Um aulão de zumba marcou a abertura da programação da campanha Novembro Azul no Centro Estadual de Convivência da Família Padre Pedro Vignola, administrado pela Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas), na manhã desta segunda-feira (04/10). No decorrer do mês, várias ações vão ser realizadas no Centro com o objetivo de conscientizar a população masculina da prevenção do câncer de próstata e os cuidados com a saúde.
O Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata é celebrado anualmente no dia 17 de novembro. A campanha vai além da prevenção do câncer de próstata, porque trabalha uma mudança no comportamento do homem em relação à preocupação sobre a saúde como um todo.
A enfermeira Solange Nazaré, 58 anos, frequentadora do Centro de Convivência, disse que a população masculina precisa entender de uma vez por todas que saúde não é caso de mulher, mas de homem também e que a prevenção é fundamental em qualquer doença. Segundo a enfermeira, a partir de 40 anos, o homem já pode fazer o exame de próstata e também de mama, principalmente se fizer parte do grupo de risco (que tenha caso de câncer na família).
Com especialização em saúde coletiva, da família e do indígena, Solange Nazaré, atua também como cuidadora de idosos e tem percebido uma carga de preconceito muito grande por parte do homem com relação ao exame de toque retal. Ela conta que na família tem três casos de câncer, três irmãs, e, que os homens da família mesmo sabendo que são do grupo de risco não querem fazer os exames.
“Se tiver algum membro da família com câncer de mama, todos têm que fazer todos os exames – preventivo, mamografia e próstata. A maioria das pessoas não acredita ou têm medo de fazer os exames por medo”, disse, ressaltando a importância da prevenção, que pode evitar que a célula cancerígena se desenvolva. “Mágoas e ressentimentos aumentam a probabilidade da célula se desenvolver”, completou.
Solange Nazaré disse que, por conta de um projeto de vida pessoal, iniciado em 2019, começou a fazer uma hora de caminhada todos os dias, chova ou faça sol. Ela também faz funcional e inglês pela Funat, como forma de trabalhar a memória. “Me formei na área de enfermagem com 50 anos e, de lá para cá, não parei de estudar e de trabalhar. Mas, agora, resolvi cuidar um pouco mais de mim para evitar problemas futuros. “Como tenho casos de câncer na família, preciso me cuidar”, disse a enfermeira que é mãe de um filho.
Cultura machista – No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma). O câncer de próstata, é considerada uma doença silenciosa que mata mais de 14 mil homens por ano no Brasil, conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Segundo o órgão, a cultura machista, aliada ao preconceito são responsáveis por quase 90% dos casos, pelo fato dos homens não realizarem exames preventivos que detectam o câncer de próstata.
“O machismo impede os homens de participarem de mais atividades no Centro de Convivência, inclusive de palestras, prevenção de doenças, danças e outras ofertas de serviços que temos aqui”, disse a diretora do Padre Pedro Vignola, Elisabete Maciel, informando que as atividades mais prestigiadas pelo público masculino são os jogos de sinuca, dominó, dama; nas quadras de futebol e jiu-jitsu. “Raramente, eles participam dos aulões, grupos de convivência”, completou a diretora
Ex-policial militar, Aurimar Cordeiro Mesquita, 67 anos, frequentador do Centro há dez anos, reconhece que a cultura machista é prejudicial, inclusive no cuidado com a saúde. Ele disse que somente nos últimos anos têm tido uma preocupação maior neste sentido e hoje participa de várias atividades no Centro, dentre elas caminhada, hidroginástica, dança, inclusive participou do aulão de zumba para chamar a atenção dos usuários homens, falando do Novembro Azul, de prevenção. “Isso tudo melhorou minha vida, inclusive a saúde”, admitiu, ressaltando que ultimamente a esposa o acompanha nas atividades.
A dona de casa Ivanilde Lima Leal, 56 anos, frequentadora do Centro há 10 anos, hoje já conseguiu convencer o marido a participar das atividades e juntos fazem musculação. Além disso, ela faz ginástica, dança, participa de quadrilhas e outros tipos de atividades que mexam o corpo. “Se não fosse para mexer, o corpo não tinha tanta junta”, garante ela, que é mãe de três filhos e hoje se sente saudável. “Aos 45 anos, senti mudanças drásticas no meu corpo, apareceu triglicerídeos alto, pressão alta e dor no corpo, então comecei a me cuidar, foi ai que me matriculei nas atividades do Padre Pedro Vignola.
A também dona de casa Maria das Graças Ernesto, 67 anos, casada e mãe de três filhos adultos, há sete anos frequenta o Centro, onde faz pilates, dança de salão, além de participar de palestras. É uma das participantes do Projeto Viver Mais, inclusive faz parte do balé. “Me sinto feliz aqui neste local, melhorei das dores, da ansiedade etc.”, mencionou.
Situado na Cidade Nova, zona norte de Manaus, Padre Pedro Vignola, atende uma média de 5 mil pessoas por mês, entre as atividades fixas e as livres como caminhadas e programações comemorativas. Dentro das atividades físicas, 90% dos usuários são mulheres.
Foto: Jander Souza