Ao menos 12 senadores podem tentar governos estaduais; políticos testam nomes e já articulam coligações
Com a proximidade das eleições, movimentações nos estados mostram que alguns senadores devem tentar eleições a governos estaduais. Dois terços dos senadores estão no meio do mandato, e poderão concorrer a governo sem risco de perderem o cargo de senador, o que os tranquiliza, já que eles podem se licenciar do Parlamento e, caso não ganhem a eleição, retornam ao Senado. Já 27 senadores estão no fim do mandato e, no caso desses, o que pesa é a real viabilidade de vencer uma eleição para governador. Caso contrário, o mais viável pode ser entrar na disputa pela cadeira no Senado.
Esse é o caso, por exemplo, do senador do Distrito Federal Reguffe (Podemos). O presidenciável Sergio Moro já o lançou como o nome da legenda para a disputa a governador do DF, e o senador tem sido apontado internamente como a viabilidade da sigla de bancar um chefe do Executivo no DF. Reguffe, entretanto, encerra mandato no próximo ano, e precisa escolher entre tentar a reeleição ou disputar o governo. O que pode pesar é uma das promessas feitas por Reguffe em 2014: não tentar a reeleição ao Senado.
Caso ele decida por tentar novo mandato na Casa, provavelnente vai disputar a vaga com a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, que é deputada federal e deve disputar o Senado pelo PL. Reguffe tem conversado com aliados e deve anunciar a decisão de disputar o governo do DF ou o Senado no início do próximo ano, observando pesquisas e entendendo qual o melhor cenário para colocar o seu nome. Oficialmente, Reguffe diz apenas que só falará de eleição em fevereiro ou março do próximo ano.
Também no DF, o senador Izalci Lucas (PSDB) já lançou a pré-candidatura ao GDF Caso siga com a ideia, ainda que perca o Executivo, continua com o cargo, pois o mandato dele vai até 2026. A ideia de Izalci sempre foi se unir com Reguffe e Leila Barros (Cidadania) para desbancar a reeleição do governador Ibaneis Rocha (MDB).
O nome de Leila Barros era cotado para vice-governadora, mas isso foi descartado, e ela ainda analisa o cenário junto com o Cidadania, legenda na qual se filiou recentemente. Uma possibilidade é que ela não se candidate a nada, e apenas apoie um nome no DF. Tanto Leila quanto Reguffe foram ao lançamento da pré-candidatura de Izalci em 15 de dezembro. Quando perguntado sobre o cenário, Izalci diz que está conversando com os dois colegas de bancada para caminharem juntos. “Estamos trabalhando por isso. A gente tem conversado muito se pode caminhar junto desde o início do mandato. Nós temos que unir força”, disse.
Outro senador cujo mandato se encerra em 2022 e que quer disputar o governo estadual é Dário Berger (MDB), de Santa Catarina. A disputa interna, entretanto, está acirrada, com outros dois nomes na jogada: o prefeito de Jaraguá do Sul, Antídio Lunelli, e o presidente do MDB no estado, deputado federal Celso Maldaner. Em setembro, a legenda chegou a publicar uma nota dizendo que o prefeito disputaria o governo, Celso sairia como vice-governador e Berger como senador. A nota foi substituída no mesmo dia por outra dizendo que a questão ainda seria conversada e que prevaleceria a voz da maioria.
O senador, então, começou a avaliar a ida à outra legenda para disputar o governo. Em nota à reportagem, a assessoria do senador afirmou que “no cenário atual de conjecturas e de conflito interno no MDB” do estado, Berger “tem recebido convites de outras legendas e priorizado a abertura de diálogo com todos que desejam construir um plano de desenvolvimento econômico e social para Santa Catarina.”
“É natural do jogo democrático. No entanto, segue atuando para viabilizar sua candidatura a governador pelo MDB. Esse é o seu desejo. Caso isso não se concretize, o senador avaliará qual caminho deverá seguir e informará de forma oficial”, pontuou. O senador tem discutido possibilidade de ir ao PSB, conforme dito pelo presidente Celso Maldaner, que afirmou que a sigla está “segurando a decisão” sobre quem disputará o governo.
“A bancada estadual está muito ligada com o governador Moisés (Carlos Moisés, que deve tentar a reeleição). Estamos vendo uma reunião de bancada estadual e federal para ver se conseguimos uma união de pensamentos, porque tem uma disputa interna e ainda não está definido”, ressaltou.
Alagoas
No estado de Alagoas, deve haver uma eleição indireta no primeiro semestre deste ano, diante da ausência de vice-governador e com a provável renúncia do governador Renan Filho (MDB), filho do senador Renan Calheiros (MDB), para disputar o Senado Federal. Na disputa popular, quem tenta o cargo é o senador Rodrigo Cunha (PSDB). “Sou candidato a governador do estado. É uma possibilidade muito real (de vitória). As pesquisas mostram isso, nossa trajetória mostra isso, e é uma decisão a ser tomada em breve. Não tenho necessidade (de antecipar campanha). Quem está antecipando a campanha é porque precisa angariar apoio político”, afirmou.
Defensor do governo de Jair Bolsonaro, o senador Marcos Rogério (DEM) é o mais cotado no seu grupo político para disputar a eleição ao governo de Rondônia. “Fico honrado em saber que o meu nome é apontado, mas estou focado em representar o meu estado como senador”, afirmou à reportagem. O parlamentar afirmou que deve ir ao PL em breve, e que a decisão sobre a sua candidatura será anunciada mais para frente. Ele vislumbra, ainda, projetos políticos em Brasília, mas disputará o cargo de governador se houver entendimento interno na legenda.
Outras disputas
Também defensor do governo, o senador Jorginho Mello (PL) se articula há meses para disputar o governo de Santa Catarina. Já no campo da esquerda, o senador Fabiano Contarato (ES), recém filiado ao PT, tem intenção de ser candidato a governador, mas aguarda definições internas. Na Bahia, o nome cotado para disputar pela legenda é o do senador Jaques Wagner, que já foi ministro no governo do PT e que concorreria ao governo contra ACM Neto (DEM).
O senador Randolfe Rodrigues (Rede), por sua vez, é cotado para disputar o governo do Amapá. À reportagem, ele afirmou que a questão ainda está sendo discutida, mas que há um conjunto de legendas que o indicam. O parlamentar, entretanto, preferiria que um outro nome com força suficiente surgisse, e ele pudesse concluir o mandato no Senado, mas ressalta que, “na política, a gente não faz o que quer, a gente faz aquilo que as circunstâncias indicam. Fui o resultado da renovação da política lá e queria que surgisse um nome do campo popular com esse perfil, com essa característica.”
No estado de Sergipe, o senador Rogério Carvalho (PT) já é pré-candidato ao governo. As alianças ainda estão sendo discutidas, mas envolve PSB e Solidariedade. “Muita movimentação ainda vai acontecer, mas o cenário é favorável”, afirmou. O Cidadania, do senador Alessandro Vieira, pré-candidato à presidência da República, fica de fora desse grupo.
No Amazonas, o nome para a disputa é o do senador Eduardo Braga (MDB), que se movimentou durante a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid-19 levando discussões do estado para a comissão, diante do cenário caótico enfrentado em Manaus no início do ano. Na ocasião, houve falta de oxigênio e pacientes com Covid-19 morreram asfixiados dentro de unidades de Saúde. Na época, chegou a haver discussões acaloradas entre ele e Omar Aziz (PSD), também ex-governador e que deve disputar a reeleição ao Senado pelo estado.