Encerrada em 29 de fevereiro, a campanha de imunização contra a influenza alcançou apenas 33% dos grupos prioritários no Amazonas, ficando bem aquém da meta de 90% considerada ideal, segundo dados da Fundação de Vigilância em Saúde Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP). A boa notícia é que ainda é possível se proteger da doença com a vacina quadrivalente 2024. Já disponível na rede privada de Manaus, a versão aprimorada do imunizante oferece defesa contra quatro cepas do vírus causador da gripe, superando a trivalente distribuída anteriormente pelo sistema público de saúde.
A infectologista do Sabin Diagnóstico e Saúde, Ana Rosa dos Santos, enfatiza a importância da vacinação anual, especialmente com a vacina atualizada que acompanha as mutações genéticas dos vírus e aumenta a eficácia da proteção. “A cada ano a Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio de laboratórios referências para influenza, atualizam a composição da vacina para gripe com os vírus circulantes, pela capacidade do vírus de sofrer mutações genéticas para garantir efetividade e eficácia do produto. Por isso, a vacina precisa ser atualizada constantemente para acompanhar as cepas em circulação”, explica.
Ainda conforme a especialista, “a eficácia da vacina da gripe é resultado de uma cuidadosa combinação com as cepas predominantes do ano anterior. Estudos clínicos demonstram sua segurança, com menos de 1% dos vacinados apresentando efeitos colaterais graves”.
A vacinação contra influenza no país costuma ocorrer no primeiro semestre de cada ano, mas, no Amazonas, a campanha teve seu início antecipado para novembro de 2023, em decorrência do chamado inverno amazônico. No período, que segue até o fim de abril, as chuvas se tornam mais frequentes, aumentando a incidência de síndromes gripais.
Para a temporada de 2024, a vacina quadrivalente inclui proteção contra dois vírus de influenza A (H1N1/Victoria e H3N2/Thailand) e dois subtipos de influenza B (Victoria e Yamagata), ampliando significativamente a cobertura imunológica. A imunização é recomendada para todas as idades, começando com crianças a partir de seis meses, e é particularmente crucial nesse período de chuvas mais intensas. Entre 6 meses e 8 anos, devem ser administradas duas doses na primeira vez (primovacinação), com intervalo de um mês e dose única nos anos seguintes. A partir de 9 anos, a aplicação é anual.
Riscos
As principais complicações da influenza vão além da doença respiratória aguda, pelo impacto em todos os principais órgãos, em pacientes idosos, principalmente com comorbidades e imunodeprimidos. Portanto, nos últimos anos, foi padronizada, de acordo com os requisitos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e regulamentação brasileira para a campanha do Hemisfério Sul, uma vacina específica para maiores de 60 anos. Ela contém 240 microgramas (mcg) de hemaglutinina (HA) por dose de 0,7 mL, recomendada de 60 mcg de HA de cada uma das quatro cepas de influenza (A/H1N1, A/H3N2, B/linhagem Victoria e B/linhagem Yamagata).
Orientações
É recomendado que pessoas com febre aguardem antes de receber a vacina, assim como pacientes com infecção por covid-19 e dengue devem esperar até sua recuperação antes de se vacinarem contra a gripe.
A infectologista lembra outros cuidados. “Aprendemos, com a pandemia de covid-19, espirrar com lenço, usar o antebraço no espirro, higienizar sempre as mãos, higiene pessoal com uso do álcool gel e lavagem correta das mãos, não tocar as mãos nos olhos, boca e nariz, uso de luvas e máscaras, distanciamento e isolamento social e evitar aglomeração, além de solidariedade, resiliência, paciência etc.”, enfatizou a médica.
A imunização é a melhor forma de prevenção contra a gripe, uma doença que pode ser transmitida diretamente através das secreções das vias respiratórias de pessoas contaminadas ao espirrar, tossir ou falar, além de ser transmitida indiretamente pelo contato com superfícies contaminadas por essas secreções respiratórias.
É importante ressaltar que a gripe, apesar de muitas vezes considerada uma doença passageira, pode levar a complicações sérias, como infecções bacterianas, principalmente em pessoas com o sistema imunológico comprometido. “A vacinação não só protege o indivíduo vacinado, mas também ajuda a prevenir a propagação do vírus, beneficiando especialmente os grupos de risco, como idosos e imunossuprimidos, com uma vacina específica para esse grupo de pessoas”.
Foto: Freepik