Em Manaus, buscas foram feitas na Vila Militar, no bairro São Jorge
O subcomandante do Centro de Instrução de Guerra na Selva (Cigs), Tenente Coronel Cleverson é um dos alvos de busca e apreensão da Operação Tempus Veritatis, deflagrada na manhã desta quinta-feira (08) pela Polícia Federal. A operação investiga a organização criminosa que teria atuado em tentativa de golpe de estado e abolição do regime democrático.
De acordo com informações apuradas por A CRÍTICA, agentes da PF estiveram ao longo da manhã na Vila Militar, bairro São Jorge, Zona Oeste de Manaus.
Durante as mobilizações de manifestantes em frente aos quartéis, no fim de 2022 e início de 2023, o subcomandante integrava o Comando de Operações Terrestres. Segundo a decisão expedida pelo ministro Alexandre de Morais, do Supremo Tribunal Federal (STF), ele era um dos militares que teriam atuado no planejamento e execução de medidas para manter as manifestações em frente aos quartéis militares.
Dentre as funções estavam a mobilização, logística e financiamento de militares das forças especiais em Brasília. Ele também estaria presente em um encontro na tentativa de cooptar militares com curso de Forças Especiais, que, segundo a Polícia Federal, teriam intenção de impor o golpe de Estado.
“[Eles] dariam suporte às medidas necessárias para tentar impedir a posse do governo eleito e restringir o exercício do Poder Judiciário”, diz um trecho da decisão onde foi feita a suspensão do exercício de função pública do tenente coronel que a partir de agora não pode manter contato com outros investigados e nem sair do país.
Ex-comandantes no alvo
Dois ex-comandantes do Comando Militar da Amazônia (CMA) também receberam a visita da Polícia Federal. General Theophilo Gaspar, esteve no cargo durante a pandemia da covid-19, e mais recentemente ocupa o cargo de comandante de Operações Terrestres do Exército e Comando de Operações Especiais (COpESP).
Ele, de acordo com a decisão de Moraes, estaria entre os militares que utilizaram alta patente para influenciar e incitar apoio aos demais núcleos de atuação endossando ações e medidas a serem adotadas para consumação do golpe de Estado.
Theophilo teria se reunido com o então presidente Jair Bolsonaro (PL) no Palácio do Alvorada e, de acordo com os diálogos encontrados no celular do tenente-coronel Mauro Cid, teria consentido com a adesão ao golpe de Estado desde o que presidente assinasse a medida.
“Nesse sentido, além de ser o responsável operacional pelo emprego da tropa caso a medida de intervenção se concretizasse, os elementos indiciários já reunidos apontam que caberiam às Forças Especiais do Exército (os chamados Kids Pretos) a missão de efetuar a prisão do Ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, assim que o decreto presidencial fosse assinado”, diz o documento que autorizou a operação.
Ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, também esteve à frente do CMA entre os anos de 2007 e 2009. Conforme as investigações da PF, ele teria participado de um núcleo de inteligência paralela que coletava informações para auxiliar a tomada de decisões de Bolsonaro a partir do monitoramento de Moraes e outras autoridades com o objetivo de captura e detenção quando da assinatura do decreto de Golpe de Estado.
*Colaboraram Cley Medeiros e Joana Queiroz
(Foto: Reprodução)
Fonte: acritica