Receber mais uma dose do imunizante contra a Covid-19 é importante para prevenção de futuras variantes que podem surgir
Para infectados, reforço da vacina deve ser dado 30 dias após desaparecimento de sintomas
Todo mundo conhece alguém que está com Covid-19 ou que há pouco tempo se recuperou da doença. Pode até ser que você que está lendo está ou esteve infectado recentemente. O Brasil vive mais uma onda de novos casos e, de acordo com o ministro Marcelo Queiroga, a variante Ômicron, que é mais transmissível que as outras cepas, é predominante no país.
Algumas pessoas que tiveram os testes positivos estavam à espera da dose de reforço da vacina. É importante saber que, mesmo após a infecção, receber o imunizante segue sendo necessário e importante.
A epidemiologista Carla Domingues, que foi coordenadora do PNI (Programa Nacional de Imunizações), explica que o complemento do esquema vacinal não é condicionado à variante Ômicron e sim ao controle da pandemia.
“Estamos vendo que tanto pessoas vacinadas ou que já contraíram a doença podem ser reinfectadas novamente. Nós não sabemos no futuro se vamos ter novas variantes e qual vai ser o comportamento delas. Portanto, as pessoas devem manter o calendário de vacinação atualizado. Quem não completou o esquema vacinal com a segunda dose tem de completar. Quem já tem o intervalo entre a segunda e a dose de reforço deve tomar vacina”, observa a epidemiologista.
E ressalta: “Todo mundo tem que completar o esquema vacinal, com duas doses e o reforço. independentemente se já teve ou não a doença”.
Quanto tempo depois da contaminação deve ser feito o reforço?
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No caso de contaminação antes da aplicação do reforço, a indicação dos especialistas segue a mesma dada a pacientes infectados no intervalo entre a primeira e a segunda doses. Após 30 dias do desaparecimento dos sintomas, o indivíduo está apto para ser imunizado novamente.
“Temos que esperar o organismo se recuperar, por mais que seja uma Covid leve, o organismo está debilitado. Além disso, nesse período de 30 dias a pessoa ainda tem os anticorpos elevados por causa da doença, então não faz muito sentido tomar nesse período”, diz Carla.
O infectologista José David Urbaez Brito, da SBI-DF (Sociedade Brasileira de Infectologia do Distrito Federal), acrescenta que a dose não vai fazer mal, mas pode ter o efeito reduzido.
“A vacina não vai fazer mal, mas o paciente corre o risco de perder algum efeito. Quando estamos doentes, temos muitas reações inflamatórias e substâncias produzidas pelo organismo para combater o vírus. Aí injetamos a vacina nesse momento, tudo isso pode desativar o imunizante”, explica ele.
Criança pode ser vacinada após pegar Covid?
A vacinação de crianças entre 5 e 11 anos está prevista para a próxima semana. Nos últimos dias algumas cidades registraram o aumento de casos de Covid entre os pequenos e vem a dúvida se tem de vacinar ou não. A epidemiologista ressalta que sim.
“Para as crianças valem as mesmas regras que para os adultos, 30 dias após o desaparecimento dos sintomas, os pais ou responsáveis devem levar as crianças para vacinar”, ressalta Carla Domingues.
A especialista alerta, porém, que os pais precisam ter uma atenção especial após a aplicação da primeira dose. Como o Ministério da Saúde decidiu que o intervalo entre as doses das crianças deve ser de dois meses, em vez de 21 dias conforme indica a bula do imunizante pediátrico da Pfizer, pode acontecer a contaminação no período entre doses.
“Como o Ministério da Saúde escolheu vacinar crianças com o intervalo de dois meses, com essa onda forte da Ômicron que estamos passando, vamos correr o risco de termos crianças infectadas no intervalo das doses. Então, a decisão é esperar 30 dias após o desaparecimento dos sintomas. Se já deram os dois meses, vacina. Se não deram os dois meses, espera completar o período e vacina”, conclui Carla.