente as nossas águas. O Tarumã precisa da gente”, concluiu.
Todo o material recolhido durante a coleta é enviado para o descarte correto e o que ainda der para ser reciclado será enviado para a Eco Coperativa, que é a associação de catadores responsável pela destinação correta de todo o material reciclável coletado na área da Marina do Davi. Lembrando que a experiência é única, e quem quiser participar da ação como voluntário, pode entrar em contato por meio do Instagram do @projetoremadaambiental.
Foto: (Jeiza Russo)
Por Jeysy Xavier / @acritica